Em ato simbólico realizado Central Única dos Trabalhadores e o Sindisaúde-RS, nesta segunda-feira (10), em frente ao Ministério Público do RS, em Porto Alegre, os trabalhadores da Saúde cobraram apoio para a luta pela testagem em massa durante a pandemia do coronavírus e pelo fim das terceirizações dos postos de atendimento à população da Capital.
Vestidos com jalecos brancos, usando máscaras de proteção e evitando aglomeração de pessoas, conforme as recomendações sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS), os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Fora Marchezan”, “Fora Bolsonaro” e “O MP, tenha atitude, olha o Marchezan privatizando a saúde”. Eles chamaram também a atenção dos motoristas que passavam pelo local e que buzinavam em sinal de apoio à causa.
Os profissionais da Saúde denunciaram a extinção do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família de Porto Alegre (Imesf) pelo prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB). Conforme aponta o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, "em plena pandemia, o governo Marchezan quer privatizar o sistema de saúde pública do município. Justamente neste momento em que o SUS se mostra o instrumento mais eficaz para o combate ao coronavírus. O prefeito fechou postos e encerrou as atividades do Imesf, que era responsável pela contratação de profissionais da área. Saúde não é mercadoria a serviço de quem quer lucrar”.
Trabalhadores contaminados e sem testagem
O presidente do Sindisaúde-RS, Júlio César Jesien, denunciou o alto número de trabalhadores da saúde que estão contaminados mas seguem atuando por estarem assintomáticos. “Não há testes suficientes para todos, o que acaba contribuindo para a proliferação da covid-19 entre quem deveria estar com o seu bem-estar assegurado para poder salvar vidas”, afirmou.
Segundo ele, “no começo da pandemia, os profissionais de Saúde eram testados e, quando afastados, eram testados novamente no seu retorno ao trabalho. O Hospital de Clínicas foi um dos primeiros a adotar essa postura. Agora, não há testes para quando o afastado volta ao serviço, o que representa um risco para todos nós”.
Discriminações e demissões
Contratada do Imesf, Rosangela Souza trabalha em um dos postos da Capital. Além do medo e da insegurança em atuar diante de um cenário de crise sanitária sem precedentes na história do país, ela contou que os colegas estão sendo discriminados pela gestão municipal.
“Nos postos da cidade não há equipamentos de proteção individual para trabalhadores do Imesf. Tem somente para os funcionários contratados pela atual gestão, como se isso não fosse prejudicar a todos. Nos hospitais Vila Nova e Restinga, cresce a cada dia o número de profissionais contaminados. Enquanto isso, o Ministério Público se cala”, lamentou.
Jogo de empurra-empurra
O secretário de Saúde do Trabalhador da CUT-RS, Alfredo Gonçalves, criticou também a atuação do governador Eduardo Leite (PSDB) no enfrentamento da pandemia. “O governo do Estado jogou no colo dos prefeitos a abertura do comércio para se eximir da responsabilidade sobre os contaminados. É um jogo de empurra-empurra e que não poderia vir em pior momento”, criticou.
* Com informações da CUT-RS
Edição: Marcelo Ferreira