Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2020

PSOL oficializa apoio a Manuela D’Ávila no segundo turno em Porto Alegre

Manuela reuniu-se com a direção do PSOL no inicio da tarde desta segunda-feira (16)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Fernanda Melchionna garante apoio a Manuela - Divulgação

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), candidata a prefeita da Capital no primeiro turno da eleição, juntamente com seu candidato a vice, Márcio Chagas, declarou seu apoio à candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) no segundo turno, que ocorre no próximo dia 29. A reunião na sede do PSOL de Porto Alegre aconteceu no início da tarde desta segunda-feira (16) e contou com a presença do presidente estadual do PSOL, Roberto Robaina, da candidata Manuela D’Ávila e de seu vice, Miguel Rossetto (PT). Ao declarar seu apoio, Fernanda fez um pequeno discurso lembrando a trajetória de seu partido na eleição atual e o objetivo programático de “derrotar a direita fascista de Bolsonaro e a velha direita”.

Afirmou ter muito orgulho do candidato Tarcísio Motta (PSOL) ter sido o vereador mais votado do Rio de Janeiro, “derrotando o bandido do Carlos Bolsonaro. Isso é a expressão de que o jogo político está virando no país, assim como a luta antirracista e feminista, uma onda mundial que se expressou no PSOL”. Disse ainda que em Porto Alegre o PSOL fez uma das maiores bancadas na Câmara Municipal (quatro vereadores) derrotando a política de Nelson Marchezan Junior (PSDB) que “foi demitido pela população não passando para o segundo turno".

No entanto, lembrou que a vitória ainda não está completa, pois “falta ainda derrotar Sebastião Melo e seus partidos de direita que, durante 16 anos governaram a capital dos gaúchos perseguindo funcionários, colocando nos cofres da corrupção os recursos tão necessários para o nosso povo. E esse projeto político precisa ser derrotado”.

Lembrou que o PSOL é um partido independente, que não discute com ninguém composição de governos ou cargos. “A nossa discussão com os companheiros e companheiras é do programa que queremos para a cidade de Porto Alegre, por isso o PSOL está empenhado em apoiar um projeto para derrotar a velha direita e também que tenha um governo capaz de desmanchar as maldades feitas por Marchezan contra os trabalhadores. Um governo que crie empresa pública para os trabalhadores do IMESF, um governo que faça um combate aos feminicídios ampliando as casas de referência às mulheres vítimas da violência, a exemplo da Mirabal, que precisam ser construídas em todas as regiões do Orçamento Participativo. Um programa que se comprometa com a luta da cultura, coma luta antifascismo e um programa que tenha compromisso com a transparência, o combate permanente à corrupção e, ao mesmo tempo, uma ampliação da participação social”. Afirmou ainda que como partido político, o PSOL manterá a sua independência, mas fará tudo para apoiar que Manuela D’Ávila seja vitoriosa no segundo turno.

Lembrança histórica

Em seguida falou o vereador eleito Pedro Ruas (PSOL), que relembrou o processo eleitoral de 1998, quando todos os partidos do campo de esquerda tiveram que enfrentar “o mal maior, que era a reeleição de Antônio Britto, um privatista que vendeu o estado e acabou com o estado. Naquele momento da história, o Antônio Britto por pouco não ganhou a eleição no primeiro turno. Mas nós mudamos aquilo e o Olívio Dutra se elegeu governador. Hoje igualmente, a posição do PSOL é derrotar a direita no segundo turno e a direita é Sebastião Melo. E nós apoiamos Manuela e Miguel Rossetto para poder derrota-los e dar esperança ao povo de Porto Alegre”.

Segundo Ruas, esta luta é para “retomar a capital gaúcha que em 1884 libertou a escravidão quatro anos antes do resto do Brasil, que em 1961 liderou a luta da legalidade no Brasil inteiro. A capital do Fórum Social Mundial e do Orçamento Participativo não cairá novamente nas mãos da direita bolsonarista, do atraso, do retrocesso”, afirmou.

Em seguida falou a deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que agradeceu ao esforço da militância para eleger uma bancada de quatro vereadores. Disse que um fato relevante são as diferenças entre o PSOL, o PCdoB e o PT, “isto porque nós, o PSOL, representamos uma outra esquerda que vem se construindo e fortalecendo. E esta outra esquerda tem a absoluta consciência do dever que têm de fortalecer a candidatura de Manuela e Rossetto e ajuda-los a ganhar esta eleição. Do outro lado estão as forças políticas mais retrógradas e reacionárias que se unirão em torno da candidatura do Mello por isso nos somamos nesta caminhada”.

A vereadora mais votada da capital, Karen Santos (PSOL), disse que este compromisso era programático e as lutas por creches, contra o machismo, contra o governo estadual e federal estariam colocadas na ordem do dia, “construindo a cidade do ponto de vista de quem trabalha”.

O vereador eleito Mateus Gomes (PSOL) também falou, dizendo que a composição do partido na Câmara “é uma vitória do povo negro da periferia que está se fazendo representar com suas lutas, que é em memória de todos e todas que se levantaram em 2020 para pôr um fim no racismo estrutural”. E conclui afirmando que “a partir de agora este acúmulo político que foi construído vai estar à disposição da candidatura de esquerda nos segundos turnos para fazermos este embate que teremos que fazer”.

O candidato a vice do PSOL, Márcio Chagas, por sua vez disse que o que aconteceu no primeiro turno “é de extrema importância e relevância para a história de Porto Alegre e para a história do Brasil: várias candidaturas negras sendo coroadas, assim como várias candidaturas LGBT sendo coroadas”. Segundo ele, isto mostra que a população negra acordou desse adormecimento histórico e colonial. Afirmou que o apoio é importante, mas cobrou que não esqueçam da infraestrutura da educação e da saúde nas periferias.

Manuela: precisamos esperançar a população

A candidata Manuela D’Ávila agradeceu em seu nome e do vice Miguel Rossetto e lembrou que “o dia de ontem deu mais do que só um sinal, mas vários sinais que devem ser interpretados pelas pessoas que têm que tocar a luta do povo”. Lembrou que enfrentaram um monte de mentiras criadas pelo gabinete do ódio tocado pessoalmente pelo filho do presidente da República, que declarou uma guerra à sua candidatura por ser de pessoas que representam a “ideia de que é possível desenvolver o país sem violência, sem ódio, garantindo que os trabalhadores e as trabalhadoras vivam com dignidade”. Salientou que os projetos são diferentes, mas têm muitos pontos em comum que possibilitam a identidade.


Direção e vereadores eleitos do PSOL garantem apoio a Manuela e Rossetto / Divulgação

Disse ainda que entendeu que Porto Alegre apontou nas urnas, com a derrota do prefeito, o sinal de que quer construir um outro caminho diferente. “Nós teremos que mostrar à população que só existe um caminho diferente do atual. Porto Alegre é governada pelos mesmos há 16 anos, a turma que quer vender a Carris, a turma que quer tirar os idosos do sistema de transporte como se idoso rico andasse de ônibus de graça”, afirmou Manuela.

Lembrou que esta turma não luta por regularização fundiária, mas quer tirar com a polícia as mulheres e homens pobres das comunidades. "O nosso desafio é mostrar para a população que se ela quer construir um outro caminho só existe uma alternativa."

Mas falou que existem ainda dois grandes sinais: o primeiro é a abstenção enorme, que demonstra um desinteresse pela política. As pessoas que não foram votar somam o mesmo número das pessoas que escolheram os dois candidatos que estão no segundo turno. “Nós não conseguimos alcançar estas pessoas e o apoio de vocês é uma peça importante para mostrar para essas pessoas que sim há razão de votar. Que a política pode ser um instrumento para transformar a vida das pessoas. Precisamos esperançar a nossa cidade e mostrar que a política não precisa ser feita com os velhos acordos”, concluiu.


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Edição: Katia Marko