Pazzuelo presta-se a ser usado como símbolo do negacionismo e anticiência
Pela primeira vez desde a reabertura democrática um general da ativa participa de manifestações políticas públicas. Pazzuelo segue à risca o “quem manda e quem obedece” e presta-se a ser usado como símbolo do negacionismo e anticiência. Enquanto Bolsonaro lidera o cortejo fúnebre que comemora a morte de mais de 490 mil mortos pela covid-19, a presença do general desmorona ainda mais a imagem até então ilibada das forças armadas brasileiras, fiel depositária da confiança dos brasileiros na eleição de 2018.
Bolsonaro e Pazzuelo agem no sentido de assentar esforços para combater a crescente insatisfação do setor político e jurídico com a condução de seu governo, um desastre em relação a questões de cooperação internacional, condução política desastrosa incapaz de dar respostas as crises sanitária, alimentar, econômica e institucional. Também enfadonho e incapaz no quesito gestão administrativa, seus ministérios são orientados por crenças político-ideológicas retrógradas e que já não tem razão de ser. O que lhes move é a busca de um inimigo interno, que hoje fica nítido ser o próprio povo brasileiro vivendo a mercê de suas loucuras, devaneios e arroubos antidemocráticos.
Pazzuelo por ser um general da ativa está submetido ao Regulamento Disciplinar do Exército, que veda sua participação em manifestações político-partidárias e/ou manifestações políticas, conforme consta nas relações de transgressões descritas em seu anexo I:
- Transgressão 57: Manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária;
- Transgressão 103: Autorizar, promover ou tomar parte em qualquer manifestação coletiva, seja de caráter reivindicatório ou político, seja de crítica ou de apoio a ato de superior hierárquico, com exceção das demonstrações íntimas de boa e sã camaradagem e com consentimento do homenageado;
Sendo o Exército conhecido como uma organização com hierarquia rígida, Pazzuelo deveria sofrer severa punição. Ou teria participado com prévia autorização?
Veremos se o “manda quem pode, obedece quem precisa” aplica-se também ao novo comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira