A 6ª etapa da pesquisa Epicovid, apresentada nesta quarta-feira (29) e coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), indica que a taxa de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus dobrou no Rio Grande do Sul, em relação à etapa anterior do estudo, divulgada no final de junho. Dos 4.500 testes aplicados, 43 deram positivo, a maior incidência até então — foram 21 positivos na fase anterior. Com isso, a pesquisa aponta que 0,96% da população gaúcha tenha anticorpos contra o vírus, o que significaria 1 pessoa infectada a cada 104 habitantes, ou 108 mil pessoas com anticorpos de uma população total de 11,3 milhões no Estado.
O epidemiologista Fernando Barros, professor emérito da UFPel, destacou durante a apresentação que a taxa de prevalência do coronavírus foi baixa nas quatro primeiras etapas da pesquisa, tendo aumentado significativamente na 5ª etapa e dobrado agora.
A 6ª fase do estudo foi realizada entre os dias 24 e 26 de julho, com 4.500 testes rápidos aplicados em nove cidades: Caxias do Sul, Passo Fundo, Porto Alegre, Ijuí, Santa Maria, Pelotas, Uruguaiana, Santa Cruz do Sul e Canoas. Juntas, as nove cidades representam 31% da população gaúcha.
Barros chamou atenção para a distribuição dos 43 testes positivos identificados pela pesquisa. Foram 18 casos em Porto Alegre, 9 em Canoas, 7 em Passo Fundo, 2 em Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul e Santa Maria e 1 em Ijuí, Pelotas e Uruguaiana. Os dados permitem aos pesquisadores estimarem que 3,6% da população da Capital já tenha tido contato com o coronavírus.
Somando todas as seis fases do estudo, os testes aplicados nos familiares das pessoas contaminadas apontam 74% de negativos e 26% de positivos. Segundo o epidemiologista, o dado é semelhante a outros estudos realizados no mundo. “O que aparece na pesquisa, e é corroborada em outros estudos, é que essa taxa de infecção familiar gira em torno de 30%”, disse o professor.
Considerando os casos confirmados de covid-19 no Rio Grande do Sul, a taxa de letalidade da doença está em 2,6% no Estado. Entretanto, quando aplicada a estimativa da população contaminada projetada pelo estudo, a taxa de letalidade fica em 1,4%. Um percentual ainda assim considerado alto pelo epidemiologista Fernando Barros. “É uma taxa muito elevada. Infecções respiratórias costumam ter taxa bem mais baixas”, afirmou.
O estudo conclui com a recomendação de ampliação da testagem e a busca ativa dos contatos de quem testa positivo, uma estratégia que tanto a Prefeitura de Porto Alegre quanto o Governo do Estado ainda têm problemas em efetivar. A 6ª etapa da pesquisa Epicovid também, recomenda o reforço nas medidas de distanciamento social, principalmente na capital gaúcha, na região metropolitana e em Passo Fundo.
Edição: Sul 21