É totalmente falsa a comparação que o governo faz
A grande mídia tem repercutido mensalmente as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que apesar da pandemia, e contra toda a lógica, o Brasil estaria quebrando recordes de contração de trabalhadores mês a mês. Uma mentira deslavada para iludir empresários trouxas, por que o trabalhador, ele próprio sabe que o desemprego só tem avançado.
O Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) do extinto Ministério do Trabalho é o número de admissões e demissões de trabalhadores com carteira assinada, mês a mês. Quem dava as informações eram os empresários da iniciativa privada. Simples assim.
De janeiro pra cá, o ministro da Economia, onde o extinto Ministério do Trabalho e Emprego virou um mero apêndice, vem anunciando os sucessivos “recordes históricos” de geração de empregos. Isto me surpreendeu, já que não é o que se vê nas ruas, onde o que há são lojas e empresas de vários setores fechando. O que é, aliás, corroborado pela mídia, que tem mostrado grandes indústrias, geradoras de muitos empregos, indo embora do Brasil. É o caso de fábricas de automóveis e até de eletroeletrônicos.
Mas de onde viriam então estes “recordes” mensais consecutivos, que como mentiu o Jornal Nacional da Globo, ao dizer que “há mais de 20 anos não se contratava tanto”?
É uma grande farsa que Guedes está mostrando.
Os empresários deixaram de ter a obrigação de alimentar o CAGED em setembro de 2020. E o “novo CAGED” não tem nada de CAGED, por que ali são lançadas todas as formas de contratação, incluindo as do setor público, que não alimentavam o CAGED.
Bolsistas, estagiários, aprendizes, servidores públicos concursados, e até dois ou três contratos “intermitentes” que uma mesma pessoa tenha, são registrados ali. No CAGED eram os trabalhadores com CARTEIRA ASSINADA.
Em novembro de 2020 todos os órgãos e empresas do setor público passaram a registrar seus dados no E-Social. Como tudo no Brasil é lento, e na pandemia a lentidão é maior, o que é mais plausível é que das mais de 5 mil prefeituras e milhares de órgãos e empresas públicas estejam lançando aos poucos os seus dados no novo sistema, que não tem nada a ver com o CAGED. É provável que em muitos casos estejamos falando de mero registro no sistema, de quem já está contratado, em função de concurso muitas vezes, há muito tempo.
As empresas e órgãos públicos não alimentavam o CAGED. Logo, não é um “novo CAGED”, é um outro sistema que, no caso dos entes e empresas públicas, não eram registrados antes. Portanto, gente já concursada e contratada há muitos anos está sendo lançada agora neste novo sistema. É disto que estamos falando.
E quando se trata de “admissões”, há ainda os muitos casos de trabalho temporários, sem direito nenhum, e os de trabalho intermitente, que um mesmo trabalhador é obrigado a trabalhar para mais de uma empresa para completar o salário mínimo, uma aberração introduzida no Brasil com a tal “reforma trabalhista” de 2018. O mesmo trabalhador pode ter dois ou três contratos de trabalho, que serão cada um deles contabilizado como um emprego a mais.
Ou seja, é totalmente falsa a comparação que o governo faz!
Duvida do blogueiro? Então acessa a nota técnica do arremedo de Ministério do Trabalho que tem lá no Ministério do Guedes! Clica neste link.
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira