Moradora do quilombo Areal, Dona Olga, 90 anos, foi a primeira quilombola a ser vacinada na capital gaúcha. A imunização aconteceu na tarde desta segunda-feira (25). Depois dela aproximadamente 128 pessoas da comunidade foram imunizadas.
Em um primeiro momento o Executivo municipal havia deixado de fora as populações remanescentes de quilombos. Após pressão de representações do movimento, a população foi incluída no grupo prioritário. A estimativa é que sejam vacinados até sexta-feira (29) 1,5 mil pessoas.
Para a Frente Quilombola do RS a vacinação foi uma conquista importante na medida em que não existe fundamento legal, ético e moral para o preterimento de Quilombolas e Indígenas das prioridades entre as prioridades, sob o ponto de vista legal o fundamento está na Lei 14.021/2020 que inclui essas populações entre as prioridades.
“A imunização no primeiro lote dos Territórios Quilombolas de Porto Alegre é parte da Reparação Histórica devida ao nosso Povo pelos crimes recorrentes da História, que vulnerou nossos corpos e territórios e que seja mantida, proporcionalmente, como apontado no dia 18/01, os sete territórios Quilombolas em contexto urbano de Porto Alegre entre os prioritários para imunização, sendo essa postura um sinal importante de que seriamente estamos, enquanto sociedade, dispostos e dispostas a interromper na prática a marcha mórbida em curso”, afirma em nota a entidade.
Em sua rede social a vereadora Karen Santos (PSOL) também comentou sobre o início da vacinação. De acordo com ela, os territórios quilombolas e indígenas são grupos prioritários, pois as tradições e costumes presentes nesses territórios e nessas populações expressam uma parte viva da história do país que há 520 anos é prejudicada por políticas de governos e Estado. “O estigma do racismo e do colonialismo aumentam a vulnerabilidade social dessa população, discriminação constatadas em estudos científicos, e nesse sentido saudamos a importância de ações do Estado pra promover a equidade e a existência dessas populações”, destaca.
Uma pesquisa amostral elaborada por estudantes da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em parceria com a Frente Quilombola, divulgada no informe da Saúde de setembro de 2020, apontou os impactos da pandemia nas comunidades quilombolas da Capital. De acordo com o estudo, 77% dos moradores de quilombos de Porto Alegre tiveram que sair de casa para trabalhar em meio à pandemia; 50% não tem condições de praticar o isolamento em casa em caso de contaminação; 70% não tem mais de um banheiro em casa para dedicar exclusivamente à pessoa infectada e 40% perderam o emprego durante a pandemia do coronavírus.
As próximas etapas da vacinação:
Terça-feira (26) - Quilombo Silva e Quilombo Lemos
Quarta-feira (27) - Quilombo Fidélix e Quilombo Flores
Quinta-feira (28) - Quilombo dos Machado
Sexta-feira (29) - Quilombo dos Alpes
Veja aqui a nota completa da Frente Quilombola RS.
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Edição: Katia Marko