Rio Grande do Sul

COVID-19 NO RS

Manifestação critica decisão de retorno das aulas presenciais pelo governo gaúcho

“Volta às aulas presenciais é crime”, avaliam movimento estudantil e entidades

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Estudantes, professores e entidades se manifestam contra a retomada de aulas presenciais - CPERS

Em ato realizado na manhã de quarta-feira (23), diversas entidades criticaram a decisão do governo Eduardo Leite (PSDB) de retomar o calendário das aulas presenciais no Rio Grande do Sul. Sob o lema “Volta às aulas é crime”, estiveram presentes entidades sindicais como o CPERS e entidades estudantis como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (UMESPA) e a Frente Gaúcha de Juventude em Defesa da Educação.

Segundo o CPERS, a mobilização também ocorreu em frente às Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) em diversas regiões do estado, fazendo parte também do Dia Nacional de Lutas em Defesa da Educação, que registrou atos em todo o país. “Nós, professores e funcionários, já deliberamos que não há condições para esse retorno. Pais e alunos também não querem voltar agora. Então, a gente questiona essa decisão do governo”, destacou o diretor do Departamento da Juventude do CPERS, Daniel Damiani.

“Os estados que voltaram às aulas, como o Amazonas, já têm mais de mil professores contaminados pelo coronavírus. Isso é um atentado à vida daqueles que estão trabalhando pela educação e a todas as famílias que poderão ter seus filhos infectados e precisam do SUS funcionando para serem atendidos”, frisou Regina Brunet, primeira vice-presidente da UNE.

Marcela, da UJC frisou a irresponsabilidade do governo e lembrou dos constantes ataques contra a educação pública. “O governador demonstra que não se preocupa com a saúde da comunidade escolar ao querer reabrir as escolas neste momento. Sofremos mais um ataque que foi o arrombamento da escola Rio Grande do Sul. O governador já vem há meses tentando fechar a escola e a comunidade escolar segue resistindo. Não sairemos da escola até que a vontade da comunidade seja respeitada.”

“Estamos aqui, mais uma vez, pedindo ao governador que respeito os estudantes e os educadores. Não aceitamos o retorno às aulas porque o governo não apresenta nada eficiente para a nossa segurança”, afirmou Marcos Júnior, vice-presidente da Umespa.

Entidades contestam aulas presenciais

Ainda no mês de agosto, foi divulgada uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e desenvolvida pelo CPERS Sindicato. Questionados professores, gestores, funcionários, pais e alunos, apresentaram-se resultados alarmantes. De acordo com as direções, 96% das escolas possuem pessoas que estão nos grupos de risco. Além disso, mais de 90% dos entrevistados afirmam que a escola não tem recursos suficientes para investir em estrutura para receber alunos(as) e adquirir os EPIs necessários nem para garantir um retorno seguro.

A pesquisa Educação e Pandemia no RS também demonstrou que 98% dos professores estão trabalhando mais do que prevê o contrato de trabalho durante o período de isolamento social, sem receber adicional, e que 40% dos que responderam não possuem acesso à Internet com a velocidade e estabilidade adequadas para o trabalho a distância.

Outras entidades também vêm se manifestando contra esta medida vista como imprudente, como o Fórum Nacional Popular de Educação e o próprio Ministério Público, que recomendou aos prefeitos e gestores municipais que se abstenham de encaminhar o retorno presencial das aulas na rede pública.

Ainda em agosto, o Comitê Popular Estadual de Acompanhamento da Crise Educacional no RS também pediu mais diálogo antes da tomada deste tipo de decisão:

"[...] ratificamos uma vez mais o posicionamento contrário a qualquer medida que seja tomada sem nenhum tipo de diálogo. Qualquer decisão sobre as condições de retorno às aulas presenciais deve ser deliberada com a participação de toda a comunidade escolar e acadêmica de nosso estado em articulação intersetorial com as áreas da economia, da saúde, da cultura, do lazer, da segurança, da assistência social e em acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e balizadas pela ciência."

Calendário de volta às aulas do governo do estado

Educação Infantil: 8 de setembro

Ensino Superior, Ensino Médio e Ensino Técnico: 21 de setembro

Ensino Fundamental - anos finais: 28 de

Ensino Fundamental - Anos Iniciais: 12 de

Escolas da rede estadual: 13 de outubro

* Com informações do CPERS e do ANDES - UFRGS.

Edição: Marcelo Ferreira