O segundo ato das Comunidades em Luta, realizado nesta quinta-feira (17), mobilizou seis comunidades de Porto Alegre e duas de Canoas. Com cartazes, falas e caminhada, moradores das comunidades voltaram às ruas em manifestação contra a situação precária do Sistema Único de Saúde (SUS) e a urgência do cumprimento da Constituição Federal, que prevê destinação de 15% da arrecadação para o SUS.
Em Porto Alegre, os atos aconteceram na Lomba do Pinheiro, Cascata, Morro da Cruz, Vida Nova/Restinga, Morro da Polícia e Chácara dos Bombeiros/Vila Vargas. Em Canoas, as comunidades João de Barro e Rio Branco realizaram atos.
Em frente a postos de saúde, escolas e espaços públicos nos territórios, as mobilizações contaram com a presença de professoras, agentes de saúde, lideranças religiosas de matriz africana, integrantes de diversos movimentos sociais e sindicais, assim como representantes públicos. Os manifestantes tomaram cuidados com o distanciamento, utilizaram máscaras e álcool gel como meio de não colocar em risco a saúde dos presentes e suas famílias.
Cientes da necessidade de pressão social para evitar que prevaleça o interesse na privatização da saúde e do saneamento básico, os moradores destacam a ameaça de prevalecer e ampliar a vitimização das comunidades. Situação agravada diante da pandemia e outros problemas de saúde, e dos riscos decorrentes da crise econômica.
Os protestos também reafirmaram o posicionamento contrário à retomada das aulas presenciais no atual contexto da pandemia. Para as comunidades, o retorno às atividades nas escolas precisam estar vinculadas à vacinação de estudantes, professoras e professores e demais profissionais da educação.
Outro ponto de destaque foi a necessidade de garantir renda básica para o povo trabalhador. Os protestos criticam a redução do auxílio emergencial no momento em que itens básicos de alimentação registram grande alta nos preços, o que agrava a situação de vida das famílias das comunidades.
Na Lomba do Pinheiro, a comunidade da Escola Estadual Pedro Pereira esteve no ato e, junto com a professora Maria Fernanda, se manifestou contra o fechamento da Educação de Jovens e Adultos (EJA) desta escola. A professora denuncia que o governador Eduardo Leite (PSDB) está aproveitando o momento para fechar a EJA, sem levar em conta a demanda de vagas, que tem até lista de espera.
Na Cascata, o carrinheiro seu Noé estava passando pelo ato e pediu para falar ao microfone. Ele cobrou que o Hospital Parque Belém seja reaberto. Localizado no bairro Belém Velho, o hospital está fechado desde 2017.
A dona Vera, do Morro da Polícia, denuncia que não tem encanamento para água e o caminhão pipa traz água uma vez por semana na comunidade.
Em Canoas, a Índia, moradora da comunidade João de Barro, relata que está há dois anos aguardando a autorização para fazer um exame e não consegue realizar consulta para garantir a continuidade de tratamentos que necessita.
O primeiro ato das comunidades ocorreu há dois meses, denunciando o descaso do Estado com a vida da população. Neste período, as comunidades mantiveram-se mobilizadas e outras comunidades se aliaram a esta luta em defesa da saúde.
Conforme os organizadores, há um crescente diálogo com a população sobre a necessidade de lutar por direitos. O desejo de quem participou é dar continuidade e ampliar para outras comunidades, tendo em vista o apoio e solidariedade das populações locais ao verem os cartazes e faixas e ouvirem as intervenções por megafone, carro de som e no diálogo direto.
Edição: Marcelo Ferreira