A cartunista, quadrinista, chargista e pensadora Laerte Coutinho enfrenta uma tarefa imensa a cada dia: interpretar no traço a loucura, primitivismo, violência e opressão do cotidiano brasileiro. Capturar na economia da charge aquilo que as pessoas estão pensando mas ainda não sabem como exprimir. É um alvo impreciso e fugidio mas ela acerta, quase sempre, na mosca. O que define muito propriamente como “um orgasmo” e “uma explosão mental”. Nesta conversa com Micuim, a autora de Piratas do Tietê fala sobre sua condição de transgênero, o distanciamento da esquerda dos trabalhadores, o avanço das mulheres cartunistas, a precarização do trabalho e o horror das trevas atuais. Acha que há um tipo de fascista com quem não dá pra dialogar mas que também não pode ser tratado na porrada.
A entrevista foi destaque de capa na segunda edição do jornal Micuim - suprimento de humor do Brasil de Fato RS. Confira:
Fraga - Eu considero você uma das principais balizadoras do que ocorre no país. Ajuda o brasileiro a sacar o que ele ainda não sacou. Queria saber se tens noção do alcance da tua arte?
Laerte - Tem duas alternativas como dinâmica do trabalho de humor: ou você traduz algo que é um pensamento em vigor em relação àquele fato ou aponta uma direção nova. Por exemplo, no caso da reação no episódio da menina de 10 anos que foi estuprada, engravidou e teve que ir fazer o aborto em outro estado porque no Espirito Santo não conseguiu. O que fiz foi tentar traduzir na forma de charge aquilo que está todo mundo querendo dizer. Acaba sendo uma tradução do que rola nos corações e mentes de pessoas que você leva em conta. Porque você não vai fazer uma charge procurando mudar a cabeça de quem estava lá gritando “assassinos” na porta do hospital.
A outra linha de trabalho é mais difícil. É apontar algo que não está muito claro. Quando eu consigo fazer isso é quase como um orgasmo. É um gozo muito grande ver que o humor consegue produzir uma explosão mental assim.
Fraga - E você consegue explosões todas às vezes. É sensacional.
Laerte - A charge é poderosa nessa função. Traduz, carrega o comentário, as ideias e as percepções das pessoas para o campo do simbólico, da criação de imagens que são alegorias daquela ideia.
Stela - Desde que você se assumiu como transgênero, o simbolismo do que representas é muito importante. Desde que te assumistes há uns 10 anos, o que de mais gratificante alguém já te disse a respeito de ti, do teu processo?
Laerte - Fico muito comovida quando alguém me diz que ajudei. Ou ela mesma se entender ou compreender alguma coisa. Ou filho, filha, parente, amigo, amiga. Já aconteceu algumas vezes e me sinto emocionada quando eu ouço isso.
Katia - Trabalho no movimento sindical há quase 30 anos e, lá na década de 90, usei e abusei daquelas tuas ilustrações da cartilha sindical. Nesses quase 30 anos a gente percebe uma mudança tanto no país, como uma mudança pessoal em ti e na tua arte. A arte te ajudou neste teu processo de transformação pessoal?
Laerte - Está tudo conectado. As mudanças que produzi no meu trabalho e me proporcionaram um modo de trabalhar mais livre. Não tem tanto a ver com a mudança do gênero. Foi um elenco de mudanças, na sexualidade, no gênero, no trabalho, nas ideias, que marcou uma nova direção a partir de 2003/2004. Coincide que o país também. Acho que estou me dando melhor que o país. (risos). Acho sacanagem falar isso. Como gracinha é interessante, mas também passo crises aflitivas. Temos a tentação de achar que, enquanto povo, os brasileiros deveriam estar fazendo assim ou assado. Como se a percepção do que está acontecendo seja uma coisa clara ou simples ou mecânica para uma entidade tão ampla como o povo.
