Rio Grande do Sul

Pandemia na Capital

Após sobrecarga do sistema de saúde, Melo adota medidas para tentar conter contágios

Mantendo seu discurso voltado a salvar a economia, prefeito anunciou uma série de medidas na tarde desta quinta (25)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Prefeito Melo, ao lado do vice Gomes, anunciam medidas para tentar conter a epidemia na cidade - Reprodução

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), anunciou, na tarde de hoje (25), algumas medidas para restringir a mobilidade das pessoas e tentar conter o avanço da pandemia na cidade. Durante o pronunciamento, Melo manteve seu discurso voltado a salvar a economia. As medidas vem com atraso, visto a já iminente sobrecarga do sistema de saúde na cidade.

Atualmente, mais de 95% dos leitos de UTI da capital gaúcha estão ocupados. Dos 799 pacientes internados, 404 deles são casos confirmados de infecção pela covid-19. Porém, existem mais 117 pessoas também com infecção confirmada que estão na fila por um leito, correndo risco de vida, enquanto mais 50 casos suspeitos estão já internados.

Em alguns postos de saúde da Capital, como da Bom Jesus, a capacidade de atendimento já atingiu o dobro do limite, ao mesmo tempo em que cinco hospitais também já atingiram o limite de atendimento e internações. Em alguns postos, a demora para conseguir fazer um teste dura uma tarde inteira.

Nesse sentido que o discurso da prefeitura de "preservar empregos, manter abertas as atividades econômicas e conter o avanço da contaminação" não se sustenta. As medidas tomadas até agora se demonstraram insuficientes, demonstrando o atraso no anúncio das que foram anunciadas na tarde de hoje.

Segundo o Comitê Científico de apoio ao enfrentamento da pandemia Covid-19 do Governo do Estado do RS “a situação é gravíssima e tende a piorar”, como anunciou o colegiado em carta aberta divulgada ontem (24). O Comitê lembra ainda que o estado atingiu a marca das mais de 12 mil vidas perdidas e mais de 600 mil pessoas infectadas, pedindo a suspensão do sistema de cogestão adotada pelo governador Eduardo Leite (PSDB), que garante aos municípios adotarem medidas mais brandas do que as determinadas pelo decreto estadual para a bandeira em que se encontram.

No pronunciamento realizado junto com o anúncio das medidas, Melo defende justamente o contrário, dizendo acreditar no sistema de cogestão. Nesse sentido, afirmou que pedirá ao governador a ampliação do horário de funcionamento dos supermercados, "para evitar as atuais aglomerações verificadas diante do fechamento a partir das 20h, determinado pelo governo estadual".

Quantos às aglomerações em espaços públicos, Melo não anunciou nenhuma medida, fazendo somente um pedido à população, para evite grandes reuniões nos parques e na orla do Guaíba, complementando que pode fechar a orla caso sejam verificados acúmulo de pessoas. Melo solicitou também à Confederação Brasileira de Futebol que altere o horário do jogo final da Copa do Brasil, que está marcado para o domingo (28), às 16h, para o horário das 20h.

Além destes pedidos, Melo determinou outras quatro medidas:

1 - Solicitação de abertura de leitos, aos hospitais das redes pública e privada. Melo afirmou haver a promessa de recursos do Ministério da Saúde;

2 - Proibição do transporte de passageiros em pé nos ônibus a partir de hoje e ampliação do atendimento do transporte no horário de pico;

3 - Fechamento dos museus e espaços culturais da prefeitura;

4 - Determinação de trabalho remoto para todas as secretarias e órgãos da prefeitura, salvo setores de serviços essenciais de atendimento à população.


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Edição: Marcelo Ferreira