Em meio a tantas mortes e obscurantismo, com tantos "gurus espirituais" negando a pandemia e difundindo teorias conspiratórias, um movimento que chegou ao Brasil no inverno de 2012, resolveu manifestar sua posição em repúdio ao governo Bolsonaro. "Denunciamos este projeto genocida que existia desde sua campanha e que foi agravado e escancarado com a política do abandono e desmonte do sistema de saúde e dos instrumentos de proteção ao meio ambiente durante a pandemia da covid-19", expressam em Carta Aberta lançada na última terça-feira (4).
Segundo seus integrantes, a Nação Pachamama surgiu de uma inspiração dos avós dos Andes, dos homens e mulheres que nunca deixaram de compreender que precisamos valorizar à Vida como uma Mãe, que ternamente nos provê tudo, e sermos compassivos, respeitosos e ter reciprocidade com ela. "A Nação Pachamama não é um movimento político, ainda tenha opinião política; não é um movimento religioso, ainda tenha jeito religioso; não tem fronteiras e margens. Somos um movimento que surge do movimento harmônico e equilibrador da mesma Pachamama. Somos seres humanos sensíveis e preocupados com o que está passando."
Confira a íntegra da Carta Aberta.
Enquanto a ignorância ambiciosa reger a sociedade, a indignação consciente seguirá sendo um farol de tormentas.
Nós, do movimento Nación Pachamama, unimos nossas vozes e repudiamos o desgoverno Bolsonaro e todos os atos coniventes que levam adiante o extermínio da Amazônia, do povo pobre, do simples, do bom de coração, da nossa esperança e bem-viver. Denunciamos este projeto genocida que existia desde sua campanha e que foi agravado e escancarado com a política do abandono e desmonte do sistema de saúde e dos instrumentos de proteção ao meio ambiente durante a pandemia da covid-19.
O modo de pensar e a antiética nefasta por trás dos poderes políticos empenham-se diariamente em destruir e vender ao capital os verdadeiros tesouros do nosso país: nossa juventude negra e indígena, a diversidade de identidades e fé do nosso povo, a natureza e seus seres sagrados, os rios, as florestas, os mares, e a nossa garra e alegria. Por isso, mais do que nunca, é preciso identificar o capitalismo como uma doença crônica da nossa sociedade e lutar diariamente contra o supremacia das classes dominantes.
A decadência do mundo atual e a ameaça que a espécie humana representa ao todo empurra-nos a criar possibilidades de vida livres de venenos sociais e ambientais. Precisamos distinguir entre necessidades inventadas e o real, o essencial para a vida.
Entre notícias falsas e o desengano, escolhemos o simples e o real. A vida é real. Sua beleza, seu equilíbrio, sua diversidade, sua profundidade, sua interdependência são reais, assim como o vírus, a fome e os problemas socioambientais também são.
Buscamos um horizonte, uma resposta ao tempo de obscuridade e confusão que estamos vivendo, a partir da experiência diária da vida em comunidade e de um movimento grupal que nasce da sabedoria ancestral que nunca foi totalmente perdida e que está viva e resiste agora.
O saber que honra a Vida como uma grande Mãe, como nos ensinam as abuelas e os abuelos da humanidade. Uma reverência que não nasce do interesse na matéria-prima que ela nos brinda, mas do reconhecimento de que somos parte de um organismo único e consciente: Pachamama.
Não estamos perdidos. Sabemos o que fazer. Basta! Precisamos parar.
Precisamos cuidar de Pachamama, precisamos dar de comer uns aos outros, precisamos criar meios para que todo ser humano viva com dignidade e desenvolva-se plenamente, precisamos fortalecer o modo de cultivar a terra com amor e não com interesses, e transformar a sociedade do consumo, pois a vida vem sendo tratada como mercadoria, a natureza como recurso e os seres humanos como força de trabalho para o lucro.
Se há fome no mundo, não é porque não haja comida, senão porque não é rentável dar de comer a quem não tem dinheiro. Basta! É iminente a geração de modelos de sociedades ecossocialistas e a renovação dos contratos sociais, baseando-os na bondade e no amor mútuo para criar saídas a este sistema injusto e ultrapassado.
Nos negamos a viver uma vida medíocre, sobrevivendo de sobras e com medo.
Nación Pachamama é um movimento espiritual que se pergunta como a humanidade poderá criar uma revolução que seja rítmica, circular e democrática. O que sabemos é: as conquistas sociais nunca chegaram sem luta.
A vida comunitária é o nosso rumo e a Terra é e sempre será nossa principal inspiração. Que o amor à Pachamama, o trabalho comunitário, a bondade para compartilhar o pão e a ousadia em criar realidades alimentem a insurreição de La Madre Tierra Pachamama.
Fraternalmente, Movimento Nación Pachamama
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Edição: Katia Marko