Há um universo de desamparo total do trabalhador
Ayrton - Sobre o momento que vivemos: olha-se para um lado e se vê violência, olha-se para o outro e se vê ódio, olha para frente e se vê estupidez. Você é otimista em relação a nossa possibilidade de sair desse buraco ou não?
Laerte - Você não pôs olha para cima e nem olha para baixo (risadas). A parte do buraco está quando a gente olha para baixo. A parte de olhar para cima nos preveniria se se estivesse em uma comédia daquelas em que cai um cofre na cabeça. Às vezes, acho que nós, da esquerda, levamos um cofre na cabeça. Não é possível que se alegue que estava tudo sob controle ou que fomos surpreendidos pelos fatos.
O tempo está trazendo informações que deveriam nos aparelhar melhor para o que vem por aí, entender o que se passou e ir em frente. Não vamos fugir daqui. Ainda não (risos). Mas é preciso procurar entender onde foi o golpe, onde a gente levou essa porrada.
Por que a gente se afastou dos trabalhadores? Eu me afastei. Trabalhava com sindicatos nos anos 80. Saí para fazer Chiclete com Banana, Piratas do Tietê... É possível perceber que o governo do PT, do Lula, Dilma, tem uma distinção clara do que era a gestão daqueles dirigentes. Não eram mais lideres sindicais. Eram governadores, presidentes, prefeitos, deputados, senadores. Tem descolamento da parte sindical e da massa de trabalhadores. As pessoas acusam o PT disso e acho que é uma acusação a qual se deve dar ouvidos, sim.
Fora isso, o mundo do trabalho está sofrendo um tipo de transformação complexa, criando-se um universo de desamparo total. A uberização deixa os trabalhadores por conta própria. E os que não estão por conta própria também estão jogados no abandono, na perda de direitos, na fragilidade. Está sendo feito em nome do reforço de um empresariado que não vai recusar nunca essa sopa (risos).
Internar não dá certo porque Bolsonaro não é louco. É um fascista
Fraga - Estava pensando na situação do buraco. Ai aparece uma figura como você e vira sem querer, um grande líder (risos). Só que, ao invés de liderar, o que faz é ser um ativista que propõe coisas, que abraça causas. Queria saber do desafio que é para você não ser um líder, se segurar para não liderar.
Laerte - Não preciso fazer um esforço muito grande para não ser líder (risos). Eu sou uma não liderança (risos) natural. Busco líderes. Respeito muito o Lula, respeito muito pessoas do PT, pessoas dentro do movimento LGBT, o Jean (Wyllys) que teve que se exilar, o Boulos (Guilherme), a (Luiza) Erundina. E tem gente nova também aparecendo na politica como a Érica (Malunguinho), várias pessoas dentro dessa conformação nova de candidaturas coletivas, principalmente no PSOL.
Stela - Logo que Bolsonaro foi eleito, dissestes que tinha medo porque representava o fascismo. Esse medo cresceu, diminuiu ou é o mesmo?
Laerte - Continuo tendo medo. Acho meio estranho falar medo porque medo é paralisante. Está se confirmando que ele é um fascista. Ele se cerca de fascistas, alimenta o fascismo.
Está se desenhando uma possibilidade de um golpe fascista. Eduardo Bolsonaro já falou isso. É um escândalo que todo mundo sabe que está para acontecer. Bolsonaro tinha que ser removido do lugar onde está. Mas como? É uma das questões que a gente vem considerando, como fazer, impeachment, TSE, internar, pode ser também. (risos)
Internar não dá certo porque ele não é louco. Ele é um fascista mesmo. Dará um golpe assim que sentir com força para isso. Não tem o menor escrúpulo. Dará esse golpe e vai ser um horror. Ele não tem problema nenhum com isso. 100 mil mortos, para ele, 110 mil mortos, para ele é pinto.
