Declarações homofóbicas do presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, sobre o governador Eduardo Leite (PSDB) e seu vice, Ranolfo Vieira Junior (PTB), culminaram numa crise no partido no Rio Grande do Sul. As declarações, inclusive, foram objeto de um boletim de ocorrência registrado pelo vereador de Porto Alegre Leonel Raade (PT), na Polícia Gaúcha, pelo crime de homofobia.
As bancadas federal e estadual do PTB fizeram uma carta de apoio à denúncia ao partido, na segunda-feira (15), depois de uma entrevista, no dia 13 de março, em que Roberto Jefferson ofendeu o governador e seu vice. Ofendido, o vice-governador e delegado Ranolfo Vieira anunciou sua saída do partido e, depois de uma reunião co mas duas bancadas, foi expedida uma carta aberta à população.
Assinada pelo diretório estadual do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB/RS) e por suas bancadas estadual e federal, a carta manifestava um “ato de repúdio contra as palavras do Sr. Roberto Jefferson, presidente nacional do partido, em emissora de rádio local, que ofendeu de forma grosseira o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, o governador Eduardo Leite, todas as forças de segurança e o povo gaúcho”.
Na carta os petebistas gaúchos elogiam o trabalho do secretário Ranolfo na Segurança Pública como “um demarcador histórico de sua competência, legado que o nosso partido tem orgulho de ter ajudado a construir. Uma conquista que conta com a dedicação abnegada dos homens e mulheres de nossas forças de segurança — a quem reafirmamos nossa admiração”.
Firma ainda discordar “frontalmente da abordagem do presidente nacional do partido, e na condição de partidários petebistas renovamos a confiança e o apoio ao nosso vice-governador Ranolfo, escolhido pelas urnas para esse posto. Estamos ao lado dele, solidários e unidos”.
E concluem afirmando-se como a maior representação da legenda no país, e que por isso não se submeteriam a “qualquer punição imposta ao vice-governador, que seja estendida aos deputados estaduais e federais da legenda no Rio Grande do Sul, que subscrevem a presente manifestação”.
Homofobia
Já o boletim de ocorrência registrado pelo vereador Leonel Raade, datado do dia 13 de março, foi bem mais explícito ao descrever o fato. O texto relata que Roberto Jefferson concedeu entrevista ao jornalista Milton Cardoso da Rádio Bandeirantes, quando foram realizados os ataques.
"Os termos utilizados são transcendem a injúria, como: 'não é coisa de um homem viril, diria que é coisa de veado. É um típico papel de veado esse ódio', dando a entender que os homossexuais são pessoas degeneradas e criminosas. Depois prossegue, dizendo que a maldade é tocada pelo 'calcinha cor-de-rosa', fazendo mais uma alusão homofóbica para vincular a suposta má administração por suposta característica de orientação sexual. Em outro áudio que foi transmitido em grupos de Whats, reforça: 'qual é o comportamento sexual do Dudu Milk Shake, o homem de Pelotas?' e segue com citação bíblica defendendo que homossexuais são degenerados. Enviar este BO para a DPCI", registra o boletim de ocorrência.
Dois dias depois da publicação da carta e uma semana após o registro da ocorrência policial, o site Viamão e Daí? publicava a seguinte declaração de Roberto Jeferson: “Comunicado à Praça. Comunico que o diretório regional do RS foi dissolvido. O deputado Luiz Augusto Lara não fala mais como presidente regional do partido, ele representa seu próprio mandato, mas não fala pelo PTB".
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Edição: Marcelo Ferreira