O Movimento Negro Unificado do RS, juntamente com outros apoiadores, foram até o Palácio Piratini exigir a substituição da cúpula da Secretaria da Segurança Pública, em função das recentes mortes de negros e negras pelas forças do Estado no RS. A exigência se deu através da entrega de ofício, com a relação de recentes casos de violência racial policial.
Constam no ofício três casos, deste ano: o assassinato do engenheiro negro Gustavo dos Santos Amaral, de 28 anos de idade, por parte da Brigada Militar, na cidade de Marau, em abril; a ação policial da Brigada Militar envolvendo o senhor Gilberto Casta Almeida, angolano, de 26 anos de idade e sua amiga, senhora Dorildes Laurindo, de 56 anos de idade, que veio falecer em razão da ação policial; e o mais recente, o caso fatal envolvendo a BM na tarde de ontem (8), com a senhora Jane Beatriz Machado da Silva, mulher negra de 60 anos de idade.
O comunicado oficial lembra que o MNU é uma organização que foi lançada em um ato político realizado nas escadas do teatro municipal de São Paulo, em 1978, convocado após a morte de um trabalhador negro pela Polícia Militar e por um trabalhador feirante que havia sido assassinado sob tortura em uma delegacia de polícia. Portanto, em concordância com a história do movimento, se tomou a decisão de exigir a saída e a consequente substituição, "a bem do serviço e interesse público", do secretário de Segurança Pública e do comandante geral da Brigada Militar.
O MNU afirma que existe a necessidade da sociedade saber se "existe uma orientação do senhor governador que não está sendo respeitada pela tropa", ou se Eduardo Leite concorda com estas ações.
Segundo Felipe Teixeira, coordenador do MNU/RS, ninguém se dispôs a receber pessoalmente o ofício no Piratini. "Infelizmente, o governo do estado, utilizando como justificativa a pandemia, não disponibilizou ninguém pra receber o movimento."
Lembra que, quando da morte do Gustavo Amaral, o Movimento foi recebido pelo Ministério Público Estadual, mesmo estando já em vigência da pandemia. Recorda também, que o governo criou um grupo de trabalho para tratar de políticas de prevenção à violência contra o povo negro no estado, esse mesmo governo que hoje se recusou a receber o ofício do MNU.
"Isso demonstra que o governo não quer diálogo com o povo negro e que a criação deste grupo de trabalho serve apenas como justificativa para a sociedade de que o governo está fazendo algo, quando na verdade não está", completa Felipe, acrescentando que é um dia muito triste não somente pela morte de mais uma mulher negra, mas também porque ficou comprovado que o governo Leite não se importa com o que suas forças de Segurança fazem com as vidas negras.
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Edição: Katia Marko