O Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) realizou um levantamento das estatísticas dos candidatos a vereador nestas eleições municipais, em algumas capitais brasileiras, e confirmou que Porto Alegre segue média de todo o estado do Rio Grande do Sul: a maioria dos candidatos a vereador são homens brancos. Na Capital, poucos partidos não confirmaram esta tendência e nenhum deles atingiu 25% de candidatas negras. O GEMAA faz parte do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Segundo especialistas ouvidos pelo BdF RS, estes dados são reflexos do racismo que estrutura a sociedade brasileira, interferindo em dificuldades para os negros se inserirem nas estruturas partidárias. Da mesma forma, os próprios partidos tendem a não credibilizar as populações negras, direcionando maior quantidade de recursos e estrutura partidária para os candidatos brancos.
Vale lembrar também que, na mesma matéria, foram levantadas questões sobre a autodeclaração: existe um conflito entre a identidade do pardo. Segundo o IBGE, este grupo pertence à identidade negra. Porém existem divergências sobre esta interpretação, além de fraudes no sistema de autodeclaração. O levantamento feito pelo GEMAA levou em conta os dados que constam no registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), havendo a necessidade de ter estes devidos cuidado na análise da questão racial no Brasil.
No geral, em Porto Alegre, os candidatos a vereador serão:
51% de homens brancos;
23% de mulheres brancas;
16% de homens negros;
10% de mulheres negras.
Recorte da branquitude
O PCB é o partido com a menor quantidade de homens brancos entre seus candidatos a vereador (20%) em Porto Alegre, seguido do PV (24%), Podemos (25%) e AVANTE (25%). Além destes, apenas PSL (38%), Patriota (38%) e PSOL (39%) têm menos 40% dos seus candidatos a vereador sendo homens brancos.
Na outra ponta da lista, três partidos têm mais de 60% de candidatos a vereador sendo homens brancos: PRTB (61%), PL (63%) e DEM (64%).
O Podemos tem 75% de suas candidaturas ocupadas por mulheres brancas, sendo o partido que mais registrou esse recorte. Somando suas candidaturas de homens brancos, percebe-se que o partido não teve registros de candidaturas negras (25% homens brancos + 75% de mulheres brancas). Além do Podemos, somente o PSTU não teve registro de candidaturas negras (50% homens brancos + 50% de mulheres brancas). Estes dois partidos foram os que mais registraram candidaturas de mulheres brancas. Depois deles, aparecem o PROS e o PCB, ambos com 40% de mulheres brancas.
Além do Podemos e do PSTU, dois partidos se destacaram no domínio da branquitude: PRTB e PL terão mais de 90% de seus candidatos a vereador sendo brancos.
Os partidos com registros de candidaturas a vereador mais diversos racialmente na Capital são:
PV - 24% mulheres negras + 41% homens negros = 65%
AVANTE - 19% mulheres negras + 44% homens negros = 63%
PCB - 0% mulheres negras + 40% homens negros = 40%
No levantamento do GEMAA, fica destacada também a desigualdade da presença de mulheres negras nos registros partidários. Podemos, PSTU, PRTB, PROS, PATRIOTA e PCB não registraram mulheres negras vereadoras. PV e AVANTE foram os que apresentaram maiores registros. Vale destacar que nenhum partido apresentou pelo menos um quarto de mulheres negras candidatas.
Partidos com maior número de candidaturas são muito desiguais
Segundo o TSE, os partidos que mais apresentaram candidatos a vereador em Porto Alegre foram PDT (55), PSDB (54), MDB (54) e SOLIDARIEDADE (53).
Destes quatro, o PDT apresentou o registro menos desigual. Porém, ainda dominado pela branquitude masculina: 44% de homens brancos + 15% de mulheres brancas + 22% homens negros + 15% mulheres negras (59% brancos + 37% negros).
Os outros três partidos têm cerca da metade de seus candidatos sendo homens brancos, com menos de um terço de negros e negras:
PSDB - 54% homens brancos + 17% mulheres brancas + 15% homens negros + 13% mulheres negras
MDB - 48% homens brancos + 22% mulheres brancas + 20% homens negros + 9% mulheres negras
SOL - 55% homens brancos + 19% mulheres brancas + 15% homens negros + 11% mulheres negras
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Edição: Marcelo Ferreira