O líder da Oposição na Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Pedro Ruas (PSOL), solicitou ao prefeito Sebastião Melo (MDB) que estude a reabertura do Hospital Beneficência Portuguesa para atendimento através do SUS. O pedido, em nome da bancada de Oposição, foi feito na sessão plenária realizada na segunda-feira (1).
O vereador aproveitou a ida de Melo à sessão, acompanhado pelo seu vice, Ricardo Gomes (DEM), e pelo secretário da Saúde Mauro Sparta. Na ocasião, Ruas destacou a importância daquele estabelecimento hospitalar para a capital gaúcha. “Na Assembleia Legislativa constituí uma comissão especial somente para impedir o fechamento da Beneficência, dada a sua importância.”
Conforme o vereador, as informações sobre a verdadeira situação do hospital não são bem claras e será necessário a participação da prefeitura para reincluir o estabelecimento no sistema de atendimento à saúde, em especial ao SUS, “num momento tão grave como esse que estamos passando, devido a pandemia da covid”, destacou.
Ruas também manifestou ao secretário Sparta a sua preocupação em relação ao "kit covid" que o município disponibilizou à comunidade, como prevenção. "Todos sabemos que esses medicamentos são inócuos e além disso tem um custo para o município e o cidadão", ressaltou.
Após a sessão plenária, o vereador protocolou um requerimento solicitando a formação de uma comissão especial para tratar exclusivamente da situação da Beneficência Portuguesa. “Um dos problemas mais dramáticos dessa pandemia é justamente a falta de leitos de UTI. Precisamos olhar com muita seriedade para uma instituição que tantos serviços de qualidade já prestou à sociedade gaúcha. A população que depende do SUS precisa de atendimento e o Beneficência tem condições de oferecer.”
Vacinação
O vereador Aldacir Oliboni (PT) indagou em qual prazo a prefeitura vacinará toda a população porto-alegrense fazendo uso de apenas 19 equipes. Disse que, quando há vacinação na Capital, todas as unidades de saúde disponíveis vacinam e que cada uma tem, em seus registros, de 3 mil a 5 mil famílias. Sugeriu utilizar toda a rede disponível, pois "imunizará assim que chegar a vacina” e regionalizará o atendimento, acelerando o processo.
Oliboni pediu o fortalecimento da atenção básica e “uma atitude ousada e respeitosa” no caso das demissões do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf), solicitando que os trabalhadores sejam realocados. Ainda sugeriu que os plantões dos funcionários da saúde, ao invés de 12hx36h, sejam estabelecidos em escalas 12hx60h. Por último, solicitou que o Executivo faça a compra de mais vacinas.
Bruna Rodrigues (PCdoB) frisou a necessidade de um calendário de vacinação. Reconhecendo a boa vontade do secretário Mauro Sparta na distribuição de “uma quantidade mínima de vacinas”, afirmou que não há “plenitude e perspectiva de vacinação”. Disse ainda que sua filha de 16 anos não retornará às aulas até que se tenha um calendário de vacina. "É preocupante pensarmos uma retomada invertendo a ordem, não pensando primeiro na vacinação dos profissionais da educação.”
Bruna apontou que a quantidade de vacinas disponível é “completamente insuficiente para uma retomada saudável da cidade.” Acredita que uma retomada, neste momento, coloca em risco as famílias mais pobres da cidade. Reiterou a necessidade de reabrir os postos de saúde fechados na Capital.
O líder da bancada do PSOL, Roberto Robaina, lamentou a demissão de 500 enfermeiros e técnicos do Imesf durante negociação dos trabalhadores do Instituto com o poder público. Para ele, “a melhor forma de termos uma saúde de atenção básica efetiva é com os funcionários concursados do Imesf”. Disse que está preocupado com a questão da vacina e citou Manaus como “expressão do caos nacional”.
Sobre a cloroquina, Robaina comentou: “Infelizmente repetiram aqui a bobagem que cientistas do mundo inteiro contestam”. Afirmou ser necessária “pressão política”, por parte da prefeitura, para acelerar a compra de vacinas. Criticou a demora na liberação da utilização da vacina russa Sputnik V e a falta de um sistema informatizado para controlar quem já foi vacinado na Capital. “Se continuar com essa política, haverá colapso em Porto Alegre. Não vejo nenhum plano para evitar isso."
Laura Sito (PT) mencionou o trabalho dos profissionais da saúde no enfrentamento à covid-19 e prestou solidariedade aos familiares das vítimas. “Isso nos mostra a dimensão da crise e do desmonte da saúde pública em Porto Alegre, especialmente na última gestão.”
Citou o fechamento de postos e a desestruturação do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), bem como a demissão de 500 profissionais do Imesf e a falta de canais de informação disponibilizados pela prefeitura. Ao secretário Mauro Sparta, questionou: “Quais os protocolos de segurança das voltas às aulas? Temos EPIs o suficiente? Por que os profissionais da educação não estão no grupo prioritário da vacina? Qual a opinião sobre o ‘kit covid’, que traz efeitos colaterais?”
Volta às aulas
Preocupado com o retorno às aulas anunciado para o próximo dia 22, Pedro Ruas manifestou, na quarta-feira (3), que os profissionais da área da educação e os portadores de câncer deveriam ter prioridade na vacinação. Trouxe também para debate um questionamento feito por muitas pessoas em relação à volta às aulas: "Teremos pelo menos um terço a mais da população circulando nos meios de transporte coletivo. Não podemos seguir com o mesmo comportamento". Na avaliação do líder da oposição é necessário haver transporte suficiente para atender ao aumento da demanda.
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Edição: Marcelo Ferreira