Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2020

A Cidade que Queremos conversa com Orlando Desconsi e Sônia Conti

Candidatos da chapa que une PT e PCdoB na corrida à prefeitura de Santa Rosa apresentaram suas propostas

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A Cidade que Queremos entrevista os candidatos do campo popular e progressista nas eleições municipais de 2020 - Reprodução

Santa Rosa é um município polo na região Noroeste do Rio Grande do Sul, atualmente com 72 mil habitantes, segundo o IBGE, e 57 mil eleitores. Apresenta dois grandes problemas para a próxima administração, a estiagem causada pelo fenômeno La Nina e a pandemia da covid-19. Orlando Desconsi (PT) e sua vice Sônia Conti (PCdoB) conversaram nesta quinta-feira (5) durante uma hora numa live com a Rede Soberania e o Brasil de Fato RS sobre suas propostas para uma nova Santa Rosa, mais dinâmica e participativa.  

Natural de Horizontina, Orlando Desconsi reside em Santa Rosa desde 1964. Agricultor, bancário, ativista de movimentos sociais, bacharel em Direito, Desconsi já foi deputado federal pela região e carreou muitos recursos também como assessor especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário para atender demandas da agricultura familiar do município. Também foi prefeito da cidade onde se notabilizou pelo trabalho incansável e por ouvir todas as pessoas.  

Já a psicóloga Sônia Conti foi microempreendedora, sócia fundadora e presidente da ACICRUZ (Associação Comercial e Industrial Cruzeiro) por dois mandatos. No governo de Desconsi foi coordenadora de Desenvolvimento Social e secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico.  

Planejamento Participativo  

Uma das principais propostas de seu plano de governo é a criação do Planejamento Participativo que não ficará somente no orçamento anual, mas elegerá prioridades para os próximos doze anos do município, independente de quem for o governo. Desconsi explicou que vão retomar o Orçamento Participativo, mas um planejamento a longo prazo elaborado pela população fará com que não haja descontinuidade nas obras e programas iniciados. Lembrou que deixou a prefeitura com reservas monetárias e agora, se eleito, assumirá uma dívida de R$ 400 milhões. “Procurarei honrar estes compromissos, mas a prioridade será atender as necessidades da população de Santa Rosa”, afirmou.  

Disse que tem boas chances de se eleger e retomar a participação popular na cidade através do Orçamento Participativo, fazendo inversão de prioridades, olhando sempre para os que mais precisam. Gerando desenvolvimento para a retomada de empregos, segundo ele, uma questão fundamental dentro da pandemia em que vivemos. “Num momento pós pandemia e com o fim do auxílio emergencial teremos muita gente vivendo na miséria. Quando assumi a prefeitura na época também tínhamos uma situação semelhante”.  Lembrou que conseguiu aumentar em 70% a receita do município quando a inflação não chegou a 20%.  

Enfrentando a pandemia com bom sistema de saúde  

Sobre como enfrentar a pandemia recordou que já viveu situação semelhante quando foi prefeito com a epidemia do H1N1, diferente, mas pode ser considerada análoga, e isso deu-lhe experiência suficiente para o atual momento. Lembrou que recebeu a prefeitura com 12 Estratégias da Saúde da Família e quando saiu deixou funcionando 16 e salientou o papel da atenção básica em saúde no enfrentamento deste tipo de situação.  

“Hoje a situação é delicada, o ideal seria ter atuações articuladas nacionalmente e estadualmente para este enfrentamento. Quanto mais sintonia nós tivéssemos, melhor seria, independentemente da posição ideológica de cada governante.” Conforme ele, naquela época foi criado um comitê que analisava a situação usando todos os serviços técnicos disponíveis no município. “Atualmente temos que avaliar o que está sendo feito a cada momento, o que deve ser mantido e o que deve ser paralisado, mas sempre tendo embasamento técnico.” Para Desconsi, a utilização de testes é fundamental para identificar claramente o problema. “Nós vivemos um momento de incertezas.”  

Sônia Conti lembrou ainda que o hospital local funciona como uma central de leitos para a região e por isso deve ser levada em conta a situação de toda a região, pois de um dia para o outro o hospital pode estar lotado. Avaliou a situação das mulheres trabalhadoras que estão tendo que ficar em casa com as crianças, sua preocupação também é de “como acolher estas pessoas, as creches estão fechadas”. Explicou que tem claro que não dá para parar a economia, mas também não se deve agir como se a epidemia tivesse passado, “sabemos que isso aí só vai embora quando tiver a vacina”, explicou.  

Desconsi falou ainda que Santa Rosa tem um bom sistema de saúde. “Começou pelo Osmar Terra quando foi prefeito é nós aumentamos. Nós queremos ter uma nova marca de saúde na cidade. Nós já fizemos uma UPA, a primeira ao lado de um hospital e ainda é um bom exemplo de funcionamento. Disse que havia dois hospitais em funcionamento e um foi incorporado pelo outro mantendo o número de leitos. Falou sobre a consciência que o povo da cidade tem sobre a saúde pública. Mas salientou que o seu adversário tem uma visão diferente, a de que o centro da política de saúde é o hospital e não as unidades básicas. “Nós entendemos que têm que ser uma rede: a rede básica e a hospitalar para funcionar bem. Temos que ter essa visão mais ampla: um atendimento de qualidade buscando reduzir danos e salvar vidas.”  

Segurança da mulher  

Falando sobre a segurança da mulher, Sônia lembrou que no governo anterior de Desconsi houve a criação da Delegacia de atendimento às mulheres. “Ele funciona ainda e desde então as mulheres começaram a mudar sua situação de uma vida toda que sofriam violência, as mães delas sofriam e começaram a entender que poderiam denunciar. Nós queremos que isso continue e a violência diminua. Nós queremos ampliar este trabalho. O lugar da mulher é onde ela quiser estar e a roupa que ela quiser usar. Vamos avançar nas escolas dando consciência para as meninas e os meninos ensinando a respeitar as mulheres.”  

Desenvolvimento e empregos  

Para resolver o problema do desemprego Desconsi lembrou que já criou um distrito industrial com 33 lotes com toda a infraestrutura e agora tem o compromisso de três novas áreas. “Nossa primeira medida ainda em março do ano que vem é abrir inscrições para empresas locais que tiverem interesse em se expandir, ou criar uma nova empresa. Ai em comitê vamos avaliar a situação de cada uma e focar nessas novas áreas.” Estamos pensando especialmente na área têxtil porque temos muitas mulheres com até 25 anos dispostas a trabalhar nesta área.  

A regularização fundiária também será um dos focos já que cerca de 40% da cidade é irregular. Disse que não conseguirá regularizá-los em quatro anos, mas pretende atingir a meta mínima de 60% dos casos.  

Veja a live na íntegra:


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Edição: Katia Marko