Rio Grande do Sul

#ForaBolsonaro

Porto Alegre teve 3ª carreata de luta por vacina, direitos e "Fora Bolsonaro"

Mães e Pais pela Democracia relata manifestantes multados nas carreatas e vai tomar providências jurídicas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Durante o trajeto os manifestantes fizeram pressão para compra de mais vacinas no RS - Carolina Lima

Com o objetivo de reforçar o pedido de vacina para todos, a manutenção do auxílio emergencial e impeachment já, manifestantes realizaram, neste sábado, em Porto Alegre, sua terceira carreata #forabolsonaro. Promovida por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda, a mobilização reuniu mais de cem carros nas ruas da cidade, além de dezenas de motos e bicicletas.   

“Estamos na luta contra a agenda nefasta do Bolsonaro. É um governo genocida que está boicotando a vacina. Ele também quer acabar com o serviço público, através da Reforma Administrativa. Essa é a próxima agenda do governo e que visa a privatização do SUS e demais serviços públicos do estado”, denunciou a secretária estadual de Meio Ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Eleandra Koch, durante o trajeto que teve início na Avenida Sertório com a Rua Dona Alzira, ao lado do Hipermercado BIG, na Zona Norte da Capital.

Durante o protesto, os manifestantes fizeram pressão para que o governador Eduardo Leite (PSDB) compre vacinas para garantir a vacinação do povo gaúcho diante da lentidão até agora no processo de imunização.

“A nossa luta é vacina para todo mundo pelo SUS. Tem muita gente querendo furar a fila, mas nós temos que defender a vacina para todos e todas, através do Sistema Único de Saúde para garantir que mais vidas sejam salvas”, destacou o diretor da CUT-RS, Marcelo Carlini. 

A deputada Federal Fernanda Melchiona (PSOL) destacou que Bolsonaro é o melhor amigo do vírus no país. “Não é que o governo seja irresponsável, que não tenha planejado a vacinação da população. O governo boicotou a vacinação da população. O governo promoveu as fake news e facilitou, infelizmente, que chegássemos a essa estatística triste, dolorosa de 230 mil mortos no Brasil”, disse, reforçando a necessidade de se mobilizar com mais força ainda. “É verdade que o governo teve uma vitória essa semana com a eleição do seu candidato na Câmara e no Senado, mas ele teve que comprar o centrão justamente porque a aprovação de Bolsonaro despencou graças à crise da vacinação. É preciso mobilização em todo país, vai ter que ser na rua, na carreata, nos panelaços”, complementou. 

Conforme destacou o vereador Jonas Reis (PT), a atual carreata é o início da descentralização da luta e das manifestações em Porto Alegre. “Isso é importantíssimo, sairmos da região central e começar ocupar os bairros e vilas, levar a palavra da resistência porque são nessas zonas populares onde há mais sofrimento, ausência de máscara, de álcool gel, ausência de atendimento na saúde, o sucateamento do SUS, por isso a carreata é de suma importância”, afirmou o vereador, lembrando sobre o ataque aos servidores públicos. 

Luiz Rogério Machado, mais conhecido como Jamaica, do Quilombo dos Machado, reforçou a denúncia contra a opressão sofrida pela população negra, quilombola. “Não só fora Bolsonaro, mas fora todos aqueles que há 521 anos nos oprimem todos os dias durante a nossa caminhada. Sabemos que as coisas não foram fáceis para nós e não está sendo até hoje”, apontou Jamaica, recordando os 18 anos da retomada do quilombo dos Machado.

A carreata foi encerrada nas imediações do hipermercado Carrefour, no bairro Passo D'Areia. No local foi feita uma homenagem ao homem negro João Alberto Freitas, o Beto, assassinado após ser espancado por seguranças dentro do estabelecimento, em 19 de novembro de 2020, véspera do Dia da Consciência Negra. 

Foi denunciado o racismo estrutural na sociedade brasileira, o que contribuiu para a morte de Beto. Os manifestantes afirmaram que "vidas negras importam" e que neste momento de pandemia também é preciso olhar e combater o racismo. Além disso, foi destacado que a política de Bolsonaro tem aprofundado a desigualdade e a concentração da renda nas mãos de poucos no país. 

Manifestantes multados

A Associação de Mães e Pais pela Democracia (AMDP) recebeu informações de manifestantes multados durante as primeira e segunda carreatas realizadas em Porto Alegre. "Estranhamos, pois informamos previamente a Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC) do evento e recebemos retorno positivo. Além disso, tivemos a presença da EPTC e da Brigada Militar nas carreatas", afirma Aline Kerber, presidenta da entidade.

"Para nossa surpresa não foram só na primeira como na segunda carreata as multas, tanto da EPTC quando da Brigada Militar, em geral, por uso prolongado de buzina. Também fui 'advertida' durante o percurso na primeira carreata para não olhar para celular, senão eu levaria multa. Eu estava no primeiro carro da carreata, se olhei para o celular foi por um segundo. Mas o controle era grande e percebi de cara que havia intenção de sufocamento da carreata", ressalta, lembrando que os manifestantes paravam o buzinaço ao se aproximarem de hospitais.

Ela destaca ainda que, na primeira manifestação, os agentes de trânsito alteraram o itinerário de parte dos manifestantes, que não conseguiram sair do estacionamento no Largo Zumbi para participar da carreata. "O fato dos carros não se encontrarem na carreata não demonstrou o volume de carros que tivemos, que não foi 200 e sim 2 mil na primeira, na região central da cidade, e não foi 50 e sim 500 na segunda, na Zona Sul. E não foi 40 e sim 100 na terceira - que aconteceu neste último sábado na Zona Norte."

Conforme Aline, a Associação Mães e Pais pela Democracia, que protagonizou as três primeiras carreatas, está coletando e sistematizando as infrações das pessoas que foram multadas durante as carreatas e levará os fatos para o Fórum de Combate à Intolerância e ao Discurso de Ódio "para compreendermos o melhor encaminhamento jurídico para esses casos e vamos apoiar os manifestantes para que as multas sejam anuladas, caso desejem".

"Quero registrar que a nossa manifestação não é para protestar contra o presidente, como saiu na matéria do RBS Notícias, mas sim para pedir o impedimento dele e para reafirmar a importância da vacina. Temos o primeiro líder mundial que nega vacina na história. Já são mais de 230 mil vidas perdidas para a covid-19 e ele não tem pressa com a vacinação, com um plano transparente de vacinação", critica Aline. "E na nossa cidade temos um prefeito que acredita na cloroquina, mesmo que o seu presidente tenha admitido que é placebo, depois de ter sido garoto propaganda dessa mentira que, pelo relato médico, precipita o agravamento da doença em alguns pacientes e os leva à UTI e não raro à morte", conclui.

*Com informações AMPD e da CUT-RS 


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Edição: Marcelo Ferreira