Rio Grande do Sul

Pandemia

Fábrica da TDK em Gravataí: aumento de casos de covid-19 e falta de cuidados

Denúncia da Oposição Metalúrgica foi levada ao MP e à Vigilância Epidemiológica; há o caso de morte de uma funcionária

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Unidade da TDK em Gravataí foi denunciada pelo aumento de casos de trabalhadores infectados e falta de cuidados sanitários - Reprodução

A empresa metalúrgica TDK foi denunciada pelo aumento de casos de trabalhadores infectados pela covid-19 e pela falta de cuidados preventivos na sua unidade de Gravataí (RS). As denúncias foram protocoladas pela Oposição Metalúrgica da fábrica, na terça-feira (9), na Vigilância Epidemiológica do município e no Ministério Público do Trabalho (MPT).

Entre as denúncias, além dos muitos casos de trabalhadores infectados, há o caso do falecimento de uma trabalhadora, em 27 de fevereiro, por complicações da infecção do coronavírus. Ela estava à espera de leito hospitalar na Capital, pois a rede de atendimento de Gravataí não dispunha.

A situação foi confirmada para a reportagem do Brasil de Fato RS por Nina Silva, integrante da Oposição Sindical Metalúrgica da fábrica: "Realmente, houve a morte de uma colega, em fevereiro, um caso confirmado de covid. Essa situação gerou muita comoção no interior da fábrica, já que são mais de 1500 trabalhadores, principalmente mulheres".

Nina afirma que a situação é bem grave no interior da fábrica, com aumento no número de casos de contaminação e que a empresa não está investindo na limpeza dos espaços e máquinas nos locais onde houve casos confirmados, o que propicia a proliferação.

Outras denúncias

Além das denúncias referidas, a Oposição Metalúrgica relatou receber outras reclamações dos trabalhadores. Segundo os trabalhadores, a empresa não está adotando medidas de segurança para evitar a proliferação da doença no interior da fábrica, pois não está distribuindo equipamentos de proteção individual como máscaras, nem afastando os trabalhadores que são de grupos de risco.

Segundo as denúncias apresentadas aos órgãos competentes, a TDK também não está liberando funcionários que apresentam sintomas ou que moram com pessoa que tiveram a contaminação confirmada, medida que a empresa adotou durante o início da pandemia.

Além disso, a Oposição Metalúrgica denuncia que a TDK tem exigido que os trabalhadores façam hora extra para dar conta da produção, fazendo com que os mesmos fiquem mais tempo dentro dos locais, aumentando os riscos.

O que diz a empresa

Contatada pela reportagem, o setor de comunicação da TDK foi questionado sobre as denúncias apresentadas ao Ministério Público do Trabalho e à Vigilância Epidemiológica. A resposta foi de que, a partir de março de 2020, a empresa passou a implementar ações de prevenção, "em linha com as recomendações das áreas da saúde e também usando as melhores práticas das áreas fabris da TDK na China e na Ásia".

Além disso, a empresa afirma disponibilizar álcool gel e medição de temperatura dos funcionários nas entradas, além de usar um sistema de "ar condicionado com ventilação cruzada". Afirma também o estabelecimento de trabalho remoto para funções compatíveis, do distanciamento social e uso de máscara e do aumento da quantidade de ônibus de transporte de funcionários.

Diferentemente do que consta na denúncia encaminhada ao MPT e à Vigilância Epidemiológica de Gravataí, a empresa afirma ter realizado o afastamento dos trabalhadores pertencentes aos grupos de risco, como gestantes e os que têm acima de 60 anos. Afirma também ter implementado a testagem de todos os casos suspeitos.

As outras medidas que a empresa afirma ter estabelecido são:

- condições especiais no refeitório da empresa quanto a ocupação e distanciamento;

- canal de comunicação dos funcionários com o serviço médico interno da empresa pelo WhatsApp, de forma que casos suspeitos possam ser tratados sem o comparecimento à empresa;

- campanhas de conscientização com cartazes, TV interna e palestras;

- Comitê de crise que avalia a situação permanentemente incluindo interação com empresas do grupo nos USA e na Europa.


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Edição: Marcelo Ferreira