Rio Grande do Sul

Eleições 2020

A Cidade que Queremos conversa com Paulo Sérgio Moreira e Edison Artmann

Candidatos do PT à prefeitura de Panambi conversam com o Bdf RS sobre as propostas para a cidade

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"A Cidade que Queremos' entrevista os candidatos do campo popular e proguessista nas eleições municipais de 2020 - Reprodução

O município de Panambi localiza-se na região Noroeste do Rio Grande do Sul, no encontro das  BR-285 e BR-158. Um dos seus apelidos é "Cidade das Máquinas", devido ao fato de ali ser uma região com concentração de indústrias, principalmente metal mecânicas, além de ferrarias, serrarias e oficinas artesanais.

A colonização portuguesa e alemã, em princípios do século passado, deixou marcas na arquitetura e cultura local. Por exemplo, a comunicação na língua alemã ainda é comum entre pessoas mais velhas, principalmente no interior do município.

Como é comum também em diversas regiões do estado, esta colonização se deu em conflito com a presença indígena, fato que fica explícito através da análise do nome da cidade. Segundo consta no site da prefeitura de Panambi, este nome tem origem vocabular na língua tupi-guarani, significando "borboleta". É transmitido, através da cultura popular da cidade que, na época da escolha deste nome, muitas borboletas eram vistas nos vales da região próxima ao Rio Fiúza, especialmente borboletas azuis.

A cidade foi criada oficialmente em dezembro de 1954, situando-se cerca de 380 km de Porto Alegre. A principal atividade econômica já foi a agricultura, sendo, no presente, movimentada principalmente pela indústria. Atualmente, segundo o censo de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade conta com pouco mais de 41 mil habitantes, sendo que mais de 90% destes são urbanos.

Paulo Sérgio Moreira Rodrigues e Edison Artmann

Paulo Sérgio é candidato do Partido dos Trabalhadores à prefeitura de Panambi, já tendo sido eleito vereador por três mandatos, além de ter concorrido como prefeito em outras oportunidades, sempre obtendo entre 20% a 30% dos votos. "Essas caminhadas são sempre boas, mesmo que não se vença, é um momento de dialogar com as comunidades. Chamamos de 'Campanhas Cidadãs'. Hoje, me sinto pronto para assumir o município", afirma.

Natural da região de Palmeiras das Missões, vive há mais de 30 anos em Panambi. Considera que a cidade é fruto de uma grande mistura, principalmente de culturas, devido ao fato da região ter sido ocupada inicialmente com imigrantes alemães. Estes se misturaram com diversas populações atraídas para a região, que se tornou um polo metalúrgico durante algumas décadas do século XX.

Seu candidato à vice é Edison Artmann, professor da rede estadual do Rio Grande do Sul, já tendo sido também professor na rede privada. Ambos se consideram apreciadores da boa política, do diálogo com as pessoas, e não da "politicagem". Juntos, integram a coligação "Panambi Pode Mais".

Confira a live completa e um resumo com os principais pontos debatidos

Geração de emprego e renda

Paulo Sérgio - Temos a clareza de estarmos passando por um momento muito difícil devido à uma política nacional desastrosa que infelizmente está comandando o Brasil. O principal efeito é o aumento do desemprego. Aqui costumamos dizer que o principal responsável pela geração de emprego é o governo federal, mas sabemos que, de forma criativa e com responsabilidade, podemos fazer isso nas cidades. Temos debatido muito sobre isso, temos um capítulo sobre isso no nosso programa de governo.

Queremos estabelecer frentes de trabalho temporárias, para atender algumas demandas do poder público municipal, como por exemplo a revitalização do rio que corta cidade. Outra demanda que temos é da infraestrutura da cidade, as calçadas e ruas estão péssimas. Vamos criar frentes de trabalho específicas para isso. Se queremos fazer um governo inclusivo, temos que cuidar disso, pois uma pessoa idosa, ou com algum tipo de problema de locomoção, encontra muita dificuldade, principalmente nas vilas.

Além disso queremos criar o Banco do Povo, com microcrédito, para estimularmos os pequenos empresários. Um exemplo que gosto de dar nesse sentido é na construção civil, onde a pessoa trabalha ali com equipamentos que se estragam com o tempo. Queremos poder financiar esses pequenos valores para estimular os negócios. Queremos também fomentar um projeto de extensão empresarial. Queremos fazer um formato com as universidades da região para poder oferecer assessoria contábil e tecnológica para os pequenos negócios.

Estas são algumas das nossas propostas para a região. Mesmo sabendo que a maior responsabilidade neste tema é do governo federal, nós não vamos nos omitir e deixar nosso povo na mão.

Edison - Acho importante a gente comentar também sobre o tema do primeiro emprego, nós temos um projeto muito importante que o Paulo apresentou quando era vereador. Nós sabemos hoje que a juventude tem muita dificuldade em conquistar seu primeiro emprego, as empresas exigem experiência. Nesse projeto, o jovem, após concluir os estudos do ensino médio, se inscreve em uma empresa. A prefeitura se compromete, durante um ano, a pagar metade do salário deste jovem, para que ele adquira experiência e que possa ser contratado ali adiante. Se esta pessoa tiver algum tipo de deficiência, o projeto propõe que a prefeitura arque com o salário total desta pessoa durante esse ano. Este projeto, quando fomos vereadores, deu muito certo, foi uma pena que os governos municipais tenham engavetado e considerado este projeto um gasto. É uma ferramenta que apostamos muito.

