“É fundamental que a sociedade compreenda o momento que estamos vivendo. A situação que já é crítica, pode se agravar muito rapidamente, com explosão de casos e de mortalidade e esgotamento do Sistema de Saúde. Agora é hora de união de esforços pelo bem comum”, ressalta o Comitê Científico de apoio ao enfrentamento da pandemia Covid-19 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul em recomendação divulgada nesta quarta-feira (24), em que pede a suspensão da cogestão, a adoção de protocolos da bandeira preta e outras medidas.
O estado do Rio Grande do Sul contabilizou, nesta quarta-feira (24), a perda de 12.029 vidas gaúchas desde o início da pandemia. Já foram mais 619 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus. E a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 90% em todo o RS, sendo 99,6% em leitos privados e 86,6% na rede pública.
Só na capital gaúcha, a ocupação está próxima a sua totalidade, sendo de 97%. Nesta quarta, a cidade atingiu, pela primeira vez, a marca de 400 pacientes com covid-19 internados. Na manhã de hoje, dos 799 pacientes nas UTIs de Porto Alegre, 404 tem covid-19 confirmada e mais 111 estão na emergência aguardando leito. Além de 50 casos de suspeita da doença que estão na UTI. Em quase um ano de pandemia no RS, este é o pior momento do estado.
Diante do agravamento da situação epidemiológica no estado, o Comitê divulgou o documento com recomendações para o enfrentamento a essa crise. De acordo com o texto, se observa um nível de ocupação de leitos de UTI e uma aceleração de internações clínicas em velocidade sem precedente no estado. O texto aponta que, em 23 de fevereiro de 2021, estavam internados 2.260 pacientes em leitos clínicos e 1.218 em leitos de UTI.
"É o maior valor de toda a série e vai continuar crescendo, já é possível sentir o efeito das aglomerações do carnaval. A expectativa é de mais de 150 internações em leitos clínicos e mais de 50 em leitos de UTI por dia", expõe o documento.
A nota também lembra da sobrecarga das equipes de saúde. São profissionais fazendo hora-extra, suspendendo férias após um ano exaustivo de trabalho na pandemia e vendo um aumento expressivo na gravidade dos casos internados.
Conforme aponta a recomendação, a estratégia de aumentar os leitos é muito importante, mas não é possível aumentar leitos infinitamente, e nem na velocidade necessária quando há descontrole da transmissão. “Por mais que seja possível adquirir mais equipamentos, é impossível formar novas equipes de saúde com o conhecimento especializado necessário na mesma velocidade”, frisa.
A situação é gravíssima e tende a piorar.
De acordo com o documento, são as aglomerações, festas e eventos que aumentam a transmissão, o que pode impedir o setor produtivo de funcionar. Frente a isso, é necessário buscar soluções unificadas como sociedade. "Controlar a pandemia e recuperar a economia são prioridades. Quanto maior for a união e a conscientização, mais rapidamente poderemos sair da crise", pontua.
Diante o quadro atual, o Comitê reitera a recomendação de adoção de protocolos de bandeira preta e a aplicação das seguintes medidas:
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Realizar uma campanha de comunicação massiva sobre a gravidade da situação, envolvendo gestores, sociedade civil organizada, sistema público e privado de saúde e toda a população.
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Enfatizar que a via de transmissão respiratória (gotículas e aerossóis) é a mais importante e que, portanto, são fundamentais: o uso de máscaras bem ajustadas, a ventilação de ambientes e a manutenção do distanciamento físico entre pessoas.
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Suspensão imediata da cogestão.
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Poderão ser consideradas adaptações específicas nos protocolos das bandeiras para incorporar novas evidências, de modo a permitir um equilíbrio entre as necessidades de cada setor e a redução da circulação de pessoas. Uma sugestão é que cada setor possa avaliar, dentro da bandeira preta, como poderia aumentar sua segurança de funcionamento.
:: Veja aqui o documento completo ::
O Comitê Científico de apoio ao enfrentamento da pandemia Covid-19 do Governo do Estado do Rio Grande do Sul foi instituído pelo decreto Nº 55.129, de 19 de março de 2020, com a finalidade de prestar apoio às atividades do Gabinete de Crise e do Conselho de Crise para o enfrentamento da epidemia covid-19 no estado.
O grupo, organizado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia, é formado por pesquisadores das universidades gaúchas e autoridades científicas de diversas áreas do conhecimento.
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Edição: Marcelo Ferreira