Nesta quarta-feira (10), completa um ano da pandemia no Rio Grande do Sul, onde o estado vive seu pior momento. Registrando altos índices de contágio, mortes e com o colapso no seu sistema de saúde, com as Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) operando para além da sua capacidade. Profissionais da área da saúde relatam que é um momento extremamente desesperador.
O Rio Grande do Sul registrou 251 óbitos, elevando para 14.087 o número de vidas perdidas no território gaúcho em função da doença, de acordo com o boletim da Secretaria Estadual da Saúde (SES). A taxa de mortalidade está em 123,8 a cada 100 mil habitantes, com a letalidade em 2%. Segundo a SES, os óbitos registrados hoje (10) ocorreram entre os dias 11 de janeiro e 4 de fevereiro.
O estado também registra 713.614 infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, com a confirmação de 10.457 novos casos pela SES. Dos infectados até o momento, 658.865 (92%) são considerados recuperados e 40.600 (6%) estão em acompanhamento.
De acordo com a SES, Porto Alegre foi a cidade com o maior número de vítimas fatais, sendo 23 óbitos, seguida de Novo Hamburgo (15), Alvorada (12), Caxias do Sul (11), Gravataí e Cachoeirinha (7), Pelotas, São Borja e Alegrete (6), Sapucaia do Sul, Osório e Viamão (5), Santa Maria, Lajeado, Taquara (4), Passo Fundo, Rio Grande, Erechim, Sapiranga, Cruz Alta, Canela, Bagé, Panambi, Eldorado do Sul, Frederico Westphalen, Veranópolis, Igrejinha e Cruzeiro do Sul. Outras diversas cidades registraram, hoje, pelo menos um ou dois óbitos. Dos 497 municípios gaúchos, somente 43 não têm registro de vítimas fatais.
O Rio Grande do Sul segue até o dia 21 de março sob bandeira preta no modelo de Distanciamento Controlado, devido à disparada de internações hospitalares.
Em entrevista ao Correio do Povo, o Coordenador da Epicovid-19, maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil, o epidemiologista Pedro Hallal, afirmou que a covid-19 é uma doença cujo crescimento às vezes se dá numa progressão aritmética e quando chega o momento da progressão geométrica, ela explode, que é o que está acontecendo no RS. “Se a gente não acelerar a vacinação e não reduzir a circulação do vírus, a situação pode piorar muito. Temos que lembrar que Epicovid mostrou que 10% da população gaúcha já teve contato com esse vírus, ou seja, 90% ainda está suscetível. Então se nada for feito a situação pode se agravar muito”, destacou.
UTIs seguem superlotadas
Às 18h desta quarta-feira, a ocupação das UTIs em todo estado estava em 105,5%, sendo 3.241 pacientes em 3.072 leitos de UTI. Dos internados, 2.333 (72%) têm diagnóstico positivo para a doença e mais 153 (4,7%) estão sob suspeita.
Enquanto na rede privada se mantém a superlotação, com 123,9% de ocupação, os leitos do Sistema Único de Saúde seguem perto do limite de vagas. Hoje o índice alcançou a marca de 98,3% em todo o estado. Dos 2.211 leitos em operação, 2.174 estão ocupados.
Porto Alegre segue com superlotação das UTIs, registrando ocupação de 111,61%, superando a marca do dia anterior. Ao menos sete hospitais estão atendendo além da sua capacidade, seis estão em lotação máxima, quatro trabalhando acima de 90% e apenas um com registro abaixo de 80%. Dos 1.096 pacientes em cuidados intensivos na Capital, 764 têm covid-19 confirmada, novo recorde de internados desde o início da pandemia. Além disso, 43 tem suspeita da doença e 198 positivados aguardam na emergência por leitos.
Com 2.286 óbitos, país registra recorde de vítimas fatais desde o início da pandemia
O Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) registrou, em boletim publicado hoje (10), 2.286 óbitos e 79.876 infectados em todo o país. Com isso, o Brasil já soma 270.656 mortes e 11.202.305 contaminados pelo novo coronavírus.
O que é coronavírus?
É uma extensa família de vírus que podem causar doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a OMS, em humanos, os vários tipos de vírus podem causar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns até a crises mais graves como as provocadas pela síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.
Como ajudar a quem precisa?
A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.
Como tirar dúvidas?
A Secretaria Estadual da Saúde recomenda à população e aos profissionais de saúde do RS que entrem em contato com a vigilância epidemiológica de seu município para esclarecimento de dúvidas. Nos horários que as repartições municipais não estiverem atendendo ao público, está disponível o telefone 150 - Disque Vigilância da SES. Questionamentos podem ser encaminhados também para o email [email protected].
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Edição: Katia Marko