Ayrton – O Gregório Duvivier acha que, para fazer humor no Brasil, é preciso o cara ficar puto. Mais de 100 mil mortos e tudo o mais. O humor sai melhor quando o sujeito está possuído dessa ira santa?
Laerte - Não necessariamente. Para mim, a ira, santa ou não, é um mau motor. Prefiro trabalhar dentro de uma posição menos tomada pela ira. Primeiro, porque sou assim. Segundo, que o humor funciona numa região que se coloca quase ao abrigo desse mar de emoções, quase (como) raciocínio puro. Como ele dialoga também com o mundo das emoções violentas, esse tumulto todo, aí se dá a riqueza incrível de que a linguagem do humor é possuidora. É muito difícil produzir humor quando algo está comovendo todo mundo, como o caso dessa menina que precisou fugir para fazer um aborto.
O imbecil fala que se chama Messias mas não faz milagre. É uma crueldade absurda
Carlos Castelo - Presidente, ministros e políticos competem com a pauta dos humoristas. Tem quem veja isso como algo planejado para o sistema jogar fumaça em assuntos mais delicados. O humor ajuda a reforçar isso?
Laerte - Pode ajudar. O que eu penso a respeito do humor é que, em si, o humor não é de direita ou de esquerda. É uma linguagem. Dito isso, o que essa direita populista tem usado como linguagem é aparentemente humor, mas é um péssimo humor. Quando o imbecil fala que se chama Messias mas não faz milagre é uma gracinha. Não é um discurso oficial “sério” mas uma crueldade absurda. O que fazer em relação a um fato político desses? Se você vai produzir uma charge, precisa dar uma volta e entender qual é o papel que pode exercer naquele momento. Não é muito fácil.
Fraga - A impotência a que a quarentena nos obriga faz com que Bolsonaro não tenha reativos aos atos dele. Se há uma manifestação, não tenho como aderir, aliás, milhões não tem como aderir. Me cago de medo. O Bolsonaro se aproveita disso. Mas como é que ele não tem medo? Não tem medo da nossa charge, de alguns bons e raros editoriais, de algumas excelentes capas em cima dos 100 mil mortos? O Bolsonaro também não fica encurralado no castelinho dele?
Laerte - Bolsonaro está comprometido com um projeto que deixou muito claro na vida parlamentar dele, nas entrevistas e nas falas, que é instalar uma ditadura nazista. Do que se vale? De tudo. Na pandemia, vai atuar de certa forma. Se acabar a pandemia, vai colocar as tropas dele na rua, os bolsonaristas, milicianos.
As capas, as charges, as canções, tudo isso irrita o fascista. Também faz com que produza lá os dossiês dele. O que esse sujeito que ocupa o Ministério da Justiça faz é produzir dossiês para (usar) na hora conveniente. É isso.
O PATRIARCALISMO OPRIME A TODOS
Stela - Você, na ditadura, trabalhou no Pasquim. E é uma época que a imprensa tinha um certo papel. Hoje, as pessoas estão em bolhas. Não se dialoga mais com determinados segmentos porque eles só ouvem os seus e talvez nós só ouçamos os nossos. Como é que vês isso nessa fase de algoritmos?
Laerte - Vem ai o Micuim para furar todas as bolhas! (risadas). O Duvivier tem hoje um dos grandes momentos na mídia brasileira, de reflexão e humor, que é o Greg News. Está falando para uma bolha? Não. Ele é crítico ao que acontece no Brasil e amplia muito esse espaço de escuta e debate.
Há, sobretudo, o modo como nos comportamos nas redes sociais. Como nos conduzimos nos debates, enfiando o dedo na cara dos outros. Isso sim, cria bolhas. Não é nem bolha. É uma trincheira. Você cavou uma trincheira e está lá. Não está nem perto do campo de batalha, mas achando que é ali que vai ter que ficar.
