Centrais sindicais do estado promoveram, nesta quarta-feira (23), uma manifestação simbólica em frente ao Palácio Piratini e à Assembleia Legislativa para cobrar dos deputados o reajuste de 4,5% no salário mínimo regional. O governo do estado encaminhou para os deputados uma proposta de reajuste abaixo do que reivindicavam as centrais, ainda em fevereiro. Nesta segunda-feira (21), o relator, deputado Dalciso Oliveira (PSB) deu parecer contrário ao projeto.
O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Amarildo Cenci, esteve presente no ato e falou sobre a importância da pauta:
“Viemos aqui à Assembleia Legislativa, onde hoje se discute essa questão central que é o salário mínimo regional. Em um ambiente de crescimento da inflação, nós ficamos com a cesta básica praticamente triplicada. Arroz, feijão, óleo de soja, todos os alimentos que são consumidos principalmente pela população mais pobre aumentaram de preço, e os deputados e o governo se negam a dar um reajuste que representa um litro de leite por mês. Vejam o nível de sensibilidade que majoritariamente tem essa casa."
O reajuste do salário mínimo, que leva em consideração a inflação do ano passado, é um impactante na vida dos trabalhadores do estado, ainda mais em um período de aumento dos preços dos alimentos. Por exemplo, os produtos da cesta básica tiveram, em 2019, um aumento de praticamente 14%, ou seja, três vezes maior do que o reajuste proposto pelo governo.
Segundo Guiomar Vidor, presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS) e da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do RS (Fecosul), "se considerarmos o período de janeiro de 2019 a agosto de 2020, o trabalhador, remunerado com o Salário Mínimo, gastaria 23,8% a mais para comprar as mesmas quantidades dos produtos essenciais". Vidor ainda lembra que os outros estados do sul, Paraná e Santa Catarina, já concederam seus reajustes em janeiro, ambos em torno dos 5%.
A demora em votar o reajuste é fruto da pressão de setores empresariais junto aos seus representantes na Assembleia, que são contra o mínimo regional e os direitos dos trabalhadores de uma forma geral. É a primeira vez, desde a criação do piso regional, que o projeto tramita em comissões e demora tanto tempo para ser votado, como afirma o secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo. Ele ainda recorda:
“As cinco faixas salariais ficariam com o reajuste entre R$ 1.292,82 e R$ 1.638,36, sendo que a última corresponde ao salário de um técnico em enfermagem, o profissional que está correndo riscos todos os dias para salvar vidas no combate ao coronavírus. Muitas empresas continuam lucrando, apesar da pandemia, porém não querem repor perdas inflacionárias do ano passado, quando não havia covid-19.”
É importante lembrar que o reajuste do salário mínimo regional impacta diretamente na vida de cerca de 1,5 milhão de trabalhadores que não possuem representação. Esse reajuste visa tentar repor as perdas inflacionárias, sendo que a maior parte desse valor, comumente, vai para a compra dos alimentos e itens básicos, movimentando a economia local.
* Com informações da CUT-RS e da CTB-RS
Edição: Marcelo Ferreira