Rio Grande do Sul

LUTA POR DIREITOS

Eletricitários da CEEE entram em greve após perda de direitos e negativas de acordo

Gestão da CEEE e governo do RS se negaram a cumprir mediações e retiraram direitos dos trabalhadores em plena pandemia

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Presidenta do Senergisul ressalta que a greve dos eletricitários tenta recuperar direitos retirados pelo governo - Reprodução

Os trabalhadores eletricitários da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE) deflagaram greve, em assembleia virtual realizada entre os dias 6 e 7 deste mês.

Segundo Ana Maria Spadari, presidenta do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), a deflagração da greve se deu basicamente por dois motivos. Primeiro, a perda de direitos que a categoria sofreu no último período. Em plena pandemia, a atual gestão da CEEE cortou cláusulas do último acordo coletivo, retirando o bônus alimentação e refeição, bem como o auxílio no plano de saúde dos eletricitários.

Nesse sentido, afirma Ana, foram tentadas negociações com a gestão e com o governo. Como não obtiveram sucesso, a situação foi levada até o Tribunal Regional do Trabalho, para que o órgão mediasse o conflito. O governo e a atual gestão da Companhia se mantiveram intransigentes.

"Pedimos que fossem mantidas as cláusulas do acordo coletivo até, pelo menos, a realização do leilão de venda da CEEE-D, o que foi negado. Foi recusado, inclusive, o pedido da mesa mediadora com o desembargador e Ministério Público do Trabalho, que pedia a prorrogação do acordo", contextualiza Ana.

Em função da retirada de direitos e a negativa da direção da Companhia em prorrogar os acordos, restou à categoria a deflagração de greve, em votação digital dos representantes dos trabalhadores.

Direção alterou garantia de estabilidade após venda da empresa

Além disso, lembra Ana Maria, havia uma cláusula no último acordo coletivo que garantia estabilidade de seis meses para os trabalhadores da CEEE após a venda da empresa. Porém, a direção da CEEE alterou essa cláusula por conta própria, sem consultar os trabalhadores, acrescentando a possibilidade de demissão em massa.

A presidenta do Senergisul acrescenta que a categoria reivindica a renovação do acordo coletivo anterior, que, além de garantir os direitos como auxílio plano de saúde e alimentação, principalmente protegia os trabalhadores de demissões, tendo em vista a privatização da empresa.

"É o mínimo que se esperava do governador, da gestão da CEEE. Realizaram a venda, e não satisfeitos, têm a intenção de retirar conquistas históricas, mesmo que garantias de apenas seis meses", lamenta a presidenta.

Por fim, no depoimento dado à reportagem do Brasil de Fato RS, Ana Maria ressalta que a insistência do governo em manter a cláusula que permite as demissões massivas confirma o que sempre afirmou o sindicato.

"O discurso do governador era de vender, mas que tinha a preocupação em amparar as famílias. Na prática, fez o contrário", relembra.


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Edição: Marcelo Ferreira