Recentemente, a imprensa noticiou que a gasolina de aviação importada pela Petrobras estava adulterada. Ao menos 73 denúncias sobre danos em aeronaves de pequeno porte chegaram à Anac. Mas o estrago pode ser ainda maior, pois cerca de 12 mil aviões usam esse combustível no país.
O que não foi divulgado, mas é importante, é que o Brasil não precisa importar esse produto. Ele é o único país da América Latina que produz a gasolina de aviação, mais especificamente na Refinaria de Cubatão (RPBC), em São Paulo.
No entanto, desde 2018 a unidade responsável por produzir esse combustível está hibernada. A justificativa é de que se trata de uma parada programada, mas a razão é outra: estimular a importação de derivados de petróleo que, desde Temer e agora sob a gestão Bolsonaro, tem se revelado uma sabotagem contra a Petrobras e o país.
Em uma decisão irracional para os interesses nacionais, mas conveniente para as empresas estrangeiras, a Petrobras reduziu a produção de combustíveis de suas refinarias para cerca de 70% de sua capacidade. Eis o resultado: em 2017, a importação de gasolina cresceu 82% e a do diesel, 67%.
Esse fato, para as multinacionais, é um sonho antigo: tirar a gigante Petrobras do caminho. Para isso, contribuiu decisivamente também a criminosa política do governo de instituir a paridade internacional do preço dos combustíveis. Para os brasileiros significa gás de cozinha, gasolina e diesel mais caros, mas para as multinacionais representa maior presença no mercado brasileiro e lucro.
A Petrobras é vítima de uma política destrutiva. A ameaça de venda de metade do parque de refino nacional é seu maior exemplo. Se para nós a bajulação bolsonarista a Trump só rende humilhação, para o estadunidense tem sido muito lucrativa. Só dos EUA, a importação de diesel passou de 41%, em 2015, para 82% em 2017.
Temos um governo que conspira contra nossa soberania, nosso povo e nossas vidas.
* Fernando Maia da Costa é presidente do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do sul (Sindipetro-RS)
Edição: Marcelo Ferreira