O número de bilionários cresce 44% no Brasil na pandemia e país teve mais de 4 mil mortes em 24h
“Durante a pandemia, Brasil tem retração menor no segmento do que em outros países graças a uma elite que mantém alto o consumo”, conta reportagem de Pedro Diniz no jornal Valor Econômico (Luxo posto à prova, Eu & Fim de Semana, 08.04.2021).
“No ano passado, o Brasil se saiu menos pior do que o mercado mundial. A receita no país com carros de centenas de milhares de reais, hotéis cinco estrelas, roupas, sapatos, bebidas e cosméticos caros ficou em R$ 25,4 bilhões, com uma retração do mercado doméstico em relação a 2019. Na mesma base, usando um câmbio constante, as vendas globais de artigos de luxo caíram 13,8%, para US$ 905 bilhões” (Valor Econômico, 08.04.2021). Apenas e tão somente, comentário meu, gastos de R$ 25,4 bilhões no Brasil e US$ 905 bilhões no mundo no superluxo, em 2020, em plena pandemia do coronavírus!
Impedidos de viajar para os corredores de luxo do hemisfério Norte e com uma poupança forçada por não ter com o que gastar, parte dos clientes brasileiros está gastando no mercado doméstico, com um tíquete de compra quase 30% maior do que o registrado por grifes no pré-pandemia. O baque brasileiro não foi maior porque essa pequena, mas potente elite manteve o padrão de consumo.
Antes da pandemia, a indústria do luxo pretendia expandir seu grupo de consumidores. Materiais menos caros estiveram no centro das novidades do mix de produtos. ‘Nos próximos anos, espera-se um foco mais forte nos mais altos níveis de luxo, direcionada a um grupo selecionado de indivíduos focados no mercado local e que demandam produtos sofisticados’, explica Guilherme Machado, analista sênior da Euromonitor.
“O setor automotivo ilustra este apetite. Enquanto montadoras reveem sua atuação no país ao paralisar a fabricação de carros e motos em solo nacional durante os períodos de restrição impostos pela doença (portanto, grifo meu, gerando desemprego em massa), a BMW surfa na onda do consumo de modelos de tiragem limitada. Neste mês, as cinco unidades disponíveis no país de uma versão do modelo X7 – topo de linha da marca, com preço sugerido de R$ 1,09 milhão – esgotaram em menos de uma semana de pré-venda na versão nacional do marketplace e inglês Farfetch. As vendas foram às cegas e sem test-drive” (Valor Econômico, 08.04.2021).
Materializar o dinheiro como forma de manter o seu valor livre de oscilações levou a um consumo de joias classificado como surpreendente pela indústria local. A perenidade e o valor sempre em curva ascendente das pedras preciosas levou o segmento a recuar apenas 14,5% no país, percentual que só não é menor que o de cosméticos e perfumaria de nicho, com retração de 5%.
“Os brasileiros reagiram de forma diferente do que em outros países. ‘Sentimos que no Brasil há muita energia e disposição para comprar. Alguns clientes, aliás, assistiam às apresentações de seus iates ou de suas casas de campo’, diz Christian Konrad, diretor para a América Latina da joalheria italiana Bvlgari. Ele revela que pela primeira vez a marca vendeu no Brasil peças de alta joalheria com valor superior a US$ 150 mil, o que denota o movimento de gastar menos vezes, mas com preços significantes. O tênis Mia da Alexandre Birman é vendido por R$ 2 mil. A grife do grupo Arezzo teve forte crescimento das vendas no primeiro trimestre deste ano” (Valor Econômico, 08.04.2021).
A consequência: “O número de bilionários cresce 44% no Brasil na pandemia. E país teve mais de 4 mil mortes em 24 horas, chegando no total a mais de 340 mil” (Carta Maior, 08.04.2021).
Este é um retrato da elite brasileira sem alma e sem coração em tempos de pandemia e de milhares de mortes diárias. Esta elite foi quem financiou, elegeu e sustenta um governo e um presidente da República necrófilo e genocida. A mesma elite que sempre foi e continua contra uma reforma Tributária pra valer e contra um imposto sobre grandes fortunas, e jamais questionou a escandalosa, histórica e eterna desigualdade econômica e social do Brasil. Elite que hoje não permite um auxílio emergencial de R$ 600,00 ou a renda básica de cidadania. Elite perversa, sem alma nem coração, escravocrata, antidemocrática desde sempre, aliada das ditaduras, que só pensa no seu lucro, enriquecimento, luxo e próprio bem-estar.
Enquanto isso, em 29 meses de governo Bolsonaro, a fome no Brasil voltou a assombrar cerca de 116,8 milhões de brasileiras e brasileiros. Esse é o maior índice desde 2004, segundo levantamentos da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania Alimentar e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). Só em 2020, cerca de 19 milhões de brasileiras e brasileiros não tiveram o que comer na pandemia, 9% da população brasileira. Os Comitês Populares contra a Fome, construídos e instalados em todo país, são o retrato triste e doloroso do rápido empobrecimento da população brasileira em 2020 e 2021.
A boa luta, continua, pois: VACINA PARA TODAS E TODOS JÁ! AUXÍLIO EMERGENCIAL JÁ! FORA BOLSONARO JÁ! E acrescento: REFORMA TRIBUTÁRIA PRA VALER! IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS! RENDA BÁSICA DE CIDADANIA! LOCKDOWN JÁ! Com desobediência civil.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko