Os proponentes de um requerimento que tinha como objetivo regulamentar o porte de armas dentro da Câmara Municipal de Caxias do Sul decidiram retirar a proposta após as vereadoras Denise Pessôa e Estela Balardin, da bancada do PT, serem ameaçadas de morte por ser oporem à medida. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (25).
As ameaças foram motivadas pelo fato de que, no dia 18, Denise Pessôa encaminhou um ofício ao Presidente da Câmara de Caxias solicitando que lembrasse aos colegas eleitos no final do ano passado que o Código de Ética Parlamentar aponta como conduta incompatível com o decoro parlamentar o porte de arma nas dependências da Casa. A mensagem era uma referência ao vereador Alexandre Bortoluz (PP). Ainda no dia 18, ele admitiu para uma colunista política da cidade que portava uma arma de fogo nas dependências da Câmara Municipal e que desconhecia o Código de Ética Parlamentar.
De acordo com a bancada do PT, após o episódio, um homem deixou mensagens com ameaças de morte às vereadoras em notícia veiculada nas redes sociais por uma emissora de rádio da cidade.
Na quarta-feira (24), Denise e Estela registraram uma ocorrência na Delegacia da Mulher denunciando as ameaças na Polícia Civil. “Quando recebemos este tipo de ataque precisamos mostrar que as redes sociais não são terra de ninguém. Não se pode ameaçar as pessoas por ideias divergentes, ou por ser mulher na política, que é o que eu e a vereadora Estela sofremos. A bancada do PT tem três vereadores, mas as duas mulheres foram ameaçadas, o que comprova um fundo sexista no ataque”, afirmou Denise.
Já Estela relatou a preocupação de seus familiares com o trabalho dela na Câmara. “Meus familiares sentem medo que eu me posicione, mesmo sendo uma vereadora eleita. Vemos um aumento estrondoso no discurso de ódio e a gente precisa dar o exemplo aqui dentro”, disse.
Durante a sessão desta quinta, vereadores de outros partidos se solidarizaram às colegas petistas e condenaram ataques de ódio nas redes sociais. A vereadora Tatiane Frizzo (PSDB) afirmou que a declaração é preocupante, tendo um caráter criminoso, misógino e machista. “É necessário que as pessoas tenham consciência do que as suas declarações podem impactar e que respondam [judicialmente]”, disse.
Edição: Sul 21