Rio Grande do Sul

Agrotóxico

Organizações alemãs divulgam carta alertando sobre as mudanças na lei de agrotóxicos

Onze entidades alemãs defendem o atual modelo estadual e criticam projeto do governador Eduardo Leite 

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Entidades denunciam a irresponsabilidade da política de dois pesos e duas medidas aplicada pelas empresas europeias - Divulgação

No texto, as entidades afirmam apoio irrestrito à atual Lei de Agrotóxicos do Rio Grande do Sul, especialmente ao Artigo 1º, parágrafo 2º, que estabelece que só serão admitidos, em território estadual, a distribuição e comercialização de produtos agrotóxicos e biocidas já registrados no órgão federal competente e que, se resultantes de importação, tenham uso autorizado no país de origem. 

De acordo com as entidades, atualmente, duas das maiores empresas de agrotóxicos do mundo têm sua sede na Alemanha e vendem ao Brasil dezenas de ingredientes ativos não registrados por lá. Como demonstra o relatório “Agrotóxicos Perigosos: Bayer e BASF, um negócio global com dois pesos e duas medidas”, no mínimo 12 agrotóxicos da BASF e 12 agrotóxicos da Bayer são vendidos no Brasil sem o devido registro na Alemanha.

Entre eles, cita a carta, o Glufosinato, substância tóxica para o sistema reprodutivo, e o Carbendazim, que pode causar danos genéticos. Ambos estão entre os agrotóxicos mais vendidos no Brasil.

Em vídeo, Christian Russau, membro das organizações FDCL e Acionistas Críticos da Alemanha, explica porque as organizações europeias defendem a atual lei gaúcha, que proíbe o registro no estado de agrotóxicos banidos em seus países de origem: “O Rio Grande do Sul tem atualmente uma lei de agrotóxicos que proíbe que empresas de agrotóxicos do exterior vendam agrotóxico no estado do RS com ingredientes que estão proibidos no país de dessas empresas. A gente quer que essa seja lei seja mantida e, ainda mais, que essa lei seja ampliada para outros estados brasileiros”. 


De acordo com as organizações, a Syngenta, a maior fabricante de agrotóxicos do mundo, com sede em Basel (Suíça), vende no Brasil inúmeros agrotóxicos proibidos na Suíça e nos EUA. Entre eles a Atrazina, que atua como desregulador endócrino, ou o Thiamethoxam, mortal para abelhas.

Diante disso os assinantes da carta denunciam a irresponsabilidade da política de dois pesos e duas medidas aplicada pelas empresas europeias, que vendem livremente no Brasil e em outros países do Sul Global produtos considerados perigosos demais para serem vendidos nos países onde são fabricados.

Também solicitam ao governador Eduardo Leite que retire a urgência e arquive o Projeto de Lei n. 260/2020, que pretende alterar a Lei de Agrotóxicos do Rio Grande do Sul e permitir o uso de agrotóxicos não registrados em seus países de origem. 

Assinam as seguintes organizações:

Brasilien Initiative Berlin
Brasilien Initiative Freiburg
Dachverband Kritische Aktionärinnen und Aktionäre 
European Center for Constitutional and Human Rights (ECCHR)
Forschungs- und Dokumentationszentrum Chile Lateinamerika (FDCL)
Kampagne Meine Landwirtschaft 
Kooperation Brasilien (KoBra)
Misereor
Pestizid Aktions-Netzwerk (PAN Germany)
Public Eye
Umweltinstitut München
 


: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Marcelo Ferreira