Na pandemia está se sobrevalorizando o mundo digital. Uma característica que leva a esse aprofundamento da distância entre as pessoas. Mas, ao mesmo tempo, a gente está em contato. Sem a internet, eu dificilmente daria esse passo de viver a transgeneridade porque não teria sequer tido contato com as pessoas que são trans e que vivem a transgeneridade.
As capas, as charges, as canções, tudo isso irrita o fascista
Ayrton - Eu vejo na ascensão do Bolsonaro o avanço de alguns valores, um deles é o machismo. Há uma frase atribuída ao Erico Verissimo que diz que o machismo é uma moeda em cuja face oposta está o homossexualismo latente. O que acha do papel do machismo nesse Brasil do Bolsonarismo?
Laerte - Tenho uma amiga que prefere patriarcalismo porque acha que é o grande problema. Ele organiza as relações de gênero dentro de uma sociedade de forma opressiva para todos, incluindo os homens. Por isso prefiro chamar de patriarcalismo que é o entendimento de que os moldes da sociedade e da família hão de ser de um jeito só e qualquer desvio dessa norma é uma perversão.
Katia - Uma coisa que temos percebido é a pouca presença de mulheres no traço. Isso inclusive vai ser pauta do Micuim. Quem são as cartunistas do Brasil e por que são poucas?
Laerte – Tem aparecido muitas. Ai as pessoas me perguntam: ‘Ah é, quem?’ A minha memória é uma bosta, me perdoem o francês, não consigo lembrar direito. Não é mais só a Ciça que fazia O Pato, a Marisa Dias, que ilustrava o Paulo Francis... No tempo do Pasquim era só homem, no do (grupo de humor inglês) Monty Python era só homem. Tem uma frase do Terry Gilliam (integrante do grupo) que ficou puto porque alguém da BBC falou assim: “Ah, hoje em dia não poderia mais reunir um monte de homem branco para fazer programa de humor”. E ele respondeu: “Tá, vou me declarar uma negra lésbica então”. Fez uma gracinha com uma coisa que é real.
E hoje você tem essas mulheres participando. O aumento das possibilidades da diversidade envolve participação de mulheres, o combate ao racismo. Vai produzir uma sociedade mais representativa. Um congresso nacional que não vai ser só de homem branco reacionário... (risadas).
Katia - ...e rico... Contamos contigo então para nos passar esses nomes, nos ajudar, nesta pauta ai também. Porque o Micuim tá ainda com maioria de homem (risos).
Laerte - Micuim é um herdeiro do Pasquim (risos).
Fraga - Eu posso me declarar lésbica também (risadas)
Laerte - Claro que pode (risos).
Stela - Falando em cartunistas e gaúchos, embora a gente pareça muito sisudo, tem muita gente legal no traço, no humor. A gente segue em falta dos espaços em termos de remuneração...
Laerte - Quando tem a gente distribui (risos), quando não tem a gente contribui (risos). Micuim é um grande nome. Acho que a coisa principal em uma publicação de humor é o nome. Se não tiver um nome legal, acho que não prospera não. Se o Pasquim se chamasse Pif-Paf, você acha que aconteceria? Seria...
Fraga - Mas o Pif-Paf foi uma grande revista do Millôr.
Laerte - Eu sei, mas não foi o Pasquim (risos). Já no tempo que foi fundado, o nome Pasquim tinha um sabor antigo. Para ofender uma publicação e chamar de pasquim tinha que usar aquele colarinho duro e monóculos. O nome acertou. Recuperou uma palavra e garantiu a ela um lugar humorístico porque passou a designar um jornal ruim assumido pelas próprias pessoas que estavam fazendo. Micuim também é bom, eu tive que dar um google para saber (risada)...
Ayrton - Isso pode ser um problema (risos)...
Laerte - Não sei, com o Google estão rapidamente resolvendo o problema...
