O momento exige um estadista que assuma o comando das ações contra a pandemia no RS, com medidas efetivas e não terceirize a responsabilidade para 497 prefeitos através da cogestão, que poderão adotar medidas divergentes e aprofundar o caos que já enfrentamos na região Metropolitana de Porto Alegre e no Estado.
Vamos lembrar:
(1) Leite só passou a admitir aquisição própria da vacina quando a bancada do PT exigiu como contrapartida pra prorrogar a majoração das alíquotas do ICMS;
(2) Leite tentou abrir escolas infantis e de ensino fundamental em plena bandeira preta no estado, contido por ação judicial da Associação Mães e Pais pela Democracia;
(3) Leite não tem coragem de decretar lockdown, pois seus compromissos políticos e econômicos o impedem;
(4) Leite, em pleno período de crescimento exponencial das mortes pela covid e colapso nas UTIs do estado, por pressão política e econômica, acovarda-se e flexibiliza as insuficientes, mas necessárias medidas restritivas, mais uma vez enquadrado por uma ação judicial, da CUT/RS, CPERS/Sindicato, SIMPA (Sindicato dos Municipários de Porto Alegre) e outras centrais e entidades sociais;
(5) Leite não executa política alguma de transferência ou complementação de renda para amenizar a fome e o sofrimento do povo, que deveria alcançar também profissionais liberais e empregados do comércio e dos serviços fechados neste momento; e
(6) Leite aproveita o período da pandemia, com restrições para pressão popular, para apresentar a criminosa proposta de privatização da Cia Estadual de Saneamento (Corsan), descumprindo uma promessa de campanha. E, junto com sua base parlamentar de direita, nega-se a escutar os eleitores gaúchos, ao tentar mudar a Constituição do estado, que exige plebiscito para autorizar a privatização do Banrisul e da Corsan.
Governador, foram 375 mortes de gaúchos pela covid na semana de 13 a 19 de fevereiro, 540 mortes na semana de 20 a 26 de fevereiro, 962 mortes na semana de 27 de fevereiro a 5 de março, 1.342 mortes na semana de 6 a 12 de março e 1.752 mortes na última semana, de 13 a 19 de março (502 vítimas fatais na última quarta, 250 na quinta e 390 na sexta). O número de óbitos pela doença aumentou quase cinco vezes nesta semana em relação à semana de um mês atrás. Quantas vidas a mais terão que ser ceifadas para o governo do estado aceitar retomar a gestão plena da pandemia?
Este é o momento para terceirizar responsabilidade e flexibilizar a abertura das atividades comerciais e de serviços? Abrir mão das medidas restritivas agora é se guiar por visão econômica tosca, pois o aumento das mortes e o colapso da saúde tornarão ainda mais prolongada a pandemia.
Governador, é necessário o contraponto e a oposição clara às políticas e atitudes do presidente genocida, que executa, segundo estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP e da Conectas Direitos Humanos que analisou 3.049 normas federais produzidas em 2020, uma “estratégia institucional de propagação do coronavírus” e é, portanto, o principal responsável pela morte de quase 300 mil brasileiros pela covid.
* Doutor em Economia do Desenvolvimento
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko