O deputado federal Patrus Ananias (PT-MG), secretário-geral da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, se reuniu na segunda-feira (31) com representantes da Associação dos Funcionários da Ceitec (Acceitec). Os trabalhadores pediram apoio ao movimento para garantir que a empresa não seja extinta.
O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) tem importância econômica e estratégica para o Brasil. A empresa pública fabrica produtos de alta tecnologia para as áreas de logística, saúde, agronegócio, segurança e soberania nacional, como semicondutores, chips, etiquetas eletrônicas e sensores.
É a única empresa no Brasil e na América Latina a atuar no projeto e fabricação de circuitos integrados, chips, e com o propósito de alavancar a cadeia produtiva de eletrônica do país. A empresa está sediada em Porto Alegre.
Os profissionais da empresa relataram que já existem dois estudos do governo indicando a extinção do Ceitec, concluídos em junho e julho: um parecer do Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (CPPI) e o outro do conselho ministerial do qual fazem parte integrantes do Ministério da Economia e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e que está sendo alvo de questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU).
“O Brasil ainda é dependente de circuitos integrados importados e, a partir de dados baseados em uma análise simplista e equivocada de fluxo de caixa e do próprio papel da Ceitec na consolidação da política nacional de semicondutores, desejam extinguir a empresa”, disse Júlio Leão, engenheiro de inovação, porta-voz da Acceitec.
A indústria mundial de semicondutores tem tido um crescimento na ordem de 17% ao ano nas últimas duas décadas, movimentando cerca de US$ 400 bilhões anualmente. “É inegável a importância deste setor para o desenvolvimento, a competitividade e a soberania de qualquer país atualmente”, afirmou Leão.
A Acceitec destaca que 57% de seus colaboradores são pós-graduados, percentual ainda mais alto que o da Embrapa, 48%. Em propriedade intelectual a Ceitec desenvolveu 42 patentes no Brasil, duas nos EUA e uma na Europa.
“Se o governo fechar a empresa, além do retrocesso na produção de alta tecnologia, de 30 a 40 profissionais altamente qualificados deixarão o País. A formação desses profissionais significa investimento para 10 anos e recursos da ordem de R$ 500 mil para a formação com doutorado”, destacou Leão.
Patrimônio público
O deputado Patrus Ananias manifestou seu compromisso na defesa do patrimônio público e reiterou a importância estratégica da Ceitec para a soberania do País – o domínio nacional na produção e aplicação de novas tecnologias. O parlamentar encaminhou os documentos e informações da Acceitec aos deputados e senadores da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania Nacional, no sentido de assegurar a existência da empresa, a continuidade dos trabalhos de estruturação da cadeia produtiva de circuitos integrados e a permanência de profissionais altamente qualificados no país.
* Com informações da CUT-RS
Edição: Marcelo Ferreira