Marielle foi assassinada em nome de um projeto muito obscuro
Ayrton - No teu twitter, tem uma contagem em relação ao assassinato da Marielle. Então, põe ali 800 dias, 801 dias e assim vai, sem a prisão do mandante. Queria que falasses dessa que é uma das grandes vergonhas do Brasil de tantas vergonhas, essa questão da Marielle.
Laerte - Ela não foi morta apenas porque era negra, lésbica e favelada. Foi morta porque tinha uma política eficiente de conexão com as favelas e trânsito com a parte digna das forças policiais. Também se mobilizava em relação aos policiais mortos, às suas famílias. A existência da Marielle era crucial no Rio e no Brasil. A carreira dela ia crescer bastante. Foi assassinada em nome de um projeto ainda muito obscuro.
Carlos Castelo – Tem um boato que todo cartunista quando fica mais velho quer virar pintor e ser levado a sério. Isso já chegou a passar pela tua cabeça?
Kátia – No lindo final do documentário (Laerte-se) que inclusive a Eliane Brum dirigiu, és tu fazendo esboços, justamente trabalhando mais essa questão artística da pintura...
Laerte - Gosto de desenhar mas não me vejo como artista plástica. Isso que eu faço dificilmente encaro como arte. Quando passo para o campo da produção artística fico meio insegura. Eu tô velha (risos)...Não tô velha (risos), estou mais velha...
Fraga - Como a gente vai manter a arte respirando até passar a pandemia e até ter forças de mudar o governo que está aí? Como a arte pode sobreviver?
Laerte - Não é questão de esperança. Tenho absoluta certeza que ela vai sobreviver porque não há forma de matar a arte. Eu não sei, Fraga. Não tenho resposta. E a sua pergunta é complicada porque você está falando também em derrubar o governo (risos).
Voltando à Eliane Brum: ela reivindicou o direito das pessoas se conduzirem na luta sem esperança mesmo, fazer o que precisa ser feito...Estou fazendo um resumo bobo do que ela falou, mas o texto me deu essa sensação de que não precisa ter esperança (risos). A gente está à beira de desastres muito sérios e alguns já começaram a acontecer. Vamos fazer isso com esperança ainda por cima? Não. Tem que entender o que tem que ser feito e se colocar para isso.
Stela – Tem um lado muito positivo, muito generoso nas falas que tu fizeste (que é) reforçar os laços que nos unem já que a gente está em um país seccionado. E temos muita dificuldade, eu tenho, de dialogar com bolsonaristas. Como é que se faz esse diálogo?
Laerte - Tem um nível de fascista que não adianta você tentar conversar. Vai dialogar o quê com um imbecil daqueles que ofendeu o fiscal da saúde, em Santos? Não tem jeito. E a tentação de responder a esse tipo de imbecilidade com brutalidade também é grande. A gente vê no twitter gente dando retweet em pessoas que socaram fascistas e dizendo ‘É isso mesmo, fascista tem que ser na porrada’. Não acho. Tenho receio desse caminho porque briga é briga. Não tem porque ficar transformando briga em possibilidade retórica. Essas pessoas precisam ser derrotadas politicamente e removidas da posição de poder que elas conseguiram. Mas não é na porrada, não.
Katia - Onde tu buscas inspiração para teu trabalho e como foi para ti fazer o documentário Laerte-se, que é tão rico, tão bonito, onde tu te expõe tanto?
Laerte - O filme começa com uma troca de emails e mostra a dificuldade que foi abrir minha casa para pessoas amigas, a Eliane e a Lygia (Barbosa da Silva). Meu modo de ter ideias é me abrindo muito para as outras ideias. As minhas são decorrentes das outras e elas serão também parte de outras novas ideias. Quem falou que a vida é uma história contada por um idiota, cheio de som e de fúria significando nada. Macbeth. Eu não acho. Acho que a vida é uma história contada por quase todo mundo ao mesmo tempo e isso é que é legal. Tem som, tem fúria, mas também muito gozo e bagunça.
Edição: Ayrton Centeno