No Rio Grande do Sul, o coronavírus já tirou 3.739 vidas, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Para lembrar a memória desses gaúchos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), junto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS) e a Prefeitura de São Leopoldo, plantaram algumas árvores como um gesto simbólico. Em São Leopoldo, na região Metropolitana de Porto Alegre, serão plantadas 200 mudas de árvores nos próximos dias.
De acordo com o MST, as demais mudas serão plantadas em território gaúcho até o dia 21, o dia da árvore. O local escolhido para iniciar o plantio foi o Parque Socioambiental Pedro Antônio Maria, no município de São Leopoldo.
“Estamos prestando homenagem aos mortos do coronavírus, que no Brasil ganha traços de maldade patrocinados pelo governo neoliberal, com aliança ao agronegócio, com o sistema financeiro e banqueiro, o que aprofunda as desigualdades sociais, contaminam o meio ambiente através da liberação inconsequente de agrotóxicos”, aponta Álvaro Delatorre, da Direção Estadual do MST do RS. Ele ainda acrescenta que o governo consente o desmatamento criminoso, persegue índios e quilombolas e acaba com as políticas sociais para o povo em favor do mercado dos banqueiros, dos latifundiários e de iniciativas privadas colonialistas. “Como consequência disso chegamos a marca de 125 mil mortos, pelo vírus, no país”, expõe Delatorre.
Por isso, o MST RS em parceria com outras organizações e entidades que compõem a construção do Grito dos Excluídos e das Excluídas, homenageia os mortos plantando uma árvore para cada vida ceifada no estado gaúcho. “O cultivo e o cuidado dessas árvores expressam nosso sentimento de que essas mortes não serão em vão, que estão na nossa memória e brotaram com a retomada do povo nas ruas para derrubar esse governo e as medidas neoliberais e reconduzir esse país para o projeto popular” afirma o Sem Terra.
Essa, segundo Delatorre, é uma atitude de resistência, rebeldia e transcrição, mas também de afirmação de que é possível construir um projeto de nação e de vida para o nosso país.
“Esse plantio de árvores é a nossa denúncia de todo descaso e essa crise que estamos vivendo agora na esfera ambiental e social. Também faz parte da Campanha Nacional do MST ‘Plantar árvores, produzir alimentos saudáveis”, destaca Danieli Cazarotto, da Direção Estadual do MST do RS. Essa campanha tem como meta plantar mais de 100 milhões de árvores em 10 anos.
Conforme Danieli, além disso, para marcar o Grito dos Excluídos e das Excluídas foram organizadas lives para debater os temas que estão latentes na sociedade, com o lema ‘Basta de miséria, preconceito e repressão. Queremos trabalho, terra, teto e participação’. Entre elas, a edição estadual transmitida pelo Brasil de Fato RS e pela Rede Soberania.
“Hoje não podemos ocupar as ruas pela questão de saúde, para cuidar e zelar das nossas vidas, das vidas de toda a população brasileira. Por isso nós ocupamos outros espaços de reivindicações para não deixamos essa data passar. Vamos fazer essa luta em memória disso e em memória a todas as vítimas pelo vírus e pelas violências que assolam o nosso país”, pontua a Sem Terra.
“As nossas vozes, estão em defesa da vida, do trabalho, da participação, dos trabalhadores e trabalhadoras desse país e denunciam esse governo de retrocessos e todas as atrocidades que está cometendo contra a nossa população.”
A dirigente ainda ressalta que o Grito dos Excluídos e das Excluídas reivindica o acesso à moradia, ao trabalho, à Terra e a participação. E por fim reforça a denúncia de toda e qualquer violência que são cometidas diariamente.
“Seguimos reivindicando e fazendo com que as nossas vozes ecoem e que juntos e juntas nós somos mais fortes e vamos enfrentar essa pandemia” conclui Danieli.
Edição: Marcelo Ferreira