Isto acontece na mesma Porto Alegre onde seguranças do Carrefour mataram um trabalhador negro
O Boletim de Ocorrência não deixa dúvidas. Uma jornalista exalou todo seu preconceito contra trabalhadores do Center Shop em Porto Alegre. Termos como “gente baixa”, “favelados”, “gorda” foram registrados no BO. Mas a prepotente “jornalista” foi mais longe: lascou o “vou tomar providências contra vocês”.
O supermercado é claro, tomou as providências esperadas de quem cultiva o preconceito: os trabalhadores(as) envolvidos foram demitidos e por justa causa, às vésperas do Natal. Depois de anos trabalhados para a mesma empresa, sempre cumprindo as regras da mesma, embora os salários baixos, não foram suficiente para se contrapor ao preconceito que viceja e parece se ampliar a cada dia no Brasil.
E isto acontece na mesma Porto Alegre onde seguranças do Carrefour mataram um trabalhador negro, cliente do supermercado. A reação do Carrefour foi demitir os trabalhadores. Eles agora ficam à própria sorte. Mas estavam cumprindo suas funções. Então a empresa se exime de sua responsabilidade simplesmente demitindo os trabalhadores que estavam cumprindo funções orientadas pela empresa?
Agora, em um incidente inverso, uma autointitulada jornalista agride trabalhadores de um supermercado, como consta no BO. E a consequência é a demissão dos trabalhadores sem justa causa, para por “panos quentes” em mais um incidente que tem todas as características de preconceito estrutural contra “gente baixa”, “favelados”, “de periferia”, como ela os chamou.
Aliás, não consta do BO, mas ao que tudo indica a decisão definitiva do gerente da loja em demitir os funcionários veio depois que ele teria recebido uma ligação da RBS perguntando sobre o fato, o que indica que a tal jornalista cumpriu sua ameaça de “tomar providências”. E o gerente, seguindo é claro as orientações da empresa, nem quis conversa com os trabalhadores que lhe prestaram serviço por tanto tempo. Os demitiu. Se estes trabalhadores não tivessem tomado a medida de denunciar à polícia, isto ficaria escondido, assim como o preconceito e o ódio de parcela da sociedade contra tudo e todos que lhe parecem diferentes deles mesmos.
A verdade ficaria só na versão da “jornalista”, não fosse a correta atitude dos trabalhadores de registrarem BO na polícia. Ao que tudo indica, a empresa está acusando os trabalhadores por um crime que não cometeram, para se safar de pagar os direitos trabalhistas de quem trabalhou pra mesma empresa por muito tempo, sempre cumprindo as regras.
Edição: Marcelo Ferreira