Bancários e bancárias fizeram uma carreata, neste sábado (15), nas ruas de Porto Alegre, em defesa da realização do plebiscito previsto na Constituição Estadual em caso de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Banrisul e Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs). Após, foram até a Praça da Matriz, onde protestaram em frente ao Palácio Piratini e à Assembleia Legislativa.
Os manifestantes empunhavam cartazes com as cores da bandeira gaúcha e os dizeres “Plebiscito: para vender, tem que fazer”. O protesto manifesta contrariedade à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 280/2019, apresentada por deputados aliados do governador Eduardo Leite (PSDB). A PEC 280, que visa acabar com a consulta à população gaúcha para vender as três empresas públicas do estado, foi aprovada em primeiro turno pelos deputados gaúchos no dia 27 de abril.
Para ser definitivamente aprovada, a PEC precisa passar por um segundo turno. A votação estava prevista para o início de maio mas foi adiada, visto que as bancadas do PT, PDT e PSOL encaminharam requerimento à presidência da Casa, pedindo anulação do primeiro turno devido a inúmeras irregularidades durante a votação.
Diretor do SindBancários e vice-presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Everton Gimenis lembrou que “a Corsan, o Banrisul e a Procergs não são patrimônio do governo de plantão, mas são patrimônio do povo gaúcho, construído ao longo de muitos anos pelos trabalhadores dessas empresas”. Para ele, “mesmo na pandemia, é importante mostrar para a sociedade o que está sendo feito. Precisamos dialogar e temos certeza de que mais de 70% da população são contra as privatizações”.
Gimenis ainda manifestou solidariedade aos trabalhadores em greve da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), cuja empresa de distribuição foi leiloada em 31 de março e adquirida pelo Grupo Equatorial Energia por apenas R$ 100 mil. O leilão foi suspenso por decisão judicial e a paralisação foi deflagada após o corte do abono alimentação e da contrapartida da empresa para o plano de saúde.
Governador descumpre promessa de campanha
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, denunciou os interesses do capital financeiro internacional que estão por trás da venda de estatais lucrativas. “Essa luta é nossa e queremos um Brasil soberano, um país de direitos e justo para a maioria do povo brasileiro. Não vamos deixar que esse Bolsonaro de fraque que está no Piratini, que mentiu na campanha para o povo gaúcho, venda o nosso patrimônio”, destacou.
Amarildo disse que o desafio, aprovado em reunião da CUT-RS, é a realização de um plebiscito popular para consultar a população para saber se ela quer a privatização dessas três empresas. “Vamos seguir nas ruas, resistindo e lutando”, apontou.
O deputado estadual Edegar Pretto (PT), que votou contra a PEC 280, avisou o governador que “o seu mandato é quatro anos” e que não há justificativa para quebrar a palavra empenhada na campanha eleitoral.
“Se eles acham que a nossa luta acaba com o resultado na Assembleia, eles se enganaram. Faremos de tudo o que estiver ao nosso alcance. Esse patrimônio é dos gaúchos e somente eles poderão dizer se querem ou não mantê-lo”, alertou.
Leite segue os passos de Bolsonaro
A deputada estadual Sofia Cavedon (PT) destacou a resistência dos bancários, salientando que “é uma honra lutar ao lado de quem defende a democracia”. Para ela, “a luta, mesmo com a covid, tem que continuar”.
“É desfaçatez desses governos – Leite, Bolsonaro e Melo – que decidiram vender patrimônio, enquanto o povo está morrendo, sem vacina, sem renda mínima, sem alimento para poder se distanciar e se proteger”, disse a parlamentar.
Para Sofia, “Leite não é diferente do governo de morte que chamamos de genocida” ao lembrar que o governador trocou a cor da bandeira preta para vermelha, a fim de garantir apoio na votação da PEC 280. Ela citou que mais de 250 câmaras municipais no interior do estado já se posicionaram contra as privatizações.
Mobilizações no interior gaúcho
Os sindicatos de bancários do interior do estado, junto com o Sindiágua-RS, e Sindppd-RS e outras categorias de trabalhadores, também estão mobilizados para mudar os votos de deputados e deputadas que votaram a favor da PEC no primeiro turno.
No Vale do Paranhana foi realizada, também neste sábado, uma carreata solidária contra a PEC 280 e a PEC 32 da reforma administrativa de Bolsonaro e Guedes. Eles pediram também vacina no braço e comida no prato, além de Fora Bolsonaro.
A saída ocorreu em frente ao Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha e seguiu até Taquara e Parobé. Houve ainda uma parada diante de uma agência do Banrisul para a expressar a importância do banco público dos gaúchos.
* Com informações da CUT-RS
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Edição: Marcelo Ferreira