Rio Grande do Sul

CONTRA O RACISMO

Movimento Negro Unificado do RS elege nova coordenação

Coordenação estadual vai atuar até 2023; assembleia foi considerada histórica devido ao momento do país

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Assembleia estadual teve boa participação com representatividade de municípios e contou com representante do MNU nacional, Ieda Leal - Reprodução

O Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul (MNU RS) elegeu sua nova coordenação em uma assembleia estadual realizada na manhã deste sábado (17). A nova coordenação atuará no biênio 2021/2023.

Além da eleição, a reunião virtual contou com um debate histórico do movimento, que existe desde 1978, e da conjuntura política e econômica do país. Esteve presente na plenária a coordenadora nacional do MNU, Leda Leal, além de dois representantes do RS na Comissão Nacional do Mocimento, Gleidson Renato Martins e Márcia Fernandes.

Segundo Luiz Felipe de Oliveira Teixeira, recém eleito para a nova coordenação estadual, a assembleia foi histórica por algumas questões que foram elencadas. Em primeiro lugar, lembrou que é a primeira vez que se realiza uma assembleia virtual, o que representa um grande desafio, em razão do uso das novas tecnologias.

"Também foi importante porque aconteceu em um momento extremamente desfavorável da conjuntura, pois estamos enfrentando uma grave crise econômica e a pandemia mundial, no Brasil agravadas pela incompetência do governo federal", afirma Luiz Felipe.

Ele lembra as mais de 365 mil vidas perdidas e que o governo negou-se a comprar vacinas que haviam sido oferecidas por diversas empresas ainda em 2020. Contextualiza também a propaganda de medicamentos que comprovadamente não têm eficácia na prevenção ao covid-19.

Luiz Felipe fez lembrar também, em declaração dada à reportagem do Brasil de Fato RS, que os negros são as maiores vítimas de toda esta crise, pois são a maioria entre os desempregados e entre os que se ocupam em subempregos.

"São os negros e negras que têm maior prejuízo na contaminação pela covid-19, visto que as profissões da maioria dos negros são de contato com as pessoas, trabalhadores domésticos, ambulantes, entregadores das mais diversas mercadorias, garis, etc. Por isso, na relação entre número de internados e número dos que falecem, são os negros que mais morrem", contextualiza.

Assembleia teve alta participação

O novo coordenador do movimento também saudou a participação e representatividade na reunião virtual. Segundo Luiz Felipe, houve um bom número de participantes, bastante diversos na representação de municípios.

"Foi bastante relevante as diferentes gerações de lutas, como o ex-deputado estadual Edson Portilho, autor da Lei de legalização do abate tradicional nas religiões de matriz africana, reconhecida como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas também do jovem vereador Matheus Gomes (PSOL), que tem muito bem representado o povo negro na Câmara de Vereadores", explicou.

Ele também ressaltou a alta qualidade do debate político dos militantes presentes, além do fato de, na véspera da atividade, ter havido a notícia de mais uma vitória da luta do MNU na atualidade: a denúncia do Ministério Público, aceita pelo judiciário, que tornou réu por racismo o ex-vereador e candidato a prefeito na ultima eleição, Valter Nagelstein. A denúncia foi feita por iniciativa de um militante do MNU e subscrita por mais de quarenta organizações.

"Esta nova coordenação tem uma tarefa árdua de continuar o bom trabalho da anterior, num momento em que, além da pior fase da pandemia, há a perspectiva de agravamento da crise econômica. Entre as tantas frentes de luta para o MNU RS estão a campanha por auxílio emergencial de no mínimo R$ 600 para os desempregados e vacina já para todos e todas", afirma o coordenador.

Ele pontua que também está na pauta de lutas do movimento negro do estado o impeachment do presidente Bolsonaro, com sua responsabilização nas mortes vítimas da pandemia, e pelos milhões de brasileiros, especialmente negros, que voltaram ao mapa da fome.

Nova coordenação

A nova coordenação estadual ficou composta por Luiz Felipe de Oliveira Teixeira, que é comissário de polícia aposentado e educador popular em Porto Alegre. Junto dele, a secretária Vera Lúcia Goulart da Rosa, servidora do Sindserf e graduanda em Ciências Sociais na UFRGS.

Como coordenadora de finanças foi escolhida Antelina Leomar Ott, servidora aposentada do GHC. também integrará a coordenação Ìyá Sandrali de Oxum, da cidade de Pelotas, que é psicóloga e especialista em Criminologia, e o coordenador de Comunicação, Lazie Ronaldo Santos Lopes, de Santa Maria, que é mestre em Geografia pela UFSM.

Moção da Assembleia Estadual do MNU 2021

Moção MNU 2021 / Reprodução


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Edição: Marcelo Ferreira