Rio Grande do Sul

Pandemia avança mais

Com 113 óbitos, RS se aproxima das 12 mil vítimas fatais por conta da covid-19

Com UTIs e postos de saúde lotados, Sistema de Saúde de Porto Alegre está a beira do colapso

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Na capital gaúcha, a ocupação das UTIs atingiu a maior taxa do ano: 96,52% - Clovis Prates/HCPA

O Rio Grande do Sul registrou 113 óbitos nas últimas 24 horas pela covid-19, conforme boletim da Secretaria Estadual da Saúde (SES) divulgado nesta terça-feira (23). Com isso, já são 11.932 vidas perdidas no território gaúcho em função da doença. O estado também registra 612.191 infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, com a confirmação de 6.161 novos casos pela SES. Dos infectados até o momento, 580.427 (95%) são considerados recuperados e 19.772 (3%) estão em acompanhamento.

De acordo com a SES, Porto Alegre foi a cidade com o maior número de vítimas fatais, sendo 16 óbitos, seguida de Gravataí, com 8 óbitos; Santa Maria e Sapiranga, com 6 óbitos cada; Pelotas e Novo Hamburgo, 5 óbitos. Canela teve 4 óbitos; Santa Cruz do Sul, Esteio, Viamão e Marau, 3 óbitos cada. Caxias do Sul, Sapucaia do Sul, Cachoeirinha, Gramado, Carazinho, Guaíba e Tramandaí tiveram 2 óbitos cada. Nenhuma outra cidade teve registro de mais de uma vítima fatal hoje. Dos 497 municípios gaúchos, apenas 59 não têm registro de vítimas fatais.

Porto Alegre é a cidade com o maior número de infectados e óbitos, sendo 86.728 e 2.317, respectivamente.

Colapso no sistema de saúde da Capital

Na capital gaúcha, a ocupação das UTIs atingiu a maior taxa do ano: 96,52%. O Hospital Moinhos de Vento ultrapassou sua capacitadade, fechando está segunda-feira com ocupação em 107,58%. Os hospitais São Lucas, Mãe de Deus, Vila Nova, Pronto Socorro de Porto Alegre, Independência e Restinga estão com as UTIs em lotação máxima. Sete hospitais estão com lotação superior a 90%, um com com 80% ou mais de ocupação. Apenas os hospitais Porto Alegre e Fêmina estão com a ocupação baixa, sendo 64,29% e 66,67%, respectivamente.  

A Capital segue acima da marca dos 300 pacientes com covid-19. Entre os 776 pacientes internados na cidade, 382 têm covid-19 confirmada, 49 têm suspeita da doença e 48 tem covid confirmada e estão na emergência aguardando UTI.

Além da situação drástica dos hospitais, os postos e UPAs estão superlotados com aumento de casos de coronavírus em Porto Alegre. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, por exemplo, o agravamento da pandemia fez com a que a unidade superassem os 300% de superlotação.

Apesar da gravidade da situação na capital, o prefeito Sebastião Melo (MDB) afirmou que a cidade adotará critérios da bandeira vermelha do Distanciamento Controlado, devido ao modelo de cogestão. Pelo mapa definitivo divulgado nesta segunda-feira (22), Porto Alegre está entre as 11 regiões em bandeira preta, ou seja, risco altíssimo de contaminação.

Ocupação de UTIs no estado continua elevada

Em todo o estado, às 18h desta terça, a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estava em 87%, sendo 2.343 pacientes em 2.694 leitos de UTI. Entre os internados, 1.197 (51,2%) têm covid-19 confirmada e 190 têm suspeita da doença. É a primeira vez que mais da metade de todos os pacientes internados em UTIs no RS são pacientes confirmados com covid-19.

O governo do estado anunciou o reforço de 127 leitos de UTI. Até o fim de semana de 27 e 28 de fevereiro, devem ser abertos 65 leitos em hospitais do estado: 20 no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas; 10 no Hospital Municipal Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul; cinco no Hospital de Tramandaí; 10 no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo; 10 no Hospital São Francisco de Assis, em Parobé; e 10 no Hospital Berço Farroupilha, em Guaíba. Na próxima semana, devem abrir mais 62 leitos.

Isolamento cada vez mais relaxado

De acordo com estudo do Comitê de Dados sobre a covid-19 do governo do Estado, divulgado nesta terça-feira (22), o RS registrou, na última sexta-feira (19), o menor isolamento desde o início da pandemia: 28,8%. Segundo o levantamento, no início da pandemia o RS chegou a ter uma média semanal de isolamento de quase 60%. Assim como no RS, o isolamento no resto do Brasil também caiu nos últimos dias, atingindo, no dia 19, o menor valor da pandemia: 31,8%.

Conforme aponta o estudo, como nos demais feriados, durante o carnaval o isolamento do RS foi acima da média brasileira. Porém a partir da quarta-feira o estado voltou a apresentar índices piores que o do Brasil.

Vacinação 

O RS recebeu, até o momento, 704.400 doses de vacina contra o coronavírus, sendo 588.400 vacinas CoronaVac, produzida pelo laboratório Sinovac em parceira com o Instituto Butantan, e 116 mil vacinas de Oxford/AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz, conforme balanço do governo estadual. Já foram distribuídas 702.143 referentes à 1ª dose e a 2ª dose. Até as 18h de hoje (23), 476.340 pessoas foram imunizadas, sendo 425.597com a primeira dose e 50.743 com a segunda.

No Brasil já foram vacinados 6.091.250 pessoas com a primeira dose e 1.380.820 com a segunda, totalizando 7.472.070 doses aplicadas, de acordo com a plataforma CoronavirusBot

Para coibir que pessoas fora dos grupos prioritários da campanha de vacinação contra a covid-19 sejam vacinados indevidamente, a Secretaria da Saúde e o Ministério Público do Estado lançaram um formulário para denúncias de possíveis “fura-filas” da vacina. O formulário pode ser acessado aqui. 

Em sessão plenária virtual, nesta terça, os deputados aprovaram mudanças no orçamento que permite ao governo estadual buscar vacinas no mercado. 

País tem mais de mil vítimas fatais nas últimas 24h

O Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) registrou, em boletim publicado hoje (23), 1.386 óbitos e 62.715 infectados em todo o país. Com isso, o Brasil já soma mortes 248.529 e 10.257.875 contaminados pelo novo coronavírus. 

De acordo com o Conass, o RS é o 4º estado  no ranking nacional em relação às vítimas fatais e 6º em relação aos infectados.

O que é coronavírus?

É uma extensa família de vírus que podem causar doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a  OMS, em humanos, os vários tipos de vírus podem causar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns até a crises mais graves como as provocadas pela síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.  

Como ajudar a quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.  

Como tirar dúvidas?

A Secretaria Estadual da Saúde recomenda à população e aos profissionais de saúde do RS que entrem em contato com a vigilância epidemiológica de seu município para esclarecimento de dúvidas. Nos horários que as repartições municipais não estiverem atendendo ao público, está disponível o telefone 150 - Disque Vigilância da SES. Questionamentos podem ser encaminhados também para o email [email protected].


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Edição: Marcelo Ferreira