Cerca de 20 famílias do Assentamento Santa Rita de Cássia 2, no município de Nova Santa Rita (RS), tiveram perdas em suas lavouras de plantio orgânico devido à pulverização aérea com agrotóxico realizada em área de terceiro. O fato ocorreu nos dias 11 e 12 de novembro e resultou em estragos em hortaliças, pomares de árvores frutíferas e até na vegetação nativa. Algumas pessoas se queixaram de enjoo e dor de cabeça, sintomas relacionados à intoxicação.
Nos dias 11 e 12 de novembro, os agricultores avistaram uma aeronave de aplicação de insumos para a agricultura convencional fazendo retorno em cima de suas áreas de moradia e de produção orgânica. O assentamento faz divisa com a Granja Nenê, local de plantio de arroz convencional e que, sabidamente, utiliza a pulverização com agrotóxico em suas lavouras. Os prejuízos nos plantios orgânicos foram verificados logo após a passagem do avião, como folhas queimadas e variedades que morreram por completo. Um laudo técnico emitido em 18 de novembro confirmou visualmente a contaminação por agrotóxico. Amostras foram encaminhadas para análise em laboratório, que deve ficar pronta em 30 dias.
As famílias registraram boletim de ocorrência (BO) junto à Polícia Civil. Também denunciaram o caso na Secretaria de Meio Ambiente do município de Nova Santa Rita e no Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) em decorrência dos sintomas de intoxicação relatados por algumas pessoas.
Além dos prejuízos econômicos e ambientais que são visíveis, os agricultores ficam inseguros com esta situação, pois seus produtos têm certificação orgânica e são comercializados em feiras nas cidades de Porto Alegre e de Canoas (RS). Também abastecem programas sociais como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), e crianças e jovens das redes públicas de educação beneficiados pelo PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar).
Os agricultores estão bastante indignados, afinal esta situação já ocorreu em anos anteriores neste mesmo período, quando são aplicados os agrotóxicos no cultivo de arroz convencional. Eles têm cobrado, sistematicamente, medidas por parte das autoridades para que suas lavouras não sejam contaminadas e para que a saúde seja preservada, mas não têm surtido efeito. As famílias vêm denunciar, novamente, a pulverização das lavouras orgânicas e exigem que as autoridades competentes tomem atitudes para garantir que possam produzir sem agrotóxico.
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Edição: Katia Marko