Um incêndio em 3 de novembro de 2020 destruiu o transformador que levava luz à maior parte da população do estado do Amapá, provocando um apagão de 22 dias, que afetou quase 90% da população , cerca de 765 mil pessoas. Este é o cenário retratado no documentário “Amapá: quem vai pagar a conta?”, dirigido pelo premiado cineasta Carlos Pronzato.
O filme retrata como grande parte das cidades do Amapá, em plena pandemia da covid-19, enfrentou os problemas no fornecimento de energia elétrica, que também interrompeu o abastecimento de água, serviços de telefonia e internet, impôs dificuldades para comprar e armazenar alimentos, entre tantos outros.
Pronzato realizou mais de 30 entrevistas durante os dias do apagão na capital Macapá, coletando depoimentos de populares, professores e trabalhadores em geral, que vivenciavam o caos. Parte das conversas ilustra o documentário, assim como entrevistas com militantes sociais e sindicais que apontam causas e negligências que levaram o estado a esse caos.
Os presidentes da Confederação e Federação Nacional dos Urbanitários, Paulo de Tarso e Pedro Blois, respectivamente; o presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amapá, Jedilson Oliveira, e o integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Iury Paulino, são alguns dos entrevistados que explicam como a privatização de um setor estratégico para o país foi a causa primordial do apagão.
A sucessão de problemas ocorridos desde a privatização da concessionária de energia elétrica no Amapá é revelada no episódio, que aponta ainda a necessidade de fiscalização de empresas privadas por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS) e questiona quem deve arcar com os prejuízos.
O debate do tema ganha mais urgência com acontecimentos similares ocorridos nos últimos dias. Entre os dias 31/12 a 3/1, Teresina (Piauí) também viveu um apagão, assim como a população de São Luís (Maranhão) que ficou no escuro em 8 de janeiro. Nas duas capitais, a prestação do serviço de energia elétrica é privatizada.
O documentário “Amapá: quem vai pagar a conta?” pretende, de forma premente, investigar as causas e os impactos causados pelo apagão e ser um instrumento esclarecedor sobre as privatizações no setor público, que vão além da energia elétrica, passando pelo abastecimento de água, comunicações, fornecimento de gás e combustíveis, entre tantos outros.
Live de lançamento
Nesta quinta-feira (21), às 14h, será realizada a live de lançamento do documentário, com o debate de como as privatizações podem desencadear “apagões” em serviços essenciais em todo o país.
A live será transmitida pelas redes sociais Facebook e YouTube.
O documentário produzido com o apoio das entidades dos urbanitários – CNU, FNU, federações regionais e sindicatos dos estados, estará disponível gratuitamente na plataforma Youtube, no canal Carlos Pronzato, a partir de 22 de janeiro – 14 horas.
Veja aqui trailer do documentário:
O cineasta
Carlos Pronzato é cineasta documentarista, diretor teatral, poeta e escritor. Suas obras audiovisuais e literárias destacam-se pelo compromisso com a cultura, a memória e as lutas populares. Dentre seus mais de 70 documentários destacam-se: "Bolívia, a Guerra da Água", "Lama, o crime Vale no Brasil, a tragédia de Brumadinho", "O Panelaço, a rebelião argentina", "Bolívia, a guerra do gás", “Madres de Plaza de Mayo, verdade, memória e justiça”, e "Pinheirinho, tiraram minha casa, tiraram minha vida”.
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Edição: Katia Marko