Uma pesquisa realizada pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) mostra que 93,75% dos prefeitos gaúchos rejeitam o calendário de volta às aulas presenciais apresentado pelo governo Eduardo Leite (PSDB). O resultado está de acordo com o que pensa a comunidade escolar, que é contrária ao retorno em meio ao pico da pandemia no estado.
O plano do governo prevê a reabertura das escolas no dia 31 de agosto, com o retorno dos estudantes do Ensino Infantil. Na proposta, retornariam em setembro os ensinos Superior, Médio e Fundamental II, enquanto os anos iniciais do Ensino Fundamental voltariam às aulas presenciais em outubro.
A pesquisa foi respondida por 367 dos 497 prefeitos do RS. Entre os que reprovaram a proposta, 38,6% afirmaram que as aulas devem ser retomadas a partir da vacina, 35,1% defendem que o retorno deve se dar com a diminuição dos casos e 24,7% defendem que a volta ocorra apenas em 2021.
O presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen, afirmou que, diante do relato dos prefeitos na última reunião com as associações regionais, era esperada a rejeição da proposta, mas o índice surpreendeu. “Nossa principal preocupação é garantir a segurança de alunos e professores”, ponderou.
Para 93,43%, o maior problema é o risco para alunos(as) e servidores(as). O transporte também foi apontado por 54,5% como um empecilho. Somente 5,72% concordam que os primeiros a voltar sejam as crianças da Educação Infantil, como propõe Leite.
Com o resultado, a Famurs irá se reunir, nesta terça-feira (18), com os presidentes das associações regionais, para debater o posicionamento da entidade a respeito da proposta apresentada pelo Estado. O levantamento será apresentado ao Executivo na próxima quarta-feira (19), em reunião com o governador.
Os números da pesquisa vão ao encontro da percepção da comunidade escolar da rede estadual, conforme dados preliminares de pesquisa realizada pelo CPERS e divulgada na última semana. Para 86% dos educadores(as), mães, pais e responsáveis, a vacina é pré-requisito para volta às aulas presenciais. Mais de 90% das equipes diretivas que responderam a consulta afirmaram que as escolas não têm recursos, equipamentos ou condições para retomar as atividades.
Confira os dados apresentados pela Famurs
Você acha que as aulas devem retornar conforme o calendário proposto pelo governo do RS?
Não – 93,73%
Sim – 6,27%
Se respondeu não, quando deve se dar o retorno às aulas?
A partir da vacina – 38,66%
A partir da diminuição dos casos – 35,17%
Apenas em 2021 – 24,71%
Não responderam – 1,45%
Quais os principais problemas para o retorno das aulas no seu município?
Transportes – 54,50%
Falta de EPIs – 33,79%
Falta/contratação de servidores – 47,14%
Elevado número de casos – 29,97%
Risco para os alunos e servidores – 93,46%
Quando retornarem as aulas, o que deve iniciar primeiro?
Educação infantil – 5,72%
Ensino superior – 57,22%
Ensino médio e técnico – 17,17%
Anos finais – ensino fundamental – 15,80%
Anos iniciais – ensino fundamental – 3,81%
Não responderam – 0,27%
Sobre a educação privada e pública:
Devem voltar separadas – 13,62%
Devem voltar ao mesmo tempo – 86,38%
* Com informações da Famurs e do CPERS
Edição: Marcelo Ferreira