Sucessivos aumentos de preço dos combustíveis e do gás de cozinha vêm revoltando os brasileiros. Com razão: o diesel e a gasolina já acumulam alta de, respectivamente, 41,5% e 54% em 2021. Isso num país assolado pela pandemia da covid-19.
Embora Bolsonaro tenha anunciado a troca na presidência da Petrobras, substituindo Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna, a simples dança das cadeiras não irá aliviar a situação do consumidor.
Nada mudará se Bolsonaro não revogar a chamada PPI – política de paridade de importação no preço de derivados. Essa, sim, é a grande vilã para a disparada no preço dos combustíveis, pois usar a cotação do barril de petróleo e do dólar como base para calcular o preço do seu produto tem provocado sucessivos aumentos nos postos de gasolina. Ganham as multinacionais, que vendem o seu derivado importado no mercado nacional, perdem os brasileiros.
Por isso, é um engano apostar em alterações na carga tributária como saída. Aliás, as promessas do governo nesse sentido são mera cortina de fumaça. Para se ter uma ideia, em nove meses, o diesel teve um aumento nos postos de R$ 0,56. Os impostos atribuídos foram responsáveis por R$ 0,06 desse valor.
Cabe lembrar um detalhe não menos relevante: o Brasil é produtor de petróleo e tem refinarias que atendem à quase totalidade de sua demanda interna. Ou seja, temos capacidade de explorar e refinar nosso petróleo, diminuindo as importações e reduzindo a dependência do país diante do mercado externo.
Entretanto, o governo caminha no sentido oposto ao manter a produção do parque de refino nacional ociosa além de colocar à venda oito refinarias da estatal, uma delas a nossa Refap. Mais do que trocar peças do tabuleiro, Bolsonaro precisa acabar com a dependência do país em relação aos preços internacionais, suspendendo a PPI, cancelando a venda das refinarias e retomando a produção em toda sua capacidade. Esse é o dever de um governo de fato patriota. Com a palavra, Bolsonaro.
* Fernando Maia da Costa é presidente do Sindipetro-RS
** Artigo publicado em Zero Hora de 11/03/21
*** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
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Edição: Marcelo Ferreira