Rio Grande do Sul

CORRUPÇÃO

Vereador do PV de Viamão é preso em desdobramento da operação que afastou prefeito

Operação Pegadas cumpriu diversos mandados na operação que investiga fraudes licitatórias e desvios de renda

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Prefeitura e Câmara, que funcionam no mesmo prédio, foram isoladas nesta terça-feira - Arquivo MPRS

O prédio da Câmara Municipal e da Prefeitura de Viamão foi cercado na manhã desta terça-feira (15). Trata-se da Operação Pegadas, do Ministério Publico do Rio Grande do Sul (MPRS), dando continuidade à Operação Capital, de 12 de fevereiro, que determinou o afastamento do prefeito André Pacheco (sem partido).  

Foram cumpridos mandados de prisão do vereador Sérgio Ângelo (PV), de afastamento de servidores e de busca e apreensão. Também foram aplicadas diversas medidas cautelares contra agentes públicos e empresários ligados ao Poder Executivo local, em decorrência de prováveis fraudes licitatórias e desvios de rendas do erário referentes a contratos na área da saúde pública, limpeza urbana e manutenção de prédios públicos, além de comunicação e sistemas de informática. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 14 milhões, ocorrido no período de 2017 a 2019.

Conforme o site do MPRS, “a etapa ostensiva da Operação Pegadas, desencadeada nesta terça-feira, consiste no cumprimento de decisão cautelar proferida pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, lastreada em indícios de ilicitude e superfaturamento relacionados à contratação de serviços médicos, inclusive durante o período de pandemia (de outubro de 2019 a junho de 2020). Também, em indícios de irregularidade na aquisição de pares de tênis, sem licitação, com sobrepreço, nos anos de 2018 e 2019".

Além disso, o MPRS investiga a continuidade de fraudes e superfaturamento na contratação de serviços de limpeza urbana e manutenção de prédios públicos, até a presente data. Inclusive mediante a utilização de empresa de fachada, em nome de laranja de integrante do Poder Legislativo local.

O vereador Adão Preto Filho (PT) afirmou que “infelizmente temos uma quadrilha instalada na gestão do município. A justiça tem que ser feita”.

Os mandados

Além da prisão preventiva do vereador, foram cumpridos seis mandados com prorrogação da suspensão do exercício de funções públicas e proibição de frequência às dependências dos Poderes Executivo e Legislativo de Viamão, por 120 dias, contra agentes públicos investigados na Operação Capital; quatro mandados de proibição de contratação com o Poder Público de Viamão expedidos em desfavor de empresários e dirigente de organização social; e 15 mandados de busca e apreensão nas dependências da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, bem como nas residências e empresas ligadas aos suspeitos.

Saúde

Segundo o MPRS, foi identificada ainda a contratação de serviços médicos, inclusive na área de infectologia, pelo Poder Executivo de Viamão, com sobrepreço de mais de 70% (abrangendo o período de pandemia), junto à empresa quarteirizada. A empresa foi contratada sem processo de seleção adequado, por intermédio de organização social que passou a prestar serviços ao município em 2019, não registrada no Conselho Regional de Medicina (CRM). Os profissionais de saúde prestadores de serviços à população, no entanto, não se beneficiaram com os valores superfaturados, recebendo remuneração de mercado e até mesmo sofrendo com atrasos, enquanto o município efetuou os pagamentos indevidos.

Participam da operação a procuradora de Justiça Ana Rita Nascimento Schinestsck, coordenadora da Procuradoria de Prefeitos, e os promotores de Justiça Antonio Metzger Képes, Ederson Luciano Maia Vieira, Heitor Stolf Júnior e Reginaldo Freitas da Silva. A operação contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Núcleo de Inteligência do Ministério Público (Nimp).

 

Edição: Marcelo Ferreira