A Escola Estadual de Ensino Fundamental Estado do Rio Grande do Sul segue ocupada pela comunidade escolar, em luta contra o seu fechamento. O colégio, que fica localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, seria fechado e mudado de lugar pelo governo do estado, não fosse o ato de resistência de estudantes, mães e pais de alunos e apoiadores, que, desde o dia 4 de setembro se revezam na ocupação do prédio. Na tarde desta terça-feira (5), um oficial de justiça visitou o prédio da escola para conferir o estado das instalações e se não haviam danos provocados pela ocupação.
Segundo depoimento de Rossana da Silva, que é presidente do Conselho Escolar da Escola Rio Grande do Sul, e também é mãe de um aluno, o oficial pode registrar as perfeitas condições em que se encontra a escola. A comunidade que está ocupando o prédio, inclusive, está reformando as instalações.
"Estamos ocupando a Escola há 121 dias, evitando que ela seja fechada e também fazendo melhorias, como pinturas e pequenos reparos. Hoje tivemos a visita de um oficial de justiça, para registrar o que está acontecendo no interior do prédio. Alegaram que vândalos poderiam estar ocupando o prédio e destruindo a escola. O oficial de justiça esteve na escola, bateu muitas fotos e fez anotações, ele pode conferir que a escola está bonita e em ótima condição. Pode ver também que são as mães, pais, alunos e comunidade quem estão lutando para que a escola fique no mesmo endereço."
No mesmo sentido, Jonas Comoreto, que é pai de um aluno na escola e estudante da Educação de Jovens e Adultos à noite, também comentou que está na ocupação desde o início: "Nós aqui estamos fazendo melhorias na escola. Hoje, com a visita do oficial de justiça para fazer uma avaliação, pudemos ver que ele ficou surpreso, pois a escola está muito bonita. Queremos que ela fique cada dia mais, estamos ocupando para não perder a escola ali, a escola é da comunidade, dos nossos filhos".
120 dias de ocupação
A decisão de ocupar o prédio da escola veio após o governo do estado mandar arrombar o cadeado da escola, removendo equipamentos, materiais e documentação. A atitude chocou a comunidade escolar, pois nem as equipes diretivas sabiam que isso aconteceria. Sequer a Policial Militar que reside no prédio e cuida da segurança da escola foi informada. Ela chegou em sua casa e o cadeado estava trocado.
Respondendo aos apelos da comunidade, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) já apresentou duas versões diferentes sobre o motivo da transferência dos alunos. Entre eles, de que aquele prédio seria utilizado como um albergue. Desde então, a comunidade ocupou o prédio e têm se mobilizado e pressionado por uma abertura de diálogo com o governo, porém, o grupo tem a convicção de que o encerramento da escola faz parte de uma estratégia de desmonte da educação no estado. O desejo é de que hajam garantias por parte do governo de que a escola permanecerá ali, com a desistência de remoção e devolução dos materiais e equipamentos apreendidos. A comunidade que está resistindo acredita que a visita deste oficial de justiça pode ser um primeiro passo em um possível processo de reintegração de posse, o que tem deixado a todos preocupados.
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Edição: Katia Marko