O tema da segurança alimentar precisou voltar com força no Brasil. Ações políticas dos governos Temer e Bolsonaro foram determinantes para que o país regredisse tanto no combate à fome que passamos novamente a aparecer no Mapa da Fome. Medidas como a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e a diminuição das compras públicas de alimentos e dos estoques afetam diretamente a segurança alimentar de milhões de brasileiros mais pobres.
No dia 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, diversos movimentos populares do campo e da cidade no mundo todo se mobilizaram para denunciar o problema da fome e da falta de alimentos saudáveis para os trabalhadores, situação que já está agravada pela pandemia, devendo acelerar nos próximos anos. No Brasil, os movimentos sociais e populares encamparam a Jornada Nacional de Lutas contra a Fome e por Soberania Alimentar, realizando mais de 100 atividades em 18 estados.
Estes mesmo movimentos, além dos debates e ações de conscientização, estão promovendo diversas campanhas de solidariedade, com arrecadação de recursos e alimentação para o combate à fome, como a campanha Periferia Viva, por exemplo. No RS, durante a semana do Dia Mundial da Alimentação, o Consea-RS, impulsionado pelos movimentos sociais, realizou atividades virtuais para analisar o tema no estado. Em ano de eleições municipais, o tema têm surgido constantemente em debates nas cidades.
Ação da Cidadania
A Ação da Cidadania é uma ONG fundada em 1993 por ação do sociólogo Herbert de Souza, bastante conhecido como Betinho. O principal objetivo desta instituição é o combate à fome às desigualdades do Brasil. Desde sua fundação, a ONG deu início a uma série de iniciativas de arrecadação de recursos para este combate, e, até 2017 realizou anualmente a campanha Natal Sem Fome, sendo retomada em 2020.
Natal Sem Fome
O lema deste ano será “Quem tem fome, tem pressa”. Segundo os organizadores, o Natal Sem Fome doou mais de 32 milhões de quilos de alimentos até hoje, sendo realizado nos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal. Também segundo a organização, apesar desses números "essa quantidade de alimentos são insuficientes em um país em que mais de 80 milhões de brasileiros vivem com algum grau de insegurança alimentar, de acordo com o IBGE".
"No começo do ano, a ONU já falava que no Brasil a pobreza extrema deveria dobrar em 2020, devendo terminar o ano com quase 10% da população na condição de pobreza extrema comparado com os 5% de 2019". A ONG ainda lembra da estimativa da ONU de que cerca de 83 milhões de pessoas deverão viver abaixo da linha da pobreza na América Latina a partir deste ano.
A expectativa da campanha este ano é arrecadar mais de 10 milhões de reais para o combate à fome, tendo sido lançada no domingo (18) e perdurando até o mês de dezembro. Para divulgar a campanha, a Ação lançou em suas redes sociais um vídeo com alusão à doação de 1 real, que, segundo a ONG, será transformado na doação de um prato de comida. Também foi lançado o clipe da música “Quem tem fome, tem pressa”, composta por Xande de Pilares, Mosquito e Gilson Bernini, especialmente para o Natal Sem Fome.
Clipe oficial
Edição: Katia Marko