Rio Grande do Sul

Colapso na saúde

Pelo terceiro dia consecutivo, RS ultrapassa sua lotação máxima em leitos de UTI 

Agravamento da pandemia no estado fez com que o governador anunciasse a permanência de bandeira preta na próxima semana

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Referência no atendimento da covid-19, Hospital de Clínicas de Porto Alegre está com ocupação das UTIs acima de 107% - Silvio Avila/HCPA

Nesta quinta-feira (4), pelo terceiro dia consecutivo, o Rio Grande do Sul ultrapassou sua capacidade de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Às 18h, a ocupação estava em 100,8%, sendo 3.021 pacientes para 2.997 leitos de UTI. Dos internados, 2.001 (66,6%) têm diagnóstico positivo para a doença e mais 185 estão sob suspeita. Enquanto na rede privada se mantém a superlotação, com 126,8% de ocupação, segue aumentando a lotação dos leitos do Sistema Único de Saúde, que registra hoje a taxa de 92,3% em todo o estado. 

Porto Alegre voltou a extrapolar sua capacidade hospitalar, registrando ocupação de 103,89%, superando a marca do dia anterior. Os hospitais de Clínicas de Porto Alegre, Moinhos de Vento, São Lucas, Mãe de Deus e Independência ultrapassaram seu limite, tendo 107,78%, 130,30%, 133,90%, 105,71% e 115%. O Instituto de Cardiologia e os hospitais Ernesto Dornelles, Divina Providência, Restinga e Santa Ana estão com 100%. Já os hospitais Nossa Senhora da Conceição, Complexo Hospitalar Santa Casa, Hospital Porto Alegre, Cristo Redentor e Vila Nova estão com a taxa acima de 90%. Dos 988 pacientes em cuidados intensivos na Capital, 639 têm covid-19 confirmada, maior número desde o início da pandemia. Além disso, 62 tem suspeita da doença e 160 positivados aguardam na emergência por leitos.

Colapso dos hospitais na Região Metropolitana

Nesta quinta-feira, o prefeito São Leopoldo, Ari Vanazzi (PT), em suas redes sociais, afirmou que se não for feito um lockdown regional nos próximos dias, ficará para as prefeituras da região a necessidade de adquirir câmaras frias para colocar os corpos das vítimas. “Estamos vendo as pessoas morrerem, o sistema de saúde faliu na grande Porto Alegre, não tem mais leito, não tem como ampliar, tanto o público quanto privado”, afirmou. 

De acordo com o prefeito, há relatos de pessoas que estão há 60 horas esperando por um leito, assim como a falta de oxigênio. “Hoje 70% das pessoas que estão entubadas são jovens, com menos de 45 anos, e 65% quem entra na UTI morre porque não se salva mais em função da gravidade da pandemia. Estamos vivendo o pior momento”, frisou. São Leopoldo integra a Região Metropolitana, que está com a taxa de ocupação dos leitos de UTI em 102%. 

Para ajudar a combater a pandemia no estado, a SES criou um cadastro de profissionais para atendimento de pacientes com covid-19. Em 24 horas, a pasta recebeu 1.200 inscrições, entre médicos, cuidadores de idosos, farmacêuticos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos. De acordo com a secretaria, hospitais e prefeituras terão acesso ao banco de dados formado pelo estado para que possam analisar o perfil dos candidatos e chamar os profissionais para repor suas equipes neste momento crítico da pandemia.

RS tem novo recorde de óbitos em 24h 

O Rio Grande do Sul registrou um novo recorde de óbitos em 24 horas nesta quinta-feira, de acordo Secretaria Estadual da Saúde (SES). Foram registrados 188 óbitos, elevando para 13.021 o número de vidas perdidas no território gaúcho em função da doença. A taxa de mortalidade está em 114,4 a cada 100 mil habitantes, com a letalidade aumentando, já em 2%. 

O estado também registra 667.449 infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, com a confirmação de 9.994 novos casos pela SES. Dos infectados até o momento, 616.932 (92%) são considerados recuperados e 37.434 (6%) estão em acompanhamento.

De acordo com a SES, Porto Alegre foi a cidade com o maior número de vítimas fatais, 25 óbitos, seguida de Canoas (10); Esteio (9); Gravataí (7); Caxias do Sul e Novo Hamburgo (6); Pelotas e Canela (5); Santa Maria, Campo Bom e Viamão (4); Passo Fundo, São Leopoldo, Alvorada, Rio Grande, Bento Gonçalves, Sapucaia do Sul, Sapiranga, Carazinho e Nonoai (3); Outras 14 cidades registraram 2 óbitos cada e nenhuma teve registro de mais de uma vítima fatal hoje. Dos 497 municípios gaúchos, apenas 46 não têm registro de vítimas fatais.

Vacinação 

O governo do estado recebeu, até o momento, 1.098.400 doses da vacina contra a covid-19. Conforme balanço do governo estadual, já foram distribuídas 916.023 vacinas referentes à 1ª dose e a 2ª dose. Até as 18h de hoje(4), 634.917 pessoas foram imunizadas, sendo 513.739 com a primeira dose e 121.178 com a segunda dose.

Para coibir que pessoas fora dos grupos prioritários da campanha de vacinação contra a covid-19 sejam vacinados indevidamente, a Secretaria da Saúde e o Ministério Público do Estado lançaram um formulário para denúncias de possíveis “fura-filas” da vacina. O formulário pode ser acessado aqui

No Brasil, já foram vacinados 7.591.266 pessoas com a primeira dose e 2.426.554 com a segunda, totalizando 10.017820 doses aplicadas, de acordo com a plataforma CoronavirusBot

País tem mais de 260 mil vítimas fatais 

O Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) registrou, em boletim publicado hoje (4), 1.699 óbitos e 75.102 infectados em todo o país. Com isso, o Brasil já soma 260.970 mortes e 10.793.732 contaminados pelo novo coronavírus.

O que é coronavírus?

É uma extensa família de vírus que podem causar doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a  OMS, em humanos, os vários tipos de vírus podem causar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns até a crises mais graves como as provocadas pela síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.  

Como ajudar a quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.  

Como tirar dúvidas?

A Secretaria Estadual da Saúde recomenda à população e aos profissionais de saúde do RS que entrem em contato com a vigilância epidemiológica de seu município para esclarecimento de dúvidas. Nos horários que as repartições municipais não estiverem atendendo ao público, está disponível o telefone 150 - Disque Vigilância da SES. Questionamentos podem ser encaminhados também para o email [email protected].


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Edição: Marcelo Ferreira