Educação

Edison - Com certeza é uma preocupação não só de Panambi, será de todos os gestores. Todo mundo está falando falando no pós pandemia, porém, nós temos acompanhado as notícias e vendo que, por exemplo, na Europa, as contaminações estão voltando inclusive com mais força, então temos que ter um olhar bastante carinhoso. Temos a certeza de que este ano vamos terminar a distância, mas não sabemos como será o ano que vem.

Eu sou professor do estado, mas já fui professor da educação privada, e sabemos a diferença entre as escolas. Nós professores do estado recebemos algumas orientações do governo. Já na rede municipal nós percebemos que as escolas ficaram à solta. Devido à competência das equipes diretivas, foram enviadas atividades à distância para os alunos, mas não houve coordenação da Secretaria Municipal de Educação, tudo ficou ao cargo das direções e dos professores. Nós precisamos começar a pensar o ano de 2021 agora, junto com pais e professores, para encontrar as soluções para o ano que vem.

Essas são nossas preocupações relativas à pandemia, mas também pensamos, por exemplo, no piso da categoria. Em Panambi, os professores não têm o terço de hora remunerada, eles não têm o tempo de preparação. Queremos garantir isso e mais a presença dos professores em cursos preparatórios. Temos também uma grande preocupação em Panambi com relação à falta de psicólogos, na rede municipal, os alunos, pais e professores não têm acesso a um profissional deste tipo. Queremos criar um centro onde a comunidade escolar possa buscar o apoio psicológico quando precisar. 

Nós também temos a alegria de ter trazido, enquanto eu e o Paulo éramos vereadores, o Instituto Federal Farroupilha, que é um centro de cursos profissionalizantes muito importante para a cidade. A educação para nós é muito importante, todas as nossas ações para a educação levarão em conta, primeiro, o momento da pandemia, priorizando a educação fundamental que é responsabilidade do município.

Paulo - É importante essa experiência na escola privada e na rede pública que tem o Edison, ele já colocou as questões principais. Eu gostaria de complementar, com relação às experiências das administrações populares que tivemos em Porto Alegre. Lá, as escolas foram abertas à comunidade e isso deu muito certo, inclusive no quesito de cuidado com o patrimônio e de envolvimento com a comunidade. Por isso nós aqui queremos também abrir as estruturas, temos ginásios e muitas outras possibilidades para promover o esporte e a cultura integrados com o conjunto da comunidade. Nosso objetivo é fazer um governo de inclusão, para isso precisamos abrir as portas desses estabelecimentos educacionais e centros de convivência para que a comunidade possa desenvolver a solidariedade e a fraternidade em conjunto com a prefeitura.

Saúde

Edison - Nós vamos trabalhar a saúde de forma transversal, em conjunto com as outras áreas, as administrações modernas trabalham assim. Nós temos uma preocupação com a merenda escolar, isso é pensar na saúde alimentar. Muitas vezes, as licitações para compra de produtos para merenda adquirem produtos que não têm uma preocupação com a saúde do educando. Essas políticas públicas devem estar conectadas, as merendas de qualidade devem estar ligadas com a questão das feiras dos agricultores. Vamos incentivar os produtores de Panambi que produzem alimentos de muita qualidade, sem ou com poucos agrotóxicos. Queremos que a agricultura familiar produza quanto mais os alimentos da merenda escolar. Com isso, estaremos gerando emprego e renda para os agricultores e privilegiando a questão da saúde para nossos educandos.

Este mesmo programa queremos estender para os bairros, para nossas famílias. A feira de Panambi hoje está no centro, as famílias precisam se deslocar para adquirir os alimentos de qualidade. No nosso governo, nós vamos ampliar as feiras, levando para outros bairros. Isso nós consideramos uma questão de saúde também.

Paulo - Sobre o tema da saúde, além de tudo que o professor Edison disse, que pra nós está conectado, nós temos aqui a necessidade de termos uma Unidade de Tratamento Intensivo. Nossa cidade vizinha de Ijuí, quando tinha pouco mais de 40 mil habitantes, já tinha uma UTI, e hoje é um polo de saúde. Não podemos mais aceitar que as pessoas percam suas vidas a caminho de um hospital, por isso que estamos assumindo o compromisso de buscar os recursos para termos uma UTI na cidade.

Nós também queremos ter um trabalho forte na saúde preventiva, que começa com uma alimentação saudável e a garantia da imunidade adequada.

Considerações finais

Edison - O plano de governo foi elaborado em conjunto conosco e com a comunidade. Acho importante falar também sobre a questão da internet, que está ligada com a educação. Neste momento de pandemia, os recursos tecnológicos não foram disponibilizados para a rede municipal. Nós queremos fazer isso pois sabemos que as aulas não poderão retornar de forma presencial enquanto não tivermos uma vacina. O sinal de internet e a plataforma digital são muito importantes, e precisamos levar isso para nosso agricultor também. A expectativa é de que, ano que vem, as notas emitidas pelos produtores sejam todas virtuais. Precisamos levar esse sinal para a zona rural, o que é difícil devido a topografia do município, com altos e baixos. O Paulo, inclusive, já fez contato com três empresas que são provedoras de sinal. Os agricultores estão fazendo esses convênios de forma privada, nós queremos que o poder público possa providenciar isso para grandes regiões.

Temos um lema que é mais cultura, mais esporte e mais educação. Queremos aproveitar, por exemplo, o nosso ginásio municipal para fazer os nossos eventos sociais e esportivos da cidade. Temos uma consciência de levar esses eventos para nossos bairros, vários deles têm estrutura para receber esses eventos. Quem sabe possamos descobrir talentos que estejam adormecidos com esses eventos.


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Edição: Marcelo Ferreira