Rio Grande do Sul

DEFESA DA SOBERANIA

No Dia Mundial da Água, ato do MAB e do POCAE defende a água como um bem essencial

Ato político cultural chamou atenção para os movimentos de apropriação da água por empresas transnacionais

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Dentre os pontos centrais abordados na live está a concepção da água como um direito humano e não uma mercadoria - Reprodução

No Dia Mundial da Água, celebrado nesta segunda-feira (22), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Plataforma Operária e Camponesa para a Água e Energia (POCAE) realizaram o Ato Político Cultural “Águas para a vida, soberania e controle popular”. O evento foi transmitido pelas redes do MAB, POCAE e organizações parceiras, como parte da Jornada Nacional e Internacional de Luta dos Atingidos por Barragens, que acontece há mais de 30 anos, no mês de março. A atividade contou com um momento ecumênico, músicas, poesias, falas de atingidos e atingidas, além de parceiros nacionais e internacionais.

O MAB destaca que o ato foi realizado em um dos marços mais tristes da história recente do Brasil, onde a cada dia o país bate novos recordes de mortos pelo coronavírus, agravado pela postura genocida do governo federal. Nessa conjuntura, o MAB e a POCAE consideram ainda mais necessário fazer a luta pela água como um bem essencial para a soberania e a vida da população.

Dentre os pontos centrais abordados está a concepção da água como um direito humano e não uma mercadoria. A disputa dos grandes grupos econômicos pelo controle da água no mundo cresce a cada dia, visto que o capital, em meio a atual crise econômica mundial, busca expandir seus interesses e redefinir mercados.

Enquanto grandes corporações buscam se apropriar da água doce do planeta para transformá-la em fonte de lucro, os povos lutam para garantir que esta seja reconhecida como um direito humano essencial à vida. Essas ofensivas ocorrem em vários países do mundo, conforme os relatos vindos de Cuba, Chile e Itália ao longo da live.

De acordo com a fala de Dalila Calisto, da Coordenação Nacional do MAB, se observa uma movimentação das empresas transnacionais pela apropriação da água nos países onde ela existe em abundância. Nesse contexto, o Brasil encontra-se no centro da disputa mundial, por possuir 13% da água doce do mundo e um setor de saneamento majoritariamente público (90%). Na esfera institucional, em nível federal, a iniciativa privada vem ganhando espaço, com a aprovação do novo marco regulatório do saneamento (Lei nº 14.026/20) e o projeto de lei que se encontra no Senado de um “mercado das águas” (PL nº 495/17).

Nos estados a situação é semelhante, como é o caso da ofensiva de privatização sobre a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), no Rio Grande do Sul, e a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), no Rio de Janeiro. Ao longo do ato, foi afirmada a postura das entidades organizadoras em defesa das estatais de saneamento e do patrimônio hídrico nacional.

A atividade também lembrou dos lutadores e lutadoras que tombaram, considerando que o Brasil é o país em que mais ocorrem assassinatos de defensores e defensoras de Direitos Humanos no mundo. Para o MAB, a data do 22 de março, além de ser de luta, é de luto, memorando os dois anos do assassinato de Dilma Ferreira, militante do MAB Pará atingida pela Barragem de Tucuruí.

No encerramento do ato, o MAB prestou uma homenagem a esta mulher guerreira, que deixou saudade entre seus companheiros. Dilma foi uma lutadora incansável em defesa da água, do povo atingido e dos direitos humanos. Foi por não ter medo de denunciar as injustiças que ela foi assassinada brutalmente na madrugada do dia 22 de março de 2019, dentro de sua residência, no assentamento Salvador Allende, em Baião (PA), junto do seu companheiro, Claudionor Costa da Silva, e um amigo do casal, chamado Hilton Lopes. Seu legado permanece junto de todo o povo atingido.

O ato na íntegra e a homenagem à Dilma estão disponíveis no Facebook e Youtube do MAB.


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Edição: Marcelo Ferreira