A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) ocorre nas maiores capitais do país. Registra a variação de preços dos alimentos necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês, chamados de Cesta Básica, de acordo com o Decreto-lei 399/38. Em função da pandemia, o levantamento de preços tem se sido de forma não presencial. O último levantamento indicou que, em setembro, houve aumento dos preços do conjunto de alimentos em todas as capitais pesquisadas.
Em Porto Alegre, o valor da cesta ficou um pouco mais de R$ 552, uma alta de 4,59% (em relação ao mês passado). Desde o início de 2020, se registrou uma alta acumulada de 9,20%. Em relação ao mesmo período do ano passado, já são mais de 20% de alta.
Os produtos que mais apresentaram alta foram o tomate (29,11%) e o arroz (19,75%). Na sequência, o óleo de soja (19,41%), a banana (17,76%), o feijão (4,89%), a manteiga (3,87%), o leite (2,97%), o café (2,42%), a farinha de trigo (2,05%) e o açúcar (0,39%). Foi registrada uma queda de preços na batata (-22,11%), além de uma ínfima diminuição nos preços da carne (-0,49) e do pão (-0,32%).
Segundo o Dieese, o salário mínimo necessário deveria ser mais de quatro vezes maior que os atuais R$ 1.045. Atualmente, tendo em vista a variação de preços auferida em setembro, o trabalhador precisa cumprir uma jornada de 116 horas no mês, gastando mais da metade (57,19%) de um salário mínimo para comprar os alimentos necessários.
Alta em todas capitais pesquisadas
As maiores altas dos mês de setembro foram observadas em Florianópolis (9,80%), Salvador (9,70%) e Aracaju (7,13%). Tendo em vista o período do início do ano até aqui, apenas Brasília apresentou queda nos preços (quase 6%). Em relação aos últimos 12 meses, todas as 17 capitais apresentaram alta nos preços.
No mês de setembro, diversos alimentos importantes apresentaram expressiva alta de preços. O óleo de soja apresentou elevação em todas as capitais, especialmente em Natal (39,62%), Goiânia (36,18%), Recife (33,97%) e João Pessoa (33,86%). O arroz foi outro produto com elevação grande, com destaque para Curitiba (30,62%), Vitória (27,71%) e Goiânia (26,40%).
Em reportagem do Brasil de Fato RS sobre a alta dos preços nos alimentos no início de setembro, quando o quilo do arroz chegou a preços nunca antes registrados, especialistas afirmaram que a política econômica do governo federal é um dos principais fatores do aumento. O Dieese destaca que, tanto no caso do arroz quanto da soja, contribuiu para a escalada dos preços a preferência pela exportação e a falta de estoques, que poderiam ser uma freio na alta.
Edição: Marcelo Ferreira