Em carta encaminhada no final da manhã desta quinta-feira (23) ao governador Eduardo Leite (PSDB), as centrais sindicais do Rio Grande do Sul se posicionaram sobre o combate à pandemia do coronavírus e avisaram que “não compactuamos com a política do descaso com a vida”.
Segundo o documento, “não podemos, em nenhuma hipótese, abdicar da tarefa que nos é mais sagrada, a defesa da vida”. Para as centrais, “precisamos de firmeza na condução do enfrentamento da pandemia, não podemos ceder aos apelos econômicos e jogar o peso desta hercúlea tarefa humanitária nos ombros dos prefeitos e associações de municípios”.
As centrais sindicais defendem a testagem em setores que são estratégicos, principalmente na área da saúde, e demais atividades consideradas essenciais. “Os grandes empresários do Estado deveriam patrocinar uma ampla campanha de testagem em seus estabelecimentos, para que possamos identificar e isolar o vírus, além de investir pesado para garantir o máximo de segurança com protocolos rígidos de contenção do contágio. Somente assim poderíamos pensar numa política mais equalizada de abertura da economia”, salientam.
Leia a íntegra da carta ao governador:
Porto Alegre, 22 de julho de 2020
Ao
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
Eduardo Leite
Excelentíssimo Senhor:
Durante a pandemia da Covid-19, as Centrais Sindicais do RS cerraram fileiras na defesa da vida. Nós sabemos o quanto a preservação dos empregos e o crescimento econômico são fundamentais para a sobrevivência dos trabalhadores e das trabalhadoras e o bem-estar da sociedade. Contudo, não podemos, em nenhuma hipótese, abdicar da tarefa que nos é mais sagrada, a defesa da vida.
Comparado com outras regiões do país e considerando o negacionismo e o completo descaso do governo federal, o RS enfrentou a pandemia com certa habilidade. No entanto, o contágio se espalha agressivamente, aumenta a procura por atendimento médico e hospitalar, já praticamente no seu limite, e o número de mortes não para de crescer.
Neste momento traumático em que mais precisamos de firmeza na condução do enfrentamento da pandemia, não podemos ceder aos apelos econômicos e jogar o peso desta hercúlea tarefa humanitária nos ombros dos prefeitos e associações de municípios, que em sua grande maioria enfrentam localmente todo tipo de pressão para flexibilizar as normas, além do calendário eleitoral que os expõem e os fragilizam mais ainda.
Nas horas em que os mais sagrados princípios são postos de lado é que o governante é convocado a assumir a sua missão de optar pela vida, pelo cuidado e por uma sociedade humanizada.
As Centrais Sindicais do RS defendem que se agilize a testagem em setores que são estratégicos, notadamente na área da saúde e demais atividades consideradas essenciais.
Os grandes empresários do Estado deveriam patrocinar uma ampla campanha de testagem em seus estabelecimentos, para que possamos identificar e isolar o vírus, além de investir pesado para garantir o máximo de segurança com protocolos rígidos de contenção do contágio. Somente assim poderíamos pensar numa política mais equalizada de abertura da economia.
As Centrais Sindicais do RS sempre estão dispostas a contribuir no exercício pleno do seu papel social e na defesa do emprego e da renda para todas as trabalhadoras e os trabalhadores. Todavia, não conte com a nossa complacência neste caminho sem volta que estamos prestes a trilhar, mas que ainda pode ser contornado, desde que Vossa Excelência mantenha o comando e demonstre para o país que aqui no RS não compactuamos com a política do descaso com a vida.
Atenciosamente
CUT – Central Única dos Trabalhadores
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
UGT – União Geral dos Trabalhadores
CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores
Força Sindical
Pública – Central do Servidor
CSP-Conlutas
Intersindical - Central da Classe Trabalhadora
Intersindical – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora
Fórum pelos Direitos e Liberdades Democráticas
* Com informações da CUT-RS
Edição: Marcelo Ferreira