A pesquisadora Elisa Casagrande e a comunidade do Quilombo Lemos lançam livro “Aquilombe-se: memória, inclusão e territorialidade em Porto Alegre”, que resgata a história da família e a importância dos Quilombos na formação da cidade de Porto Alegre. Fruto da pesquisa de mestrado de Elisa, a obra terá lançamento nesta quarta-feira (12), às 19h, no instagram da autora.
O livro tem como base a retomada de outros processos similares, como o do Quilombo Família Silva, primeiro quilombo urbano do Brasil a ser titulado. Busca verificar de que forma estes caminhos já percorridos contribuem na busca de reconhecimento do Quilombo Lemos e de que forma as narrativas de vida se entrelaçam neste processo.
Além disso, através de bibliografia complementar, mostra o histórico de territorializações e desterritorializações na cidade de Porto Alegre. Bem como os fluxos do avanço urbano, que geram os processos de resistência das comunidades.
“A ideia sempre foi sobre ser uma ferramenta de recuperação de memórias da família e da relação com o território, e o projeto tem como foco gerar um retorno e um produto físico tanto para a comunidade quanto para a nossa cidade, além de ressaltar a importância de grupos como a Frente Quilombola, que atua há décadas em defesa destas comunidades. É impossível pensarmos na memória de Porto Alegre sem levarmos em consideração as comunidades”, explica a pesquisadora.
Para Sandro Lemos, um dos líderes do Quilombo Lemos, é valioso o resgate da identidade e da cultura da comunidade. Ele ressalta a importância de manter as tradições ancestrais e divulgá-las para a população.
A autora explica que, durante o período de pesquisa de campo, ocorreu intensa convivência com a comunidade local a fim de compreender a história da família, sua cultura, costumes e sua ligação com o local que se estabeleceram. O período de campo ocorreu junto à primeira tentativa de remoção oficial da comunidade, em 2018, momento de forte impacto para os moradores e seus apoiadores.
O Quilombo Lemos está situado na Avenida Borges de Medeiros, próximo ao estádio Beira Rio, desde a década de 60. Desde 2018, a Família Lemos busca seu reconhecimento em meio a uma batalha judicial contra o Asilo Padre Cacique, que diz ser sua terra, tendo ingressado com processo na Justiça estadual.
Para marcar a ocasião, a pesquisadora, Sandro Lemos e Onir Araujo, advogado da Frente Quilombola, realizam um bate-papo, no dia 12 de maio, no Instagram, para falar sobre como foi este processo e das questões que perpassam esses caminhos.
No último sábado (8), foi realizada a primeira da série de oficinas culturais com representantes dos quilombos de Porto Alegre. Esta edição foi ministrada por Luís Rogério Machado Camilo, o Jamaika do Quilombo dos Machado, que ensinou um pouco sobre o Maculelê.
O livro “Aquilombe-se: memória, inclusão e territorialidade em Porto Alegre” foi viabilizado com recursos da Lei nº 14.017/2020, através do edital 09/2020 da Secretaria de Estado da Cultura do RS.
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Edição: Marcelo Ferreira