Rio Grande do Sul

ECONOMIA SOLIDÁRIA

Nova feira virtual da Rede Ubuntu inicia com campanha solidária

Ao receber um produto da feira de forma gratuita na Região Metropolitana de Porto Alegre, o cliente pode doar alimentos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Feira virtual vem acompanhada de campanha de arrecadação de alimentos para famílias em vulnerabilidade social da Rede e povos tradicionais - Divulgação

Está aberta mais uma feira virtual da Rede Ubuntu de Cooperação Solidária, que inicia hoje (12) e segue até o dia 21 de abril. Esta é a nona edição da iniciativa que, devido à pandemia e à impossibilidade de realizar feiras presenciais, precisou se reinventar para manter a geração de renda para as mais de 140 famílias empreendedoras que integram a rede.

Nesta edição, a feira virtual vem acompanhada de uma campanha solidária de arrecadação de alimentos. O cliente, ao adquirir um produto dos empreendedores da Rede Ubuntu, pode doar 1 kg ou mais de alimento não perecível para a empresa entregadora, a Tá Na Mão, que é parceira da iniciativa.

A Rede Ubuntu é composta por grupos ligados a povos tradicionais de matriz africana, indígenas, quilombolas, pescadores, camponeses e da economia solidária do Rio Grande do Sul. A feira virtual é uma oportunidade de fazer do ato de consumir algo para além do consumismo. É uma oportunidade de adquirir produtos de economia solidária e antirracista, gerando renda a quem mais precisa.

Esta é a quinta participação de Cláudia Maria dos Santos Sampaio, mais conhecida como Kakau Sampaio, na feira virtual da Rede Ubuntu. Hoje com 51 anos de idade, ela comercializa crochês e bordados, atividade que aprendeu aos 12 anos de idade, mas que há dois anos vem exercendo como ofício principal.

“Há pouco mais de dois anos eu resolvi entrar de cabeça, foi a forma que vi em poder ajudar minha irmã que sofre de depressão. Então criei a Kakau Crocheteria, ela passou a me ajudar nas encomendas e eu ajudá-la no trato da depressão, pois passou a ocupar a cabeça produzindo”, conta Kakau.

Ela celebra a importância da Rede Ubuntu para as famílias empreendedoras. “Me sinto muito feliz em participar não só da feira, mas também dessa Rede, que nos ajuda a ver no dia a dia que nós mulheres negras, empreendedoras, chefes de família, podemos ser o que quisermos, que liberdade é não ter medo.”

A feira oferece artesanato, produtos afro, brechós, serviços e alimentação através de uma página no Facebook, onde os empreendimentos postam seus produtos e serviços. O pagamento é combinado direto com o vendedor, via WhatsApp, e a entrega é gratuita para Porto Alegre e Região Metropolitana.

Campanha de solidariedade

Kakau destaca ainda a campanha solidária “nessa época tão difícil que é viver na pandemia”. Citando o slogan da Rede Ubuntu, “sou porque nós somos”, ela entende que a campanha é colocar em prática o verdadeiro sentido empatia. “Se todos nós nos unirmos, conseguiremos sim fazer o nosso dia a dia e a nossa sociedade muito melhor do que a gente vive hoje”, afirma.

As doações serão entregues para famílias em maior vulnerabilidade da Rede e para povos tradicionais. A campanha busca amenizar a situação de agravamento da pandemia, do aumento do desemprego, do auxílio emergencial reduzido e de outros problemas que estão levando muitas famílias a uma situação de vulnerabilidade alimentar.

Esta já é a segunda campanha solidária promovida pela Rede Ubuntu, em parceria com o Centro de Assessoria Multiprofissional (Camp) e o Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma). Na primeira, realizada em março, 17 famílias em maior vulnerabilidade da Rede e a aldeia guarani da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, receberam as cestas básicas.


Cacique Cirilo e indígenas da etnia guarani recebendo as doações coletadas / Reprodução Rede Ubuntu

A Rede

A Rede Ubuntu foi criada em 2018, com o objetivo organizar e constituir espaços de inserção dos grupos que a integram como forma da superação de desigualdades históricas. Além de fomentar feiras, o projeto desenvolve processos formativos fundamentados na educação popular e de articulação com outros atores da economia solidária, visando o fortalecimento das cadeias produtivas, a geração de trabalho e renda, a constituição de arranjos econômicos territoriais de produção, comercialização e consumo solidário.


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Edição: Katia Marko