Moradores da comunidade da Tamanca e Quinta do Portal, na Grande Lomba do Pinheiro, região Leste de Porto Alegre, contestam o comunicado da Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC) e das empresas de transporte coletivo, onde afirmam estarem aumentando os horários de ônibus para as comunidades. Segundo lideranças comunitárias locais, as dificuldades são imensas para os trabalhadores que, nos últimos tempos, tiveram linhas de ônibus unificadas, itinerários alterados e diminuição dos horários de circulação, especialmente à noite. Fato que ocasiona maiores gastos com transporte alternativo e compromete a renda das famílias, já assoladas pelo fantasma do desemprego e do corte de salários que a pandemia aprofundou.
Conforme conta a liderança comunitária da Tamanca, Geisa Farias, o último ônibus que dá acesso à comunidade é as 20 horas. Após esse horário os moradores precisam utilizar os coletivos que cruzam as ruas Dolores Duran ou João de Oliveira Remião, obrigando-os a caminhar uma longa distância e sujeitos a assaltos e roubos.
Segundo Geisa, a comunidade reivindica também a volta da linha Herdeiros/Esmeralda 376 com itinerário até o Centro da cidade. Atualmente os moradores precisam fazer baldeação no terminal Antônio de Carvalho se desejarem se deslocar até a região central ou a qualquer outro ponto da cidade. “Atualmente não temos nenhum ônibus até o centro, e as 20 horas é o último ônibus que passa por aqui”, reafirma. Moradores da Quinta do Portal relatam a mesma dificuldade em relação aos horários e as dificuldades com a mobilidade.
Falta d'água constante
Outra dificuldade recorrente para as comunidades da Lomba do Pinheiro é a constante falta d'água. “A comunidade da Quinta do Portal na semana passada já vivenciou três dias sem água, e no dia de ontem as torneiras encontravam-se secas novamente”, relata Walkiria Soares de Lima Bohrer Tesch, liderança comunitária da comunidade e conselheira da Comissão Regional de Assistência social da Lomba do Pinheiro (CORAS).
Walkiria conta que o poder público tem se mantido omisso a muito tempo. “Não há compromisso com a melhoria da infraestrutura em nossas comunidades, o DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgotos) há anos só faz reparos e obras emergenciais, não há uma única obra estrutural na comunidade para resolver o problema da falta d’água. A gente não aguenta mais”, desabafa.
Por conta das constantes falta d’água na região Leste da Capital, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) decidiu que o prefeito de Porto Alegre, através do DMAE, deve prestar informações acerca da interrupção, manutenção e falha no abastecimento de água aos moradores de dez bairros da região.
A decisão do TJRS é fruto de uma ação proposta pelo Conselho Popular da Lomba do Pinheiro, organizado na Associação de Moradores desta localidade, sendo um fórum de discussões das questões não só da Lomba do Pinheiro, mas de toda a região.
Edição: Marcelo Ferreira