Rio Grande do Sul

Imprensa

Após ataque entidades de jornalistas chamam Bolsonaro de “louco” e pedem sua renúncia

ARI e ABI classificam presidente como uma ameaça à democracia e avisam que jornalistas não irão se calar 

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em nota, ABI reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil - Eduardo Miranda

Descontrolado, perturbado, louco são três dos termos usados pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para definir Jair Bolsonaro após sua mais recente agressão contra jornalistas e o jornalismo.

No Rio Grande do Sul, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) também se manifestou em nota dura contra o presidente. “Quando ele (Bolsonaro) manda um jornalista calar a boca, não está sendo apenas mal educado. Está, isto sim, dando vazão a instintos autoritários incompatíveis com o cargo que ocupa”, diz o texto. 

Estas são duas das diversas reações à agressão sofrida pela repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, em Guaratinguetá/SP, hoje (21) após questionar Bolsonaro sobre a multa que recebeu por não usar máscara. No episódio, o presidente também atacou a CNN Brasil por transmitir imagens das grandes manifestações de sábado (19) em todo o país pedindo o impeachment e protestando contra a escassez de vacinas.  

“Renuncie, presidente!”

Perturbado, Bolsonaro gritou com a repórter, chamou jornalistas de “canalhas”, atacou a Rede Globo e arrancou a máscara que usava, novamente infringindo a legislação.

“Renuncie, presidente!”, propôs já na abertura a nota da ABI, uma associação com 113 anos de existência. Nela, Bolsonaro é tratado ainda como “exaltado, irritadiço, irascível, amalucado, alucinado, desvairado, enlouquecido, tresloucado”. Assinado pelo seu presidente, Paulo Jerônimo, o documento adverte que “diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral”.

“Governo cúmplice da pandemia”

A nota da ARI recebeu o título “Não nos calaremos” e é firmada pelo presidente José Nunes e pelo presidente do conselho deliberativo da entidade, Batista Filho. “Não nos calaremos, presidente, porque estamos falando pelos brasileiros enlutados que choram a perda de parentes e amigos”, afirma. E prossegue: “Não nos calaremos, presidente, porque nossa voz é a voz das pessoas que não se conformam com um governo cúmplice da pandemia, do desmatamento, das milícias armadas e da ignorância.”

Confira a íntegra das duas notas:

Não Nos Calaremos!

Toda vez que o presidente Jair Bolsonaro agride um profissional do jornalismo - como fez nesta segunda-feira com a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, no interior de São Paulo -, ele não está agredindo apenas jornalistas e veículos de comunicação críticos ao seu governo. Está agredindo, acima de tudo, o público que se informa pela imprensa profissional. Está agredindo telespectadores, ouvintes, leitores e internautas que preferem a informação independente às versões oficiais.

Está agredindo, em última instância, a democracia.

Quando ele manda um jornalista calar a boca, não está sendo apenas mal educado. Está, isto sim, dando vazão a instintos autoritários incompatíveis com o cargo que ocupa. Mais do que isso: está dando mau exemplo e estimulando comportamentos antissociais.

Mas está, também, redondamente enganado.

Os jornalistas não se calarão.

Não nos calaremos, presidente, porque estamos falando pelos brasileiros enlutados que choram a perda de parentes e amigos. Não nos calaremos, presidente, porque nossa voz é a voz das pessoas que não se conformam com um governo cúmplice da pandemia, do desmatamento, das milícias armadas e da ignorância. Não nos calaremos porque queremos viver num país civilizado, saudável, justo e digno.

José Maria Rodrigues Nunes
Presidente da ARI

Batista Filho
Presidente do Conselho Deliberativo da ARI

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Nota oficial da ABI:

Renuncie, presidente!

Descontrolado, perturbado, louco, exaltado, irritadiço, irascível, amalucado, alucinado, desvairado, enlouquecido, tresloucado. Qualquer uma destas expressões poderia ser usada para classificar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, insultando jornalistas da TV Globo e da CNN.

Com seu destempero, Bolsonaro mostrou ter sentido profundamente o golpe representado pelas manifestações do último sábado. Elas desnudaram o crescente isolamento de seu governo.

Que o presidente nunca apreciou uma imprensa livre e crítica, é mais do que sabido. Mas, a cada dia, ele vai subindo o tom perigosamente. Pouco falta para que agrida fisicamente algum jornalista.

Seu comportamento chega a enfraquecer o movimento antimanicomial – movimento progressista e com conteúdo profundamente humanitário. Já há quem se pergunte como um cidadão com tamanho desequilíbrio pode andar por aí pelas ruas.

Mas a situação é ainda mais grave: esse cidadão é presidente de um país com a importância do Brasil.

Diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral. Seu objetivo é acumular forças para a não aceitação de um revés em outubro de 2022.

É preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados.

Diante desse quadro, com a autoridade de seus 113 anos de luta pela democracia, a ABI reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil.

Outra solução - até melhor, porque mais rápida - seria que ele se retirasse voluntariamente.

Então, renuncie, presidente!

Paulo Jeronimo
Presidente da ABI

 


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Edição: Ayrton Centeno