A data do 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, foi marcada pela “Carreata em Defesa da Vida e pela Vacinação”, em Erechim, na região norte do Rio Grande do Sul.
O ato teve como pautas centrais as reivindicações por vacinação imediata para toda a população, incluindo a comunidade escolar como grupo prioritário, para a volta as aulas com segurança, assim como o retorno do auxílio emergencial e a compra de cestas básicas da agricultura familiar para as famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social.
Tais medidas são fundamentais para a superação da crise, colocando a vida, a saúde e o sustento do povo no centro da agenda nacional, destaca o Movimento em Defesa da Democracia, Educação Pública e Direitos Sociais, que organizou o ato.
A carreata teve como objetivo chamar a atenção da população e do poder público para a importância das pautas imediatas defendidas pelo Movimento, assim como pressionar para o atendimento das reivindicações. Ao longo de toda a ação, foram tomados os devidos cuidados de forma a garantir a segurança dos participantes.
Diante do contexto de crise sanitária e socioeconômica enfrentada no Brasil, intensificada pela postura de descaso por parte dos governos federal (Bolsonaro) e estadual (Leite) - considerando que o RS enfrenta quase 100% de lotação nos leitos de UTI do estado, sendo que 70% das internações são de pacientes com covid-19 -, a luta pela vacinação de toda a população e pela garantia do sustento se faz justa, urgente e necessária.
A presença das mulheres durante a atividade foi marcante, estando unidas e se colocando de forma ativa na luta em defesa da vida e do povo brasileiro. Segundo Tatiane Paulino, da coordenação estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), “essa carreata faz parte da jornada de luta das mulheres em defesa da vida e pela vacina já. É importante nós nos mobilizarmos nesses tempos tão complexos e difíceis para a garantia de direitos, do contrário nada vai acontecer e ficaremos mais um ano sem vacina, com Bolsonaro a frente do governo e aprofundando os retrocessos em nosso país”.
A iniciativa de realização da carreata surgiu a partir de uma plenária realizada no último dia 4, entre as organizações que compõem o Movimento em Defesa da Democracia, Educação Pública e Direitos Sociais. A articulação ampla da região do Alto Uruguai Gaúcho reúne a CUT, sindicatos de trabalhadores/as e movimentos sociais do campo e da cidade, partidos políticos, vereadores/as, pastorais sociais, estudantes e professores/as. Durante a plenária, foi lançado o manifesto “Em Defesa da Vida, Vacina Já para Tod@s e Retorno do Auxílio Emergencial”, no qual constam os principais pontos de reivindicação ao poder público.
Reivindicações entregues ao prefeito
Como parte da jornada de lutas, representantes do Movimento estiveram reunidos com Paulo Polis, prefeito de Erechim e atual presidente da Associação de Municípios do Alto Uruguai (AMAU), na tarde da sexta-feira (5). A reunião teve por objetivo a entrega de um requerimento elaborado pelo Movimento, no qual consta o conjunto de reivindicações levadas a público durante a carreata, direcionadas a Erechim e região.
Como caminhos possíveis para a aquisição de vacinas, apontou-se a adesão a consórcios de municípios, os quais visam estabelecer alternativas técnicas e juridicamente seguras, com base na decisão do Supremo Tribunal Federal, do dia 23 de janeiro de 2021. Reiterou-se a importância do município intervir junto aos governos estadual e federal quanto às demandas que lhes cabem.
Confira o manifesto
MANIFESTO DO MOVIMENTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA, EDUCAÇÃO PÚBLICA E DIREITOS SOCIAIS:
Em Defesa da Vida, Vacina Já para Tod@s e Retorno do Auxílio Emergencial
Na noite de 04 de março de 2021, nós, o conjunto de entidades que compõem o Movimento em Defesa da Democracia, Educação Pública e Direitos Sociais nos reunimos em plenária para refletir sobre o atual momento conjuntural que vivemos e suas consequências sociais e econômicas, principalmente para os trabalhadores, as trabalhadoras e para a parcela mais humilde da população. A partir destas “leituras”, elencamos pautas prioritárias para o próximo período.
Uma avaliação comum das entidades participantes é a constatação de uma piora geral na vida da população, com a insegurança sanitária em virtude da pandemia da Covid-19 (mais de 260 mil vidas perdidas e a lotação dos hospitais), com o retorno da fome, recessão econômica, aprofundamento do desemprego, do racismo, aumento no preço dos alimentos, gás, gasolina e demais itens essenciais. No momento, os cortes dos nossos direitos são gradativos e constantes.
Se, por um lado, reconhecemos que a pandemia contribui para agravar a situação social, não podemos deixar de apontar o projeto neoliberal adotado pelos governos federal (Bolsonaro) e estadual (Leite) como principal culpado pelo retrocesso social e econômico de grande parte da população. Este projeto atende as necessidades das grandes empresas nacionais e internacionais que, mesmo em período de crise, veem seus lucros e a concentração da riqueza aumentarem extraordinariamente. Estes são alguns dos motivos pelos quais apoiamos o “Fora Bolsonaro”, por entendermos que não há saídas ao “momento” de crise sem a atuação imediata, forte e efetiva do Estado em nível nacional, estadual e municipal, com a criação e efetivação de políticas públicas buscando sanar ou mitigar as consequências da crise.
Diante deste cenário complexo, desafiador e de resistência, reforçamos a necessidade da unidade entre as entidades, da organização da nossa base social, da formação e da luta como ferramentas para resistir e enfrentar esta realidade. Nunca foi tão verdadeiro que “juntos/as somos mais fortes”.
Ao buscar levantar quais seriam as principais pautas de lutas para 2021, constatamos que são muitas, diversas e todas importantes. Mas ouvindo as entidades, duas delas se destacaram:
1) A vacinação já e para todos/as com o fortalecimento do SUS;
2) Inclusão da comunidade escolar como grupo prioritário para vacinação, para a volta às aulas com segurança;
3) A retomada imediata do auxílio emergencial para população carente;
4) Compra de cestas básicas da agricultura familiar para as famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Diante do número crescente de casos de Covid19 e do aprofundamento da pobreza e da fome, frutos do descaso do governo federal com a vida do povo brasileiro, é urgente o fortalecimento da luta por um plano efetivo de imunização, com garantia de vacinas o quanto antes para toda a população, assim como o retorno do auxílio emergencial. Tais medidas são fundamentais para a superação da crise, colocando a vida, a saúde e o sustento do povo no centro da agenda nacional.
Por fim, reafirmamos o nosso compromisso em estar ao lado do povo, organizados e em diálogo constante, travando lutas fortes e coletivas em defesa da vida e dos direitos sociais historicamente conquistados.
Erechim, 04 de março de 2021.
CUT Alto Uruguai, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras,
Movimentos Sociais do Campo e da Cidade, Estudantes e Professores.
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Edição: Marcelo